Editorial
Mariana Diniz, Directora da UNIARQ
Sei que está em festa, pá
Fico contente E enquanto estou ausente Guarda um cravo para mim Eu queria estar na festa, pá Com a tua gente E colher pessoalmente Uma flor no teu jardim Chico Buarque, Tanto Mar, 1975 |
Sendo esta uma das músicas que recordo ouvir na minha infância – não se tem impunemente 5 anos em Abril de 1974, mesmo que se nasça num ambiente conservador