Editorial
Carlos Fabião, Director da UNIARQ
Este é o último Editorial que escrevo na condição de Director do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ), pois termino agora o meu segundo mandato. De 2019 a 2023, exerci o cargo para o qual fui eleito pelos meus pares, os investigadores do Centro. Não creio que interesse realizar exposição exaustiva sobre o que foi esse período, contudo, gostava de apresentar alguns tópicos, em jeito de inventário e reconhecimento.
Assumi esta função sem qualquer intenção disruptiva. Nunca apreciei quem se compraz na contabilidade do antes e depois de mim. Tive o privilégio de assumir a Direcção de um Centro dinâmico, plural, estruturado, consolidado e com avaliação externa de Muito Bom (FCT). Como é importante manter a perspectiva histórica, lembraria que a UNIARQ foi primeiramente avaliada pela FCT, como new unit, em 2002 e, apesar das palavras de simpatia recebidas, foi classificada com Bom, aquela que receberam a maioria dos Centros que se encontravam nessa estreante condição; foi decepcionante receber a mesma classificação no ciclo de avaliação seguinte, em 2007, tendo conseguido somente subi-la em 2013, mantendo-a em 2018. Ao longo dos últimos anos foi minha intenção manter os níveis de qualidade alcançados e, se possível, acrescentar. Nada dar por garantido e trabalhar com a mesma perseverança que colocámos nos anos em que nos consideravam somente bons. A nova avaliação, que deveria ter-se realizado este ano, foi adiada para 2024, ficando assim desfasada do fim do presente mandato. Naturalmente, estarei empenhado em ajudar a nova Direcção no processo de avaliação, que incidirá sobre o período em que fui Director da UNIARQ.
Ao longo destes anos, procurámos proporcionar o melhor apoio aos nossos investigadores, aos estudantes de Doutoramento que acolhemos e prestar a orientação possível aos estudantes de Mestrado e Licenciatura, contribuindo para que pudessem ter uma iniciação à investigação em Arqueologia, por imersão no ambiente próprio dessa investigação. Crescemos como Centro e somos hoje uma equipa de 28 investigadores integrados, 47 colaboradores Doutorados, 20 colaboradores não Doutorados, 27 Bolseiros de Doutoramento e mais 11 doutorandos sem bolsa – v: https://www.uniarq.net/investigadores.html. Crescemos e desejamos continuar a crescer, apesar dos fortes constrangimentos que decorrem da natureza e dimensão das instalações de que dispomos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A incapacidade de alterar esta situação, de há longa data considerada fortemente constrangedora, constitui o maior fracasso destes mandatos, apesar das palavras de simpatia e apoio das diferentes Direcções da FLUL (três ao longo destes anos) não lográmos aumentar nem qualificar os espaços que nos estão concedidos.
Houve também a intenção de alargar horizontes, quer nos âmbitos temáticos da investigação e formação, quer no corpo de investigadores integrados e colaboradores: ampliar e alargar foram duas palavras-chave destes mandatos. No que diz respeito às temáticas, definiram-se consensualmente duas áreas tidas por mais relevantes para o bom desenvolvimento do nosso Centro, quer como entidade promotora de investigação, quer como espaço de acolhimento / apoio à formação: respectivamente, a área das chamadas Arqueociências, fundamental, uma vez que a interdisciplinaridade é uma das “marcas de água” da Arqueologia, a nascente litoteca da Uniarq é um passo mais nessa direcção; e a de Arqueologia Medieval e Moderna, áreas de crescente relevância, à medida que igualmente cresce exponencialmente a Arqueologia nos actuais espaços urbanos.
Ao longo destes anos, a gestão do Centro de Investigação resultou de um profícuo e eficaz trabalho de equipa. Destaco a acção das duas sub-Directoras, Mariana Diniz e Catarina Viegas, investigadoras de áreas temáticas distintas, cuja presença representou a intenção de privilegiar a diversidade. Foram ambas elementos fundamentais para o que de melhor se fez no Centro. Catarina Viegas transitou da anterior Direcção, com toda a relevante experiência nas complexas tarefas de interagir com a principal Instituição que nos financia, a FCT. Destacaria também a eficiente e persistente acção do nosso Secretário, André Pereira, crucial interface do Centro com os investigadores, colaboradores e estudantes, sempre disponível, apesar das absorventes tarefas diárias que impõem os procedimentos administrativos. Na perspetiva de melhorar e qualificar a equipa, André Pereira pôde pós-graduar-se em Gestão e Comunicação de Ciência, na primeira formação superior do género que surgiu em Portugal, com o inestimável apoio da Direcção da Faculdade de Letras, que entendeu a evidente mais-valia nesta qualificação de um dos seus Técnicos Superiores: ganhou o Centro, ganhou também a Faculdade. Ganhou ainda o Centro uma importante linha de Comunicação e Divulgação, de que esta newsletter constitui um instrumento mais.
Identificamos um óbvio défice nos processos de Comunicação e Divulgação da actividade arqueológica, razão pela qual se apostou nessas áreas, tirando partido da formação e das competências de André Pereira, sempre disponível para as realizar, independentemente dos horários laborais. Produzimos e divulgamos material próprio, mas trabalhamos também na boa comunicação dos resultados das nossas investigações com maior impacte: nesse sentido, gerimos, na medida das possibilidades, o fluxo e qualidade da informação sobre o crânio de Aroeira, por exemplo, mas acompanhamos e celebrámos também o 25º Aniversário da descoberta e valorização da Arte Pré-histórica do Côa, com extenso dossier próprio, para citar apenas dois casos – um outro, poderá ser visto na presente newsletter, relacionado com o que se aprendeu sobre os usos do fogo pelos neanderthais.
Por fim (mas não no fim), destacaria a actividade de Ana Catarina Sousa e Elisa Sousa, as responsáveis pelo sector das publicações do Centro de Arqueologia. Ao longo destes anos criámos e consolidámos uma revista de publicação anual, Ophiussa, um velho desígnio, que pôde ser concretizado, estando no prelo o número 7, relativo ao ano de 2023. Publicaram-se também onze novos volumes da série de monografias Estudos e Memórias, estando em preparação outro. Não nos limitámos à iniciativa editorial própria, entrámos em projectos de publicação conjunta com outras instituições e, mesmo quando publicámos em nome próprio, procuramos sempre estabelecer as parcerias pertinentes, nomeadamente com Câmaras Municipais, uma vez que estamos largamente distribuídos no território nacional e aquilo que fazemos tem também manifesto interesse local / regional. Sem a entrega e competência de ambas “Sousas” tudo teria sido mais complicado. Conscientes de que somos uma Instituição Pública, com financiamentos públicos, desde sempre assumimos uma atitude e uma política de acesso aberto das publicações. De facto, a world wide web constitui uma das mais poderosas ferramentas de democratização do conhecimento e da informação. Com o acesso aberto, as nossas publicações estão acessíveis aos mais vastos e diversificados públicos, sem os velhos constrangimentos da maior ou menor capacidade aquisitiva ou de maior distância relativamente aos grandes centros dos interessados, seja um estudante de qualquer grau de Ensino ou o normal cidadão curioso das coisas do passado.
