IberAmber é um Projeto de Investigação de Caráter Exploratório financiado pela FCT na convocatória 2022, sendo dirigido por Carlos P. Odriozola (UNIARQ-Universidade de Sevilha) e José Madeira (Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa).
Equipa:
Carlos P. Odriozola (Universidade de Sevilha/UNIARQ)
José Madeira (Instituto Dom Luís, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa)
Ana Catarina Sousa (UNIARQ)
João Duarte (Instituto Dom Luís, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa)
José María Martínez Blanes (CSIC-Universidade de Sevilha)
José Ángel Garrido Cordero (UNIARQ)
Daniel Sánchez Gómez (UNIARQ)
Galo Romero García (Universidade de Sevilha)
Victor S. Gonçalves (UNIARQ)
Daniel Van Calker (UNIARQ)
Cátia Delicado (UNIARQ)
André Texugo (UNIARQ)
Carlos P. Odriozola (Universidade de Sevilha/UNIARQ)
José Madeira (Instituto Dom Luís, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa)
Ana Catarina Sousa (UNIARQ)
João Duarte (Instituto Dom Luís, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa)
José María Martínez Blanes (CSIC-Universidade de Sevilha)
José Ángel Garrido Cordero (UNIARQ)
Daniel Sánchez Gómez (UNIARQ)
Galo Romero García (Universidade de Sevilha)
Victor S. Gonçalves (UNIARQ)
Daniel Van Calker (UNIARQ)
Cátia Delicado (UNIARQ)
André Texugo (UNIARQ)
O âmbar é uma resina fóssil que desde o Paleolítico Superior tem um valor social que deriva das suas características naturais únicas. Estas tornaram profusamente utilizada e valorizada socialmente em toda a Pré-História, especialmente, como elemento de adorno, bem como um elemento simbólico.
As principais fontes naturais de âmbar exploradas na Pré-História estão localizadas na costa do Mar Báltico e na Sicília. Desde o início da investigação moderna, a presença do âmbar fora destas regiões foi considerada como um indicador da existência de redes de intercâmbio de longa distância e, consequentemente, um bem exótico e de prestígio (De Navarro, 1925). Nesta base, foi construída uma sólida tradição de investigação para identificar a origem dos artefactos feitos em âmbar e que levaram à identificação dos padrões espaço-temporais do seu uso. Dada a bem fundamentada tradição de estudos sobre esta matéria-prima de elevado valor simbólico, a caracterização de ornamentos pré-históricos de âmbar tem sido amplamente tratada nos últimos anos (Murillo-Barroso et al., 2018; Odriozola et al., 2019).
As análises FTIR confirmaram as trocas de longa distância como a principal forma de acesso ao ámbar (Beck e Hartnett, 1963; Beck et al., 1965), e permitiram a identificação de duas tendências de grande escala no fluxo de trocas, que começaram a chegar da Sicília durante o 4º e 3º milénio a.C. e a oscilar para o Báltico a partir do 2º milénio a.C. (Odriozola et al., 2019).
Apesar desta tendência exógena, nas últimas décadas o foco tem sido também colocado nos depósitos geológicos de âmbar ibérico, documentando várias fontes locais de âmbar na costa cantábrica (Álvarez Fernández et al., 2005). Por outro lado, continuam por caracterizar numerosos afloramentos de âmbar local, tais como os situados entre a foz do Tejo e do Mondego, em Portugal (Peñalver et al., 2018): Sangalhos, Cabo Mondego, Figueira da Foz, Valverde, praia de Santa Cruz, Catefica, zona de Algueirão, praia de Magoito, zona do Estoril-Cascais, Cabo Espichel e Sesimbra.
Apesar do reconhecido intercâmbio de longa distância entre o Báltico e o âmbar siciliano, e da falta de um registo abrangente dos espectros FTIR e GC-MS do âmbar português, os investigadores têm sido confrontados recentemente com as características espectrais similares entre o ámbar siciliano e o âmbar português, comprometendo assim a identificação da sua origem. Assim, o consumo de âmbar local em vez de âmbar exógeno alteraria totalmente o quadro de uma Europa interligada.
