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ARQEVO
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A investigação da origem e destino da linhagem neandertal é uma das questões-chave da Paleoantropologia e da Arqueologia paleolítica. O projecto visa contribuir para o avanço dos conhecimentos neste domínio.
Dando continuidade ao trabalho anterior, o projecto tem os seguintes objectivos:
(a) em laboratório, concluir o estudo e publicação dos contextos paleolíticos (indústria lítica, restos de fauna, restos humanos, restos macrobotânicos, etc.) já escavados nas diferentes jazidas do sistema do Almonda e na Figueira Brava e seu enquadramento paleoambiental;
(b) no campo, realizar sondagens dirigidas à caracterização de jazidas do sistema do Almonda já identificadas mas ainda não exploradas e que se estima terem potencial para preencher os espaços vazios da sequência local (os intervalos 250.000‐ 100.000 e 40.000‐25.000 anos), bem como levar a cabo intervenções pontuais de escavação em sítios nos quais está já documentada a presença de contextos relevantes para o esclarecimento de dois dos importantes problemas científicos sobre os quais o projecto pretende arrojar luz — a exploração neandertal dos recursos marinhos (Gruta da Figueira Brava), e a natureza e cronologia da transição do Paleolítico Médio ao Superior, nomeadamente no que respeita à persistência tardia dos Neandertais em Portugal e sul de Espanha (Gruta do Caldeirão).
Dando continuidade ao trabalho anterior, o projecto tem os seguintes objectivos:
(a) em laboratório, concluir o estudo e publicação dos contextos paleolíticos (indústria lítica, restos de fauna, restos humanos, restos macrobotânicos, etc.) já escavados nas diferentes jazidas do sistema do Almonda e na Figueira Brava e seu enquadramento paleoambiental;
(b) no campo, realizar sondagens dirigidas à caracterização de jazidas do sistema do Almonda já identificadas mas ainda não exploradas e que se estima terem potencial para preencher os espaços vazios da sequência local (os intervalos 250.000‐ 100.000 e 40.000‐25.000 anos), bem como levar a cabo intervenções pontuais de escavação em sítios nos quais está já documentada a presença de contextos relevantes para o esclarecimento de dois dos importantes problemas científicos sobre os quais o projecto pretende arrojar luz — a exploração neandertal dos recursos marinhos (Gruta da Figueira Brava), e a natureza e cronologia da transição do Paleolítico Médio ao Superior, nomeadamente no que respeita à persistência tardia dos Neandertais em Portugal e sul de Espanha (Gruta do Caldeirão).
1. Sistema Cársico associado à nascente do Rio Almonda
Sítios do sistema cársico do Almonda
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A nascente do rio Almonda é uma das principais surgências cársicas do rebordo sul do Maciço Calcário Estremenho. Em diferentes patamares altimétricos, ao longo de uma escarpa de falha com cerca de 70m de altura (localmente conhecida como “Arrife do Almonda”), existe uma rede labiríntica com diferentes passagens que dão acesso a antigas entradas colapsadas, que contêm preenchimentos pleistocénicos. Entre estas, existem três que foram desobstruídas e escavadas com método arqueológico: na face norte do sinclinal do Vale da Serra, situa-se a Gruta do Pinheiro /Galerias da Fauna, onde a escavação efectuada até à rocha de base revelou uma acumulação de vestígios com origem na actividade das hienas que utilizaram o local como toca; no topo do “Arrife” localiza-se a Gruta da Aroeira/ Brecha das Lascas, com ocupação enquadrada no tecno-complexo acheulense, escavada em 1997-2002 e 2013-2016; a meio da escarpa, situa-se a Gruta da Oliveira, escavada em 1989-2012, com ocupações atribuíveis ao Paleolítico Médio, abrangendo o intervalo de tempo 37 000-107 000 anos e contendo vestígios neandertais. Mais abaixo, localizam-se duas outras entradas que já estavam abertas e, por isso, não foram desobstruídas – Galeria da Cisterna (escavada em 1987-1988) e Lapa dos Coelhos (escavada em 1997-2010) – com ocupações enquadráveis no Paleolítico Superior e Pré-História recente.