Ao longo deste período, abrimos novas vias de investigação e alargamos horizontes, do Japão ao Brasil, passando por África, em projectos de investigação e planos de Doutoramento, sem deixarmos de estar presentes na Península Ibérica e não somente no espaço hoje português. Esta abertura ao mundo passa também por múltiplas interacções, onde cabe o acolhimento da reunião anual dos Editores da revista Archaeological Dialogues ou a recepção e enquadramento por breves períodos de investigadores. Em território nacional, a nossa investigação estende-se, literalmente, do Minho ao Algarve, sem esquecer a parceria consolidada com o Museu Nacional de Arqueologia, onde contribuímos para o estudo e valorização dos seus acervos, como é o caso da investigação em curso sobre os trabalhos realizados nos concheiros do Sado. Como é óbvio, não se trata de realizações da Direcção do Centro, mas antes das competentes iniciativas dos investigadores. A nós coube somente a tarefa de apoiar e procurar garantir, na medida das possibilidades, o melhor ambiente e as melhores condições para o desenvolvimento destes projectos, concebendo sempre este Centro de Investigação como um colectivo dinâmico.
E porque a vida se faz de distintas etapas, esta newsletter apresenta em paralelo a última lição de Amílcar Guerra, Professor Catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa, que, jubilado da docência, continuará ligado à UNIARQ, agora com mais tempo para a investigação (veja-se a peça do mês aqui apresentada), a recepção de novos estudantes de Doutoramento, que iniciam os seus programas de investigação, ou as provas intermédias de qualificação dos trabalhos de Doutoramento dos nossos estudantes de Terceiro Ciclo. Uma clara demonstração do contínuo movimento de que se faz a vida, também a académica e a científica. Nada verdadeiramente termina, tudo é apenas um novo começo
Assumi esta função sem qualquer intenção disruptiva. Nunca apreciei quem se compraz na contabilidade do antes e depois de mim. Tive o privilégio de assumir a Direcção de um Centro dinâmico, plural, estruturado, consolidado e com avaliação externa de Muito Bom (FCT). Como é importante manter a perspectiva histórica, lembraria que a UNIARQ foi primeiramente avaliada pela FCT, como new unit, em 2002 e, apesar das palavras de simpatia recebidas, foi classificada com Bom, aquela que receberam a maioria dos Centros que se encontravam nessa estreante condição; foi decepcionante receber a mesma classificação no ciclo de avaliação seguinte, em 2007, tendo conseguido somente subi-la em 2013, mantendo-a em 2018. Ao longo dos últimos anos foi minha intenção manter os níveis de qualidade alcançados e, se possível, acrescentar. Nada dar por garantido e trabalhar com a mesma perseverança que colocámos nos anos em que nos consideravam somente bons. A nova avaliação, que deveria ter-se realizado este ano, foi adiada para 2024, ficando assim desfasada do fim do presente mandato. Naturalmente, estarei empenhado em ajudar a nova Direcção no processo de avaliação, que incidirá sobre o período em que fui Director da UNIARQ.
Ao longo destes anos, procurámos proporcionar o melhor apoio aos nossos investigadores, aos estudantes de Doutoramento que acolhemos e prestar a orientação possível aos estudantes de Mestrado e Licenciatura, contribuindo para que pudessem ter uma iniciação à investigação em Arqueologia, por imersão no ambiente próprio dessa investigação. Crescemos como Centro e somos hoje uma equipa de 28 investigadores integrados, 47 colaboradores Doutorados, 20 colaboradores não Doutorados, 27 Bolseiros de Doutoramento e mais 11 doutorandos sem bolsa – v: https://www.uniarq.net/investigadores.html. Crescemos e desejamos continuar a crescer, apesar dos fortes constrangimentos que decorrem da natureza e dimensão das instalações de que dispomos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A incapacidade de alterar esta situação, de há longa data considerada fortemente constrangedora, constitui o maior fracasso destes mandatos, apesar das palavras de simpatia e apoio das diferentes Direcções da FLUL (três ao longo destes anos) não lográmos aumentar nem qualificar os espaços que nos estão concedidos.
Houve também a intenção de alargar horizontes, quer nos âmbitos temáticos da investigação e formação, quer no corpo de investigadores integrados e colaboradores: ampliar e alargar foram duas palavras-chave destes mandatos. No que diz respeito às temáticas, definiram-se consensualmente duas áreas tidas por mais relevantes para o bom desenvolvimento do nosso Centro, quer como entidade promotora de investigação, quer como espaço de acolhimento / apoio à formação: respectivamente, a área das chamadas Arqueociências, fundamental, uma vez que a interdisciplinaridade é uma das “marcas de água” da Arqueologia, a nascente litoteca da Uniarq é um passo mais nessa direcção; e a de Arqueologia Medieval e Moderna, áreas de crescente relevância, à medida que igualmente cresce exponencialmente a Arqueologia nos actuais espaços urbanos.
Ao longo destes anos, a gestão do Centro de Investigação resultou de um profícuo e eficaz trabalho de equipa. Destaco a acção das duas sub-Directoras, Mariana Diniz e Catarina Viegas, investigadoras de áreas temáticas distintas, cuja presença representou a intenção de privilegiar a diversidade. Foram ambas elementos fundamentais para o que de melhor se fez no Centro. Catarina Viegas transitou da anterior Direcção, com toda a relevante experiência nas complexas tarefas de interagir com a principal Instituição que nos financia, a FCT. Destacaria também a eficiente e persistente acção do nosso Secretário, André Pereira, crucial interface do Centro com os investigadores, colaboradores e estudantes, sempre disponível, apesar das absorventes tarefas diárias que impõem os procedimentos administrativos. Na perspetiva de melhorar e qualificar a equipa, André Pereira pôde pós-graduar-se em Gestão e Comunicação de Ciência, na primeira formação superior do género que surgiu em Portugal, com o inestimável apoio da Direcção da Faculdade de Letras, que entendeu a evidente mais-valia nesta qualificação de um dos seus Técnicos Superiores: ganhou o Centro, ganhou também a Faculdade. Ganhou ainda o Centro uma importante linha de Comunicação e Divulgação, de que esta newsletter constitui um instrumento mais.
Identificamos um óbvio défice nos processos de Comunicação e Divulgação da actividade arqueológica, razão pela qual se apostou nessas áreas, tirando partido da formação e das competências de André Pereira, sempre disponível para as realizar, independentemente dos horários laborais. Produzimos e divulgamos material próprio, mas trabalhamos também na boa comunicação dos resultados das nossas investigações com maior impacte: nesse sentido, gerimos, na medida das possibilidades, o fluxo e qualidade da informação sobre o crânio de Aroeira, por exemplo, mas acompanhamos e celebrámos também o 25º Aniversário da descoberta e valorização da Arte Pré-histórica do Côa, com extenso dossier próprio, para citar apenas dois casos – um outro, poderá ser visto na presente newsletter, relacionado com o que se aprendeu sobre os usos do fogo pelos neanderthais.