O principal objectivo desta proposta é localizar e caracterizar, através do FTIR e GC-MS, os depósitos de âmbar português susceptíveis de terem sido explorados na Pré-história, para criar uma biblioteca de espectros de referência estandardizados para cada um dos depósitos. Os espectros de referência padronizados dos depósitos de âmbar serão então utilizados como impressão digital dos depósitos portugueses. Estes, por sua vez, serão posteriormente comparados com espectros de artefactos arqueológicos para determinar a sua origem. Todos os dados registados, quer em bruto quer processados, serão tornados acessíveis ao público seguindo a política europeia FAIR através de uma Infraestrutura de Dados Espaciais e de uma Base de Dados online, já disponível numa primeira versão para consulta pública (https://iberamber.letras.ulisboa.pt/), onde também é possível consultar informações e notícias relacionadas com o projeto, a equipa e a investigação resultante.
Este objectivo principal é articulado em 10 objectivos específicos:
1. Localização de depósitos de âmbar através de pesquisa exaustiva de literatura científica, monitorização de actividades de colectores e amadores na internet, e levantamento intensivo.
2. Registo de informação SIG, com localização precisa das amostras recolhidas e identificadas, em base de dados PostGis.
3. Caracterização dos depósitos de âmbar pelo FTIR para obter as impressões digitais espectrais dos depósitos.
4. Caracterização do depósito de âmbar por GC-MS para obter informações mais detalhadas sobre a composição química e os processos de envelhecimento dos depósitos. Juntamente com as assinaturas espectrais de FTIR, os espectros de GC-MS permitirão uma caracterização mais precisa dos compostos de âmbar e, por consequente, dos processos de envelhecimento e origem botânica do âmbar.
5. Criação de uma biblioteca espectral portuguesa de referência do âmbar com todos os espectros FTIR e GC-MS estandardizados.
6. Análise FTIR de todos os artefactos arqueológicos de âmbar não analisados da Pré-história Recente portuguesa.
7. Análise estatística supervisionada do âmbar geológico para gerar uma ferramenta de classificação baseada num conjunto de treino composto pela biblioteca espectral (incluindo espectros para âmbar báltico, siciliano). Este servirá para afinar o modelo e obter as melhores pontuações de precisão, será utilizado um conjunto de dados de teste de amostras de âmbar com origens conhecidas.
8. Implantação de uma web-app que correrá o algoritmo para prever a origem dos artefactos arqueológicos de âmbar através da sua assinatura espectral FTIR.
9. Prever a origem dos artefactos arqueológicos de âmbar analisados.
10. Produção de cartografias temáticas e de um WMS e WFS interactivo.
As principais fontes naturais de âmbar exploradas na Pré-História estão localizadas na costa do Mar Báltico e na Sicília. Desde o início da investigação moderna, a presença do âmbar fora destas regiões foi considerada como um indicador da existência de redes de intercâmbio de longa distância e, consequentemente, um bem exótico e de prestígio (De Navarro, 1925). Nesta base, foi construída uma sólida tradição de investigação para identificar a origem dos artefactos feitos em âmbar e que levaram à identificação dos padrões espaço-temporais do seu uso. Dada a bem fundamentada tradição de estudos sobre esta matéria-prima de elevado valor simbólico, a caracterização de ornamentos pré-históricos de âmbar tem sido amplamente tratada nos últimos anos (Murillo-Barroso et al., 2018; Odriozola et al., 2019).
As análises FTIR confirmaram as trocas de longa distância como a principal forma de acesso ao ámbar (Beck e Hartnett, 1963; Beck et al., 1965), e permitiram a identificação de duas tendências de grande escala no fluxo de trocas, que começaram a chegar da Sicília durante o 4º e 3º milénio a.C. e a oscilar para o Báltico a partir do 2º milénio a.C. (Odriozola et al., 2019).