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2. Figueira Brava (FiBra)
A Gruta da Figueira Brava (Arrábida), escavada em 2010-2013 pela equipa do projecto, demonstra que, a na fachada atlântica da Península Ibérica, os neandertais do último interglaciar exploravam os recursos marinhos numa escala apenas comparável à documentada nos concheiros mesolíticos do Tejo e Sado. Tal demonstra que, ao contrário do que tem sido avançado a partir do registo arqueológico da Middle Stone Age da África do Sul, as economias de amplo espectro e o consumo habitual de peixe não são exclusivos do homem anatomicamente moderno, nem podem explicar a sua origem e expansão.
A Gruta da Figueira Brava e as suas entradas em fotografia a partir do oceano
3. Gruta do Caldeirão
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Esta gruta foi escavada por João Zilhão entre 1979 e 1988. Nela, é possível observar uma sequência estratigráfica com cerca de 6m de potência, verificando-se, nos níveis de base (níveis L-N), uma ocupação moustierense. Pretende-se, no âmbito deste projecto, escavar em extensão o nível L, uma vez que os dados obtidos indicam tratar-se de um registo dos últimos neandertais na região. Os trabalhos desenvolvidos recentemente sobre a indústria lítica recolhida nas intervenções anteriores, designadamente a observação do produto das crivagens a água, demonstraram que há indústria lamelar típica do Aurignacense na interface entre as camadas L e K. As datações de radiocarbono somadas à análise tecnológica e à revisão da posição estratigráfica dos elementos diagnosticantes corroboram que a camada K se enquadra numa etapa inicial do Paleolítico Superior, e não num Moustierense tardio, como originalmente se pensou e publicou. A Gruta do Caldeirão é, assim, o único sítio em Portugal com uma sequência estratigráfica que abrange ambos os lados da transição Paleolítico Médio/ Superior.
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Caldeirão: The P11-10 cross-section
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Escarpa do Almonda
Sondagem na Gruta da Aroeira
Vestígios neandertais da Gruta da Oliveira
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Investigador Responsável
João Zilhão (UNIARQ, ICREA, Universidade de Barcelona) Co-investigador Responsável Thierry Aubry (UNIARQ, Fundação Côa Parque) Investigadores Alexandre Varanda (UNIARQ) Alistair Pike (Universidade de Southampton) Cristina Gameiro (UNIARQ) Dan Cabanes (Universidade de Rutgers) Diego Angelucci (Universidade de Trento) Dirk Ludwig Hoffmann (Max Planck) Erik Trinkaus (Universidade de Saint Louis) Ernestina Badal (Universidade de Valência) Filipa Rodrigues (UNIARQ) Henrique Matias (UNIARQ) Jean-Philip Brugal (CNRS) Joan Daura Lujan (UNIARQ, Universidade de Barcelona) João Luís Cardoso (UNIARQ, Universidade Aberta, ICArEHB) Josefina Zapata (Universidade de Murcia) Juan Luís Arsuaga (Universidade Complutense de Madrid) Juan Manuel López-García (UNIARQ) Juan Luís Arsuaga (Universidade Complutense de Madrid) Lee Arnold (Universidade de Adelaide) Luis Gomes (UNIARQ) Mariana Nabais (UNIARQ, UCL) Marianne Deschamps (UNIARQ) Marina de Araújo Igreja (LARC, UNIARQ) Martina Demuro (Universidade de Adelaide) Montserrat Sanz (UNIARQ, Universidade Complutense de Madrid) Natalia Egüez (Universidade de Kiel) Rolf Quam (Universidade de Binghamton) Sónia Gabriel (CIBIO, UNIARQ) |
ARQEVO no Researchgate: https://www.researchgate.net/project/ARQEVO-Archeology-and-Evolution-of-Early-Humans-in-the-Western-Facade-of-Iberia
Instituições relacionadas / Parceiros
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Bibliografia
ZILHÃO, J.; ANGELUCCI, D. E.; IGREJA, M. A.; ARNOLD, L. J.; BADAL, E.; CALLAPEZ, P.; CARDOSO, J. L.; d'ERRICO, F.; DAURA, J.; DEMURO, M.; DESCHAMPS, M.; DUPONT, C.; GABRIEL, S.; HOFFMANN, D. L.; LEGOINHA, P.; MATIAS, H.; SOARES, A. M.; NABAIS, M.; PORTELA, P.; QUEFFELEC., A.; RODRIGUES, F.; SOUTO, P. (2020) — Last Interglacial Iberian Neandertals as fisher-hunter-gatherers. «Science», 367(6485), eaaz7943. doi: 10.1126/science.aaz7943. http://hdl.handle.net/10451/42633
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