Por fim (mas não no fim), destacaria a actividade de Ana Catarina Sousa e Elisa Sousa, as responsáveis pelo sector das publicações do Centro de Arqueologia. Ao longo destes anos criámos e consolidámos uma revista de publicação anual, Ophiussa, um velho desígnio, que pôde ser concretizado, estando no prelo o número 7, relativo ao ano de 2023. Publicaram-se também onze novos volumes da série de monografias Estudos e Memórias, estando em preparação outro. Não nos limitámos à iniciativa editorial própria, entrámos em projectos de publicação conjunta com outras instituições e, mesmo quando publicámos em nome próprio, procuramos sempre estabelecer as parcerias pertinentes, nomeadamente com Câmaras Municipais, uma vez que estamos largamente distribuídos no território nacional e aquilo que fazemos tem também manifesto interesse local / regional. Sem a entrega e competência de ambas “Sousas” tudo teria sido mais complicado. Conscientes de que somos uma Instituição Pública, com financiamentos públicos, desde sempre assumimos uma atitude e uma política de acesso aberto das publicações. De facto, a world wide web constitui uma das mais poderosas ferramentas de democratização do conhecimento e da informação. Com o acesso aberto, as nossas publicações estão acessíveis aos mais vastos e diversificados públicos, sem os velhos constrangimentos da maior ou menor capacidade aquisitiva ou de maior distância relativamente aos grandes centros dos interessados, seja um estudante de qualquer grau de Ensino ou o normal cidadão curioso das coisas do passado.
Ao longo deste período, abrimos novas vias de investigação e alargamos horizontes, do Japão ao Brasil, passando por África, em projectos de investigação e planos de Doutoramento, sem deixarmos de estar presentes na Península Ibérica e não somente no espaço hoje português. Esta abertura ao mundo passa também por múltiplas interacções, onde cabe o acolhimento da reunião anual dos Editores da revista Archaeological Dialogues ou a recepção e enquadramento por breves períodos de investigadores. Em território nacional, a nossa investigação estende-se, literalmente, do Minho ao Algarve, sem esquecer a parceria consolidada com o Museu Nacional de Arqueologia, onde contribuímos para o estudo e valorização dos seus acervos, como é o caso da investigação em curso sobre os trabalhos realizados nos concheiros do Sado. Como é óbvio, não se trata de realizações da Direcção do Centro, mas antes das competentes iniciativas dos investigadores. A nós coube somente a tarefa de apoiar e procurar garantir, na medida das possibilidades, o melhor ambiente e as melhores condições para o desenvolvimento destes projectos, concebendo sempre este Centro de Investigação como um colectivo dinâmico.
E porque a vida se faz de distintas etapas, esta newsletter apresenta em paralelo a última lição de Amílcar Guerra, Professor Catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa, que, jubilado da docência, continuará ligado à UNIARQ, agora com mais tempo para a investigação (veja-se a peça do mês aqui apresentada), a recepção de novos estudantes de Doutoramento, que iniciam os seus programas de investigação, ou as provas intermédias de qualificação dos trabalhos de Doutoramento dos nossos estudantes de Terceiro Ciclo. Uma clara demonstração do contínuo movimento de que se faz a vida, também a académica e a científica. Nada verdadeiramente termina, tudo é apenas um novo começo
NOTÍCIAS
Neandertais em Portugal: uso do fogo e vida quotidiana
Investigadores do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa demonstram que os padrões de uso do fogo e utilização do espaço residencial dos neandertais eram já, há 90 mil anos, idênticos aos dos povos de caçadores-recolectores documentados pela Etnografia. Os resultados deste estudo foram publicados em acesso aberto na prestigiada revista científica PLoS ONE.
As grutas, lapas e algares contam histórias antigas sobre a Geologia, a Biologia e a História do nosso território. O sistema cársico associado à nascente do Rio Almonda, no Maciço Calcário Estremenho, perto de Zibreira, concelho de Torres Novas, é um dos mais relevantes exemplos ibéricos. Na escarpa com cerca de 75 m que se desenvolve por cima da nascente há uma série de cavidades com ocupação humana confirmada desde há pelo menos 400 mil anos. A meio desta escarpa encontra-se a Gruta da Oliveira. Esta gruta foi ocupada pelos neandertais ao longo do intervalo de tempo entre há 70 000 e há 100 000 anos. Os trabalhos arqueológicos, que revelaram um depósito arqueológico com cerca de 6 m de espessura escavado ao longo de mais de duas décadas, entre 1989 e 2012, foram realizados por uma equipa liderada por João Zilhão, do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ). |

Um estudo agora publicado na revista científica de referência PLoS ONE — Formation processes, fire use, and patterns of human occupation across the Middle Palaeolithic (MIS 5a-5b) of Gruta da Oliveira (Almonda karst system, Torres Novas, Portugal) — da autoria de Diego Angelucci, Mariana Nabais e João Zilhão, descreve detalhadamente o enchimento sedimentar da jazida, explica o modo como se foi formando, e analisa a distribuição dos vestígios arqueológicos que ele contém —artefactos, restos de fauna, estruturas de combustão — para tirar ilações sobre a organização do espaço residencial e o uso do fogo. As lareiras bem conservadas e a presença ao longo de toda a sequência de restos de lenha (fragmentos de madeira carbonizada) e de ossos queimados mostram que os neandertais detinham pleno controle das técnicas de produção e uso do fogo, o qual utilizavam com regularidade na sua vida quotidiana. As lareiras eram o foco das actividades realizadas, como se demonstra pela distribuição em seu redor dos vestígios deixados pela fabricação de ferramentas e pelo processamento e consumo da carne dos animais caçados (cabras, veados, cavalos, auroques e rinocerontes).
Quando comparados com os dados fornecidos pela escavação de jazidas do Paleolítico Superior — como, por exemplo, a Gruta do Caldeirão, em Tomar — verifica-se que os padrões de uso do espaço e do fogo revelados pela Gruta da Oliveira deles em nada diferem. É, portanto, mais uma observação que se vem juntar às muitas outras — enterramento dos mortos, uso de objectos de adorno pessoal, pintura nas cavernas, persistência dos seus genes nas populações actuais — que ultimamente têm vindo a demonstrar que os neandertais, longe de pertencerem a uma espécie distinta, como durante muito tempo se argumentou, se contam afinal entre os nossos antepassados e não constituem senão uma variante regional, eurasiática, do Homo sapiens.
O artigo publicado encontra-se disponibilizado em https://doi.org/10.1371/journal.pone.0292075.
Quando comparados com os dados fornecidos pela escavação de jazidas do Paleolítico Superior — como, por exemplo, a Gruta do Caldeirão, em Tomar — verifica-se que os padrões de uso do espaço e do fogo revelados pela Gruta da Oliveira deles em nada diferem. É, portanto, mais uma observação que se vem juntar às muitas outras — enterramento dos mortos, uso de objectos de adorno pessoal, pintura nas cavernas, persistência dos seus genes nas populações actuais — que ultimamente têm vindo a demonstrar que os neandertais, longe de pertencerem a uma espécie distinta, como durante muito tempo se argumentou, se contam afinal entre os nossos antepassados e não constituem senão uma variante regional, eurasiática, do Homo sapiens.
O artigo publicado encontra-se disponibilizado em https://doi.org/10.1371/journal.pone.0292075.