Apesar desta tendência exógena, nas últimas décadas o foco tem sido também colocado nos depósitos geológicos de âmbar ibérico, documentando várias fontes locais de âmbar na costa cantábrica (Álvarez Fernández et al., 2005). Por outro lado, continuam por caracterizar numerosos afloramentos de âmbar local, tais como os situados entre a foz do Tejo e do Mondego, em Portugal (Peñalver et al., 2018): Sangalhos, Cabo Mondego, Figueira da Foz, Valverde, praia de Santa Cruz, Catefica, zona de Algueirão, praia de Magoito, zona do Estoril-Cascais, Cabo Espichel e Sesimbra.
Apesar do reconhecido intercâmbio de longa distância entre o Báltico e o âmbar siciliano, e da falta de um registo abrangente dos espectros FTIR e GC-MS do âmbar português, os investigadores têm sido confrontados recentemente com as características espectrais similares entre o ámbar siciliano e o âmbar português, comprometendo assim a identificação da sua origem. Assim, o consumo de âmbar local em vez de âmbar exógeno alteraria totalmente o quadro de uma Europa interligada.
O principal objectivo desta proposta é localizar e caracterizar, através do FTIR e GC-MS, os depósitos de âmbar português susceptíveis de terem sido explorados na Pré-história, para criar uma biblioteca de espectros de referência estandardizados para cada um dos depósitos. Os espectros de referência padronizados dos depósitos de âmbar serão então utilizados como impressão digital dos depósitos portugueses. Estes, por sua vez, serão posteriormente comparados com espectros de artefactos arqueológicos para determinar a sua origem. Todos os dados registados, quer em bruto quer processados, serão tornados acessíveis ao público seguindo a política europeia FAIR através de uma Infraestrutura de Dados Espaciais e de uma Base de Dados online, já disponível numa primeira versão para consulta pública (https://iberamber.letras.ulisboa.pt/), onde também é possível consultar informações e notícias relacionadas com o projeto, a equipa e a investigação resultante.
Este objectivo principal é articulado em 10 objectivos específicos:
1. Localização de depósitos de âmbar através de pesquisa exaustiva de literatura científica, monitorização de actividades de colectores e amadores na internet, e levantamento intensivo.
2. Registo de informação SIG, com localização precisa das amostras recolhidas e identificadas, em base de dados PostGis.
3. Caracterização dos depósitos de âmbar pelo FTIR para obter as impressões digitais espectrais dos depósitos.
4. Caracterização do depósito de âmbar por GC-MS para obter informações mais detalhadas sobre a composição química e os processos de envelhecimento dos depósitos. Juntamente com as assinaturas espectrais de FTIR, os espectros de GC-MS permitirão uma caracterização mais precisa dos compostos de âmbar e, por consequente, dos processos de envelhecimento e origem botânica do âmbar.
5. Criação de uma biblioteca espectral portuguesa de referência do âmbar com todos os espectros FTIR e GC-MS estandardizados.
6. Análise FTIR de todos os artefactos arqueológicos de âmbar não analisados da Pré-história Recente portuguesa.
7. Análise estatística supervisionada do âmbar geológico para gerar uma ferramenta de classificação baseada num conjunto de treino composto pela biblioteca espectral (incluindo espectros para âmbar báltico, siciliano). Este servirá para afinar o modelo e obter as melhores pontuações de precisão, será utilizado um conjunto de dados de teste de amostras de âmbar com origens conhecidas.
8. Implantação de uma web-app que correrá o algoritmo para prever a origem dos artefactos arqueológicos de âmbar através da sua assinatura espectral FTIR.