João Zilhão
Última lição de Amílcar Guerra
Decorreu no passado dia 10 o acto simbólico da “última lição” de Amílcar Guerra, Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Com uma longa carreira de Ensino, desenvolvida em distintos contextos e instituições, Ensino Secundário, Leitorado de Português em Bolonha (Itália), Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e, finalmente, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a docência de Amílcar Guerra abrangeu, também, distintas áreas de especialidade: Ensino da História, Arqueologia, Línguas e Literaturas Clássicas (Latim), Epigrafia. A sua obra publicada reflecte justamente essa multiplicidade de interesses, estendendo-se pela edição das referências de Plínio-o-Velho à Lusitânia (tradução e notas), aos nomes antigos da Península Ibérica, conservados na literatura grega e latina e na epigrafia, a múltiplos aspectos da Arqueologia e da Epigrafia Latina e Paleohispânica do ocidente peninsular, destacando-se estas últimas áreas, por continuarem a docência iniciada na faculdade de Letras por Leite de Vasconcelos e continuada por prestigiadas figuras como Scarlat Lambrino. A sua investigação no Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ) pode de alguma maneira circunscrever-se à área de estudo da formação da Lusitânia como província romana. Foi justamente esse o tema que escolheu para esta espécie de corolário de carreira que é uma “última lição”: "Lusitânia, Lusitânias: cenários de um território em transformação", reflexão de síntese, cruzando a informação da literatura antiga, epigrafia e arqueologia, para abordar essas múltiplas Lusitânias, de configuração geográfica diversa, que se deduzem da criteriosa análise crítica da informação disponível. Uma vez mais, a sua abordagem delineou não somente um estado da questão, mas também alguns futuros desafios da investigação. Muitos colegas, de distintas instituições, antigos e actuais alunos quiseram usufruir, com proveito e gosto, de mais uma lição do Professor Amílcar Guerra. |
Carlos Fabião
Pedra sobre pedra: uma litoteca em construção na Uniarq
Entre os dias 20 e 21 de Outubro de 2023, a investigadora de pós-doutoramento da UNIARQ, Patrícia Jordão, fez uma visita técnica à rede de litotecas (PCR) de Auvergne-Rhône-Alpes, coordenada por Paul Fernandes (UMR 8068 TEMPS, PALEOTIME), em Villard-de-Lans, Vercors, França.
A colecção faz parte de uma rede de litotecas regionais (PCR’s) integradas e geridas por um grupo de investigação nacional dedicado à caracterização e proveniência de sílex (GDR), coordenado por Céline Bressy-Léandri (Ministère de la Culture, UMR TRACES). A construção de uma litoteca atravessa numerosas etapas, começando pela recolha, localização, cartografia, descrição petrográfica (macroscópica e microscópica) e físico-química das amostras de rocha da colecção. Sempre que possível deve amostrar-se o sílex nas suas diversas fases de evolução, desde a formação primária genética até às formações secundárias onde se depositou após erosão. Toda a informação coligida é normalizada através de uma ficha descritiva, compilada numa base de dados através de um software SIG. Finalmente, os dados são publicados on line, em conformidade com os princípios FAIR ([1]). Após a visita à litoteca e laboratório da Paleotime, houve ainda oportunidade de passar pelo Museu de Pré-história de Vercors, construído em torno de uma oficina neolítica de talhe de lâminas, exactamente sobre uma área-fonte de grandes nódulos de sílex. Aqui, os restos de talhe das actividades de debitagem experimental são guardados em caixas de rede para não contaminar o registo do sítio arqueológico! |
No final das visitas, o balanço foi muito positivo e para além da troca conhecimentos e métodos de trabalho, a observação de diferentes materiais e, acima de tudo o ambiente de partilha entre petroarqueólogos permite pensar em futuras redes e parcerias de investigação.
Na litoteca da Uniarq, as “primeiras pedras” da colecção são amostras recolhidas em formações litoestratigráficas da Bacia Lusitânica que documentam as fases evolutivas do sílex local em termos geológicos. No caso das amostras de sílex da região de Lisboa, são provenientes de afloramentos da Formação de Bica, mas também de formações detríticas com esse mesmo sílex já “envelhecido”.
Do decorrer deste trabalho serão, sempre que oportuno, dadas outras notícias!
([1]) Findable (localizáveis), Accessible (acessíveis), Interoperable (interoperáveis), Reusable (reutilizáveis).
Do decorrer deste trabalho serão, sempre que oportuno, dadas outras notícias!
([1]) Findable (localizáveis), Accessible (acessíveis), Interoperable (interoperáveis), Reusable (reutilizáveis).
Patrícia Jordão
Provas Intermédias e de Qualificação dos Trabalhos do Doutoramento em Arqueologia de Ana Beatriz Santos
No passado dia 17 de outubro realizou-se a prova intermédia de Ana Beatriz Santos tendo como arguentes a Professora Maria João Valente, professora na Universidade do Algarve e Zooarqueóloga e o Doutor Victor Filipe, da Câmara Municipal de Torres Novas, cuja investigação versa sobre o período Romano da Cidade de Lisboa. A tese é orientada pela Professora Catarina Viegas e co-orientada pela Professora Cleia Detry, ambas da FLUL.
A tema da tese de Ana Beatriz Santos versa sobre “O consumo e a gestão animal em Olisipo entre os séculos II a.C. e V d.C. “, tendo já concluído a fase de análise de faunas da cidade de Lisboa e estando neste momento a proceder às análises laboratoriais de isótopos de mobilidade e dieta e também de análise de proteínas (Zooms). As análises estão a ser feitas em colaboração com a CSIC e Universidade de Barcelona (isótopos de mobilidade), Universidade de Granada (Isótopos de dieta) e Universidade de Harvard (Zooms). A tese foi apresentada e discutida com os membros do júri que referiram o avanço dos trabalhos e a contribuição significativa que a tese poderá trazer para o conhecimento da dieta no período Romano em Lisboa. Tendo aprovado a prova intermédia por unanimidade com especiais felicitações do júri. |
Catarina Viegas e Cleia Detry
Provas Intermédias e de Qualificação dos Trabalhos do Doutoramento em Pré-história e Arqueologia de Cátia Delicado e Luis Rendeiro

No dia 20 de Outubro decorreram as Provas Intermédias e de Qualificação dos Trabalhos de Doutoramento em Pré-História e Arqueologia de Cátia Delicado Vagueiro e Luís Constantino Rendeiro. Ambos doutorandos investigam temáticas relacionadas com a Pré-história das Antigas Sociedades Camponesas numa perspectiva diacrónica e possuem bolsa de investigação atribuída pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Cátia Delicado Vagueiro desenvolve desde 2021 o projecto "O Calcário, o Rio e a Morte. A ocupação funerária do vale do Carvalhal de Aljubarrota (Carvalhal, Alcobaça) durante o 4º e o 3º milénio" (2020.05503.BD). Trata-se de um projecto interdisciplinar que decorre sob orientação de Ana Catarina Sousa (UNIARQ, FL-UL) e co-orientação de Ana Maria Silva (CIAS, Universidade de Coimbra) e Anna Watermann (Universidade de Mount Mercy, EUA). O objecto principal da tese centra-se nas investigações realizadas por Vieira Natividade em finais do século 19, encontrando-se actualmente o acervo em depósito no Mosteiro de Alcobaça. Em associação com o projecto doutoral decorre também um projecto de investigação plurianual de arqueologia com o desenvolvimento de aturado trabalho de campo, com o apoio do município de Alcobaça. O júri destas provas foi constituído por António Faustino Carvalho (Universidade do Algarve) e Rita Peyroteo Stjerna (Universidade de Uppsala), sendo presidido por Mariana Diniz e com a presença da orientadora. Os primeiros resultados do trabalho de campo e de gabinete desenvolvido por Cátia Delicado foram debatidos acesamente pelo painel que destacou a pertinência deste estudo interdisciplinar de um conjunto relevante, mas praticamente sem quaisquer investigações desde a publicação monográfica da obra de Vieira Natividade – As grutas d’Alcobaça (1903).
Cátia Delicado Vagueiro desenvolve desde 2021 o projecto "O Calcário, o Rio e a Morte. A ocupação funerária do vale do Carvalhal de Aljubarrota (Carvalhal, Alcobaça) durante o 4º e o 3º milénio" (2020.05503.BD). Trata-se de um projecto interdisciplinar que decorre sob orientação de Ana Catarina Sousa (UNIARQ, FL-UL) e co-orientação de Ana Maria Silva (CIAS, Universidade de Coimbra) e Anna Watermann (Universidade de Mount Mercy, EUA). O objecto principal da tese centra-se nas investigações realizadas por Vieira Natividade em finais do século 19, encontrando-se actualmente o acervo em depósito no Mosteiro de Alcobaça. Em associação com o projecto doutoral decorre também um projecto de investigação plurianual de arqueologia com o desenvolvimento de aturado trabalho de campo, com o apoio do município de Alcobaça. O júri destas provas foi constituído por António Faustino Carvalho (Universidade do Algarve) e Rita Peyroteo Stjerna (Universidade de Uppsala), sendo presidido por Mariana Diniz e com a presença da orientadora. Os primeiros resultados do trabalho de campo e de gabinete desenvolvido por Cátia Delicado foram debatidos acesamente pelo painel que destacou a pertinência deste estudo interdisciplinar de um conjunto relevante, mas praticamente sem quaisquer investigações desde a publicação monográfica da obra de Vieira Natividade – As grutas d’Alcobaça (1903).

Luís Constantino Rendeiro tem como tema doutoral "Espaço e Tempo. Paleoambiente e Povoamento do 6º ao 3º milénio a.n.e na região de Peniche" (2020.06242.BD), sendo igualmente um projecto interdisciplinar que tem como orientadora Ana Catarina Sousa (UNIARQ, FL-UL) e co-orientadora Ana Ramos Pereira (CEG, IGOT). O projecto de doutoramento está igualmente associado a um Projecto de Investigação Plurianual de Arqueologia que conta com o apoio dos municípios de Peniche e Lourinhã e de várias associações locais. O tema desta tese centra-se nas dinâmicas de povoamento entre o 6º e o 3º milénio a.n.e. numa região com intensa dinâmica costeira. Os dois casos de estudo correspondem a distintas cronologias e características paleoambientais: o concheiro do Fortim do Baleal (6º / 5º milénio) e o povoado muralhado do Paço (3º milénio). As provas tiveram como arguentes os Professores João Luís Cardoso (Universidade Aberta), João Pedro Cunha-Ribeiro (UNIARQ, FL-UL) e Ana Maria Costa (IDL, LARC-DGPC), contando ainda com a presença de Mariana Diniz e da orientadora. O painel analisou o primeiro balanço produzido pelo doutorando, sendo discutido os métodos e o âmbito do objecto de estudo e apresentadas relevantes contributos para a fase final deste projecto.
Ana Catarina Sousa
Reunião da Revista "Archaeological Dialogues" na Faculdade de Letras de Lisboa
Decorreu no dia 7 de Outubro na Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa a reunião anual dos editores da revista Archaeological Dialogues. A revista Archaeological Dialogues foi concebida nos anos 90 e desde então tem publicado vários artigos sobre temas relacionados com a prática e teoria da arqueologia no mundo. De momento, a revista conta com o contributo de seis editores, Joanna Brück, Audrey Horning, Eva Mol, Uzma Rizvi, Ömür Harmansah, e Artur Ribeiro. Por motivos práticos, os editores encontram-se uma vez por ano em pessoa para discutir assuntos relacionados com a revista, como a escolha de revisores e a promoção da revista. Como cabe a cada editor individual organizar as reuniões, estas geralmente decorrem em cidades onde os editores estão baseados ou em cidades onde os editores estudaram ou trabalharam no passado. Portanto, a Archaeological Dialogues já marcou presença em Amsterdão, Belfast, Chicago, Williamsburg, Londres, Kiel, Istambul, e pela segunda vez, em Lisboa. Os editores da Archaeological Dialogues agradecem imenso a hospitalidade e ajuda fornecida pela UNIARQ e a Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para o sucesso desta nossa última reunião.
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Artur Ribeiro
INVESTIGAÇÃO NA UNIARQ
Geo-arqueologia na UNIARQ

Enquanto arqueóloga, licenciada em História, Variante de Arqueologia, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1996), com pós-graduação em Pré-História e Arqueologia, pela mesma faculdade (1999). Ainda na licenciatura o contacto, promovido por Luís Raposo, com equipas multidisciplinares durante os trabalhos de campo nos sítios paleolíticos de La Micoque (J.-P. Rigaud, J. Texier), Tautavel e Lazaret (H. Lumley), levou-me a desenvolver o interesse pelas rochas, base “da indústria lítica” das comunidades pré-históricas, mas também pelas histórias geológicas que estas encerravam. No vale de la Vézère, comecei a ser também geóloga.
Em 2008 ingressei no mestrado em Geoarqueologia, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL). A passagem pela FCUL marcou o início da minha jornada “geoarqueológica”, em conjunto com os meus orientadores Mariana Diniz (FLUL) e Nuno Pimentel (FCUL), onde fui aluna de Thierry Aubry. Depois da conclusão da tese (2010), foquei-me na proveniência de matérias-primas líticas, aplicada à Pré-história recente. Desde 2012, ainda a trabalhar no Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas (Sintra), então dirigido por José Cardim Ribeiro, comecei a colaborar com Michael Kunst no estudo do Castro do Zambujal (Torres Vedras). O usufruto de uma bolsa de investigação atribuída pelo Instituto Arqueológico Alemão, em 2014, permitiu-me começar a desenvolver um protocolo petroarqueológico de classificação e análise de proveniência de materiais siliciosos, tendo como case study a área da bacia do rio Sizandro. Este projecto foi continuado de forma académica, com a atribuição da bolsa de doutoramento pela FCT (2017) em Geologia, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa/Instituto Dom Luiz, tendo como orientadores Nuno Pimentel (FCUL) e Michael Kunst (Goethe-Universität Frankfurt). Os objectivos gerais da tese intitulada “A proveniência de sílex e a mobilidade no Calcolítico da Estremadura: uma abordagem geológica e petroarqueológica” (https://repositorio.ul.pt/handle/10451/57794 ) visaram a concepção e implementação de um protocolo petroarqueológico de caracterização de matérias-primas líticas, em particular do sílex, como metodologia geoarqueológica adequada para responder a problemáticas arqueológicas relacionadas com a “economia” e mobilidade desta matéria-prima.