9. Prever a origem dos artefactos arqueológicos de âmbar analisados.
10. Produção de cartografias temáticas e de um WMS e WFS interactivo.
Referéncias:
Álvarez Fernández, E.; Peñalver Mollá, E. and Delclòs Martínez, X. (2005) “La presencia de ámbar en los yacimientos prehistóricos (del Paleolítico Superior a la Edad del Bronce) de la Cornisa Cantábrica y sus fuentes de aprovisionamiento”, Zephyrus 58: 159-182.
Beck, C. W. and Hartnett, H. E. (1993) Sicilian amber. In: Beck CW, Bouzek J (eds) Proc. 2nd Int. Conf. Amber in Archaeology. (Liblice, 1990). Czech Academy of Sciences, Prague: 36–47.
Beck, C. W.; Wilbur, E.; Meret, S.; Kossove, D. y Kermani, K. (1965) “The infrared spectra of amber and the identification of Baltic amber”, Archaeometry 8: 96-109.
Murillo Barroso, M.; Peñalver, E.; Bueno Ramírez, P.; Barroso, R.; de Balbín Behrman, R. and Martinón-Torres, M. (2018) “Amber in Prehistoric Iberia: new data and a review”, PLoS ONE 13 (8): e0202235. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0202235
Navarro, J. M. de (1925) “Prehistoric routes between Northern Europe and Italy defined by the amber trade”, The Geographical Journal 66 (6): 481-503.
Odriozola Lloret, C. P.; Sousa, A. C.; Mataloto, R.; Boaventura, R.; Andrade, M. A.; Villalobos García, R.; Garrido-Cordero, J. A.; Rodríguez, E.; Martínez-Blanes, J. M.; Avilés, J. A.; Daura, J.; Sanz Borrás, M. and Riquelme, J. A. (2019) “Amber, beads and social interaction in the Late Prehistory of the Iberian Peninsula: an update”, Archaeological and Anthropological Sciences 11 (2): 567-595. https://doi.org/10.1007/s12520-017-0549-7.
Peñalver, E.; Barrón, E.; Delclòs, X.; Álvarez-Fernández, E.; Arillo, A.; López del Valle, R.; Lozano, R. P.; Murillo-Barroso, M.; Pérez-de la Fuente, R.; Peris, D.; Rodrigo, A.; Sánchez-García, A.; Sarto i Monteys, V.; Viejo, J. L. and Vilaça, R. (2018) “Amber in Portugal: state of the art”, en Vaz, N. and Sá, A. A. (eds.) Yacimientos paleontológicos excepcionales en la península Ibérica / XXXIV Jornadas de Paleontología-IV Congreso Ibérico de Paleontología: 279-287. Cuadernos del Museo Geominero 27, Madrid.
Álvarez Fernández, E.; Peñalver Mollá, E. and Delclòs Martínez, X. (2005) “La presencia de ámbar en los yacimientos prehistóricos (del Paleolítico Superior a la Edad del Bronce) de la Cornisa Cantábrica y sus fuentes de aprovisionamiento”, Zephyrus 58: 159-182.
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Murillo Barroso, M.; Peñalver, E.; Bueno Ramírez, P.; Barroso, R.; de Balbín Behrman, R. and Martinón-Torres, M. (2018) “Amber in Prehistoric Iberia: new data and a review”, PLoS ONE 13 (8): e0202235. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0202235
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Peñalver, E.; Barrón, E.; Delclòs, X.; Álvarez-Fernández, E.; Arillo, A.; López del Valle, R.; Lozano, R. P.; Murillo-Barroso, M.; Pérez-de la Fuente, R.; Peris, D.; Rodrigo, A.; Sánchez-García, A.; Sarto i Monteys, V.; Viejo, J. L. and Vilaça, R. (2018) “Amber in Portugal: state of the art”, en Vaz, N. and Sá, A. A. (eds.) Yacimientos paleontológicos excepcionales en la península Ibérica / XXXIV Jornadas de Paleontología-IV Congreso Ibérico de Paleontología: 279-287. Cuadernos del Museo Geominero 27, Madrid.
última actualização Outubro 2023