A partir de dados do Zambujal, Fórnea, São Mamede e das recentes escavações em Vila Nova de São Pedro (projecto VNSP-3000), foram definidos modelos de abastecimento em sílex destes povoados, os respectivos territórios de abastecimento directo, as vias e as modalidades de circulação (directa e indirecta) desta matéria-prima e a sua integração em redes de troca regionais e extra-regionais.
É agora com muito entusiasmo que volto a “casa” e que abraço este projecto de pós-doutoramento em Geoarqueologia, que vejo como disciplina estratégica da arqueologia, ao trazer novas questões, por exemplo, nas abordagens das economias de recursos líticos, na mobilidade humana, nas formas de diferenciação cultural e social. Uma das primeiras etapas de trabalho geoarqueológico na Uniarq será a construção de uma colecção de comparação de rochas e minerais disponíveis no Ocidente Peninsular, em amostra de mão e lâmina delgada, em particular aquelas reportadas em registo arqueológico - uma litoteca de referência, acessível a todos os estudantes e investigadores da UNIARQ.
Em 2008 ingressei no mestrado em Geoarqueologia, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL). A passagem pela FCUL marcou o início da minha jornada “geoarqueológica”, em conjunto com os meus orientadores Mariana Diniz (FLUL) e Nuno Pimentel (FCUL), onde fui aluna de Thierry Aubry. Depois da conclusão da tese (2010), foquei-me na proveniência de matérias-primas líticas, aplicada à Pré-história recente. Desde 2012, ainda a trabalhar no Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas (Sintra), então dirigido por José Cardim Ribeiro, comecei a colaborar com Michael Kunst no estudo do Castro do Zambujal (Torres Vedras). O usufruto de uma bolsa de investigação atribuída pelo Instituto Arqueológico Alemão, em 2014, permitiu-me começar a desenvolver um protocolo petroarqueológico de classificação e análise de proveniência de materiais siliciosos, tendo como case study a área da bacia do rio Sizandro. Este projecto foi continuado de forma académica, com a atribuição da bolsa de doutoramento pela FCT (2017) em Geologia, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa/Instituto Dom Luiz, tendo como orientadores Nuno Pimentel (FCUL) e Michael Kunst (Goethe-Universität Frankfurt). Os objectivos gerais da tese intitulada “A proveniência de sílex e a mobilidade no Calcolítico da Estremadura: uma abordagem geológica e petroarqueológica” (https://repositorio.ul.pt/handle/10451/57794 ) visaram a concepção e implementação de um protocolo petroarqueológico de caracterização de matérias-primas líticas, em particular do sílex, como metodologia geoarqueológica adequada para responder a problemáticas arqueológicas relacionadas com a “economia” e mobilidade desta matéria-prima.
A partir de dados do Zambujal, Fórnea, São Mamede e das recentes escavações em Vila Nova de São Pedro (projecto VNSP-3000), foram definidos modelos de abastecimento em sílex destes povoados, os respectivos territórios de abastecimento directo, as vias e as modalidades de circulação (directa e indirecta) desta matéria-prima e a sua integração em redes de troca regionais e extra-regionais.
É agora com muito entusiasmo que volto a “casa” e que abraço este projecto de pós-doutoramento em Geoarqueologia, que vejo como disciplina estratégica da arqueologia, ao trazer novas questões, por exemplo, nas abordagens das economias de recursos líticos, na mobilidade humana, nas formas de diferenciação cultural e social. Uma das primeiras etapas de trabalho geoarqueológico na Uniarq será a construção de uma colecção de comparação de rochas e minerais disponíveis no Ocidente Peninsular, em amostra de mão e lâmina delgada, em particular aquelas reportadas em registo arqueológico - uma litoteca de referência, acessível a todos os estudantes e investigadores da UNIARQ.
Patrícia Jordão
Rafael Lima - Bolseiro de Doutoramento FCT (PRT/BD/153603/2021)
Cultura material, práticas e gestos dos últimos caçadores-recolectores do vale do Sado
Os concheiros do vale do Sado constituem uma unidade orgânica do estudo do Mesolítico em Portugal. Estes têm sido intervencionados em momentos diferentes desde a sua descoberta, sendo primeiramente escavados por Manuel Heleno, então director do Museu Nacional de Arqueologia (MNA), na segunda metade do séc. XX. Alvos de debates, são um foco vital na compreensão das últimas comunidades de caçadores-recolectores, assim como dos processos de neolitização do actual território português face à identificação nestes concheiros de elementos do chamado “pacote neolítico”, dos quais se destaca a cerâmica.
Alvos de inúmeros estudos nas mais diversas áreas a partir da década de 1970 – espólio lítico, paleobotânica, cerâmica, paleodietas, processos tafonómicos e análises traceológicas; estes têm-se pautado pelo seu carácter parcelar, não tendo sido ainda realizada uma leitura global do seu espólio nem um estudo sistemático e completo do seu acervo. Contudo, é permitido apontar para uma diversidade de comportamentos, entre grupos vizinhos e contemporâneos, que importa explicar face aos modelos em debate. Assim sendo, o estudo dos acervos recolhidos por Manuel Heleno dos concheiros do vale do Sado, depositados no Museu Nacional de Arqueologia, que têm sido alvos de narrações fragmentadas, exigem uma sistematização dos conjuntos dos dados que pode esclarecer esta questão. O presente projecto pretende caracterizar com base na análise da cultura material as últimas comunidades de caçadores-recolectores do Ocidente peninsular a partir dos materiais provenientes das escavações dirigidas por Manuel Heleno nos concheiros mesolíticos do vale do Sado, ainda parcialmente inéditos. Pretende-se, para isso, inventariar, sistematizar e estudar os dados da cultura material depositados no MNA, assim como empregar novas técnicas de análise, tais como a Traceologia, de forma a trazer para primeiro plano os gestos, as acções e os modos de vida destas comunidades, só parcialmente conhecidas. Permitir-se-á, assim, conhecer e reconhecer o modo de vida destas populações, num cenário paleo-ambiental que está também em reconstrução. Durante o primeiro ano foi compilada e analisada toda a informação bibliográfica e epistolar disponível acerca dos sítios em estudo assim como de elementos que melhor permitam entender as intervenções aí realizadas por Manuel Heleno. Foi inventariado, sistematizado e organizado o espólio do concheiro de Cabeço das Amoreiras, estando a análise do conjunto faunístico desse sítio ainda em estudo. Iniciou-se também o mesmo processo para o concheiro de Cabeço do Pez, cuja componente artefactual lítica se encontra praticamente inédita. De forma preliminar, os resultados actuais parecem apontar para uma exploração da economia da pedra similar entre os concheiros a nível dos sistemas técnicos, para a produção de suportes regulares, que, neste último sítio, apresenta uma standardização assinalável dos micrólitos geométricos. No entanto, aparentam existir claras diferenças no tipo de matéria-prima recolhida e empregue, que importa explicar. Paralelamente, estas acções permitiram também já ao MNA avaliar o seu acervo, de forma preliminar, numa óptica de enriquecimento e melhoria do potencial expositivo e científico da sua colecção. |
Este projecto de investigação é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia sob a orientação de Mariana Diniz (UNIARQ/FLUL) e Ignacio Clemente Conte (IMF-CSIC).
INVESTIGADOR VISITANTE NA UNIARQ
Miguel Ángel Bel Martínez (Universidade de Valência)
Miguel Ángel Bel Martínez, doutor do Departament de Prehistòria, Arqueologia i Història Antiga da Universitat de València, realiza uma estadia de investigação na UNIARQ de setembro de 2023 até setembro de 2025, através de um contrato de pós-doutoramento da Generalitat Valenciana (GVA-CIAPOS2022). O investigador desenvolverá o projeto "El Magdaleniense de este a oeste: tafonomía lítica y evolución cultural en las fachadas mediterránea y atlántica de la Península Ibérica", com o objetivo de compreender melhor as distintas fases do período e aprofundar o conhecimento dos mecanismos de evolução cultural e do comportamento dos grupos do Magdalenense. Para tal, basear-se-á numa perspectiva tafonómica e na aplicação do estudo tecnológico e tipológico da indústria lítica, nas remontagens e na análise espacial. No projeto estudará as jazidas de Bairrada (Torres Novas), Abrigo da Senhora das Lapas (Tomar), La Boja e Finca Doña Martina (Mula, Murcia) em colaboração com João Zilhão e a sua equipa e, também, Cova de les Cendres (Teulada-Moraira, Alicante) em colaboração com Valentín Villaverde da Universitat de València.
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FINANCIAMENTO COMPETITIVO
FCT - Bolsas de Doutoramento 2023
PEÇA DO MÊS
Estela epigrafada com escrita do Sudoeste
Proveniência: Monte de Gonçalo Eanes, Almodôvar (Portugal)
Cronologia: Idade do Ferro (séc. VI-V a. C.)
Cronologia: Idade do Ferro (séc. VI-V a. C.)

Descrição: Trata-se de um fragmento de estela em xisto da região (altura - 67 cm; largura - 48 cm; espessura - 9 cm), muito alterada, em particular na superfície epigrafada, tendo-se perdido uma parte significativa do seu texto original. De qualquer modo, conservou-se uma pequena sequência, que deverá certamente corresponder ao final da inscrição. Sendo uma escrita orientada geralmente da direita para a esquerda, é provável que o texto começasse do lado direito da estela, e acompanhasse os limites do bloco de xisto, terminando com a sequência conservada.
Dois aspectos tornam este texto particularmente interessante: a ocorrência de um signo que só foi antes registado no signário de Espanca (um documento tomado como um exercício de escrita que contém duas linhas, cada uma delas com todos os signos do sistema de escrita, um signário), precisamente o primeiro totalmente conservado neste texto (uma espécie de D com uma série de linhas oblíquas); para além disso, o facto de este mesmo signo se repetir, por baixo, de forma mais ténue, dando mesmo a impressão que uma gravação experimental foi substituída por outra.
Dois aspectos tornam este texto particularmente interessante: a ocorrência de um signo que só foi antes registado no signário de Espanca (um documento tomado como um exercício de escrita que contém duas linhas, cada uma delas com todos os signos do sistema de escrita, um signário), precisamente o primeiro totalmente conservado neste texto (uma espécie de D com uma série de linhas oblíquas); para além disso, o facto de este mesmo signo se repetir, por baixo, de forma mais ténue, dando mesmo a impressão que uma gravação experimental foi substituída por outra.

Comentário: O património epigráfico pré-romano do Sudoeste da Península Ibérica ganhou já um lugar consolidado no domínio da investigação arqueológica e em alguns sectores do público mais informado. O facto de as inscrições, especialmente as gravadas em estelas, documentarem a mais antiga escrita paleo-hispânica, identificável e caracterizada, constitui só por isso um aspecto que lhe confere uma importância extraordinária.
O repositório deste tipo de vestígios é ainda bastante reduzido, não ultrapassando a centena, mesmo na contagem mais larga, razão pela qual os novos achados acabam por assumir uma considerável relevância. Em alguns casos, como acontece neste, aportam igualmente pequenas novidades, o que justifica a escolha deste monumento como “peça do mês”.
Esta estela foi encontrada junto ao monte de Gonçalo Eanes (ou Anes), junto à sede de concelho de Almodôvar. Este território tem sido especialmente destacado nas últimas décadas no que respeita a achados deste tipo, situando-se na sua área nuclear, que abarca ainda os concelhos de Ourique e Loulé e, em menor escala, Silves e Castro Verde. A sua descoberta não será certamente estranha à circunstância de há algum tempo se ter criado no município o Museu da Escrita do Sudoeste que deu a conhecer a um público amplo a natureza destes monumentos e a sua importância patrimonial.
Tratando-se de um sistema não estabilizado, é natural que sejam bastante frequentes signos com ocorrências muito raras ou únicas, grafados de diferentes modos de acordo com o lapicida. Como acontece com uma parte destes caracteres, não parece possível estabelecer o seu valor fonético, sendo esta uma das principais limitações da escrita do Sudoeste, onde uma parte considerável dos signos não tem uma equivalência fonética seguramente estabelecida. Nem é possível, naturalmente, definir a língua transcrita nestas epígrafes, muito menos o significado preciso dos textos.
Local de depósito: Museu da Escrita do Sudoeste, Almodôvar (actualmente em remodelação)
O repositório deste tipo de vestígios é ainda bastante reduzido, não ultrapassando a centena, mesmo na contagem mais larga, razão pela qual os novos achados acabam por assumir uma considerável relevância. Em alguns casos, como acontece neste, aportam igualmente pequenas novidades, o que justifica a escolha deste monumento como “peça do mês”.
Esta estela foi encontrada junto ao monte de Gonçalo Eanes (ou Anes), junto à sede de concelho de Almodôvar. Este território tem sido especialmente destacado nas últimas décadas no que respeita a achados deste tipo, situando-se na sua área nuclear, que abarca ainda os concelhos de Ourique e Loulé e, em menor escala, Silves e Castro Verde. A sua descoberta não será certamente estranha à circunstância de há algum tempo se ter criado no município o Museu da Escrita do Sudoeste que deu a conhecer a um público amplo a natureza destes monumentos e a sua importância patrimonial.
Tratando-se de um sistema não estabilizado, é natural que sejam bastante frequentes signos com ocorrências muito raras ou únicas, grafados de diferentes modos de acordo com o lapicida. Como acontece com uma parte destes caracteres, não parece possível estabelecer o seu valor fonético, sendo esta uma das principais limitações da escrita do Sudoeste, onde uma parte considerável dos signos não tem uma equivalência fonética seguramente estabelecida. Nem é possível, naturalmente, definir a língua transcrita nestas epígrafes, muito menos o significado preciso dos textos.
Local de depósito: Museu da Escrita do Sudoeste, Almodôvar (actualmente em remodelação)
Bibliografia:
GUERRA; Amílcar; BARROS, Pedro; CORTES, Rui (2021) - O Projecto ESTELA e os seus mais recentes resultados. Palaeohispanica: Revista sobre lenguas y culturas de la Hispania antigua. Zaragoza. 21: 1, pp. 127-148.
CORREA, José Antonio; GUERRA, Amílcar (2019) -The epigraphic and linguistic situation in the south-west of the Iberian peninsula. In: SINNER, Alejandro G.; VELAZA, Javier (eds.) - Palaeohispanic Languages and Epigraphies. Oxford: Oxford University Press, pp. 109-137.
GUERRA; Amílcar; BARROS, Pedro; MELRO, Samuel (2016) [2020] - A escrita do Sudoeste: um breve ensaio de síntese. In: OLIVEIRA, A. Paulo Dias de et al. (eds.) - Apontamentos para a História das culturas de escrita: Da Idade do Ferro à era digital. Faro: Universidade do Algarve, Centro de Estudos em Património, Paisagem e Construção, pp. 23-43.
GUERRA; Amílcar; BARROS, Pedro; CORTES, Rui (2021) - O Projecto ESTELA e os seus mais recentes resultados. Palaeohispanica: Revista sobre lenguas y culturas de la Hispania antigua. Zaragoza. 21: 1, pp. 127-148.
CORREA, José Antonio; GUERRA, Amílcar (2019) -The epigraphic and linguistic situation in the south-west of the Iberian peninsula. In: SINNER, Alejandro G.; VELAZA, Javier (eds.) - Palaeohispanic Languages and Epigraphies. Oxford: Oxford University Press, pp. 109-137.
GUERRA; Amílcar; BARROS, Pedro; MELRO, Samuel (2016) [2020] - A escrita do Sudoeste: um breve ensaio de síntese. In: OLIVEIRA, A. Paulo Dias de et al. (eds.) - Apontamentos para a História das culturas de escrita: Da Idade do Ferro à era digital. Faro: Universidade do Algarve, Centro de Estudos em Património, Paisagem e Construção, pp. 23-43.
Amílcar Guerra
AGENDA
Conferência
Contentores de transporte de preparados de peixe na Hispânia Romana 3 de Novembro Auditório ESTM, Peniche Programa AQUI |
Aula Aberta
Morir en Malaka Génesis y desarrollo de las necrópolis de la Bahía de Málaga, siglos IX a. C. - S. III d. C. Un acercamiento desde la bioarqueologia. por Sonia López Chamizo 10 de Novembro | 12h-14h Sala C240 (FLUL) |
Congresso
Towards a new economic history: women and Antiquity 14 a 16 de Novembro Carmona (Espanha) Programa AQUI |
VII Congreso Internacional de Megalitismo y Arte Rupestre
14 e 15 de Novembro Teatro Municipal de Trigueros (Espanha) Programa AQUI |
III Jornadas de Arqueologia de Vouzela-Lafões
17 e 18 de Novembro Cine-teatro João Ribeiro, Vouzela Programa AQUI |
Conferência
Fragmentos del pasado por Jorge de Juan Ares 18 de Novembro | 19h00 Salón de Actos do Centro Cultural Antonio Machado (Madrid) |
Semana da Ciência e Tecnologia 2023
Arqueologia... na sala de aula 20 de Novembro Faculdade de Letras da ULisboa |
Aula Aberta
La Arqueología de la Producción Textil Hispana: Pasado, Presente y Futuro por Leyre Morgado-Roncal 22 de Novembro | 12h30 Sala C136A (FLUL) |
Congresso Internacional
Olisipo Entre Mares 23 a 25 de Novembro Centro Cultural de Belém Inscrições até 19 de Novembro AQUI |
IV Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses
23 a 25 de Novembro Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Inscrições online até 19 de Novembro AQUI |
De Gibraltar aos Pirenéus
Megalitismo, Vida e Morte na Fachada Atlântica Peninsular 26 e 27 de Janeiro de 2024 Fundação Lapa do Lobo (Nelas) Formulário de Inscrição AQUI |
VII Congresso Internacional
Sociedad de Estudios de la Cerámica Antigua en Hispania (SECAH) FLUL e FCSH-UNL 15 a 18 de Maio de 2024 Mais informação AQUI |
Participações em Congressos, Colóquios e Conferências
Dia Internacional da Geodiversidade
"O Fascínio do Carso. Episódio 2: A Muralha." Participação de Filipa Rodrigues e Henrique Matias 7 de Outubro | Praia Fluvial dos Olhos de Água, Torres Novas «Lusitânia, Lusitânias: cenários de um território em transformação»
Última Lição de Amílcar Guerra 10 de Outubro | Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Colección Instrumenta 30 años. Encuentro iberoamericano sobre los retos de la publicación sobre el mundo antiguo.
«Política e prática das edições do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ): conjugando a tradição com a Open Access Science» Comunicação de Carlos Fabião 11 de Outubro | Online (Youtube) «A necrópole do Olival do Senhor dos Mártires (Alcácer do Sal): um laboratório para o estudo da Idade do Ferro no Sul de Portugal (sécs. VII – II a.C.)»
Conferência de Francisco B. Gomes 21 de Outubro | MAEDS, Setúbal |
Colóquio "Conversas com São Vicente: Matriz de Memória"
«Roma e os Cristãos: Contextualizando narrativas» Comunicação de Carlos Fabião 21 de Outubro Palácio Ulrich, Lisboa Colóquio "Casa dos Bicos - 500 anos"
Participação de Elisa de Sousa e Victor Filipe 27 de Outubro | Auditório Fundação José Saramago, Lisboa "Zooarqueologia do laboratório à divulgação: as faunas da Idade do Bronze Final do Outeiro do Circo (Mombeja, Beja) como caso de estudo"
Workshop de Nelson J. Almeida 28 de Outubro | Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa, Braga |
Publicações em Acesso Aberto no Repositório da UL
Conejo Delgado, N. (2023). Coins in Late Roman and Early Medieval Tombs in Northern Italy: some notes on an Archaeological and Numismatic Problem. In Noé Conejo Delgado (Ed.), Il valore dei gesti e degli oggetti. Monete e altri elementi in contesti funerari (pp. 53-64). Padova: All’Insegna del Giglio.
hdl.handle.net/10451/59536 Conejo Delgado, N. (2023). Conclusioni. In Noé Conejo Delgado (Ed.), Il valore dei gesti e degli oggetti. Monete e altri elementi in contesti funerari (pp. 239-241). Padova: All’Insegna del Giglio.
hdl.handle.net/10451/59538 |
Conejo Delgado, N. (2023). Introduzione. In Noé Conejo Delgado (Ed.), Il valore dei gesti e degli oggetti. Monete e altri elementi in contesti funerari (pp. 7-11). Padova: All’Insegna del Giglio.
hdl.handle.net/10451/59534 Rolo, M. (2023). Under the Cloak of Invisibility: the Mise-en-scéne of Death in the West of the Roman Empire. In Noé Conejo Delgado (Ed.), Il valore dei gesti e degli oggetti. Monete e altri elementi in contesti funerari (pp. 177-187). Padova: All’Insegna del Giglio.
hdl.handle.net/10451/59537 |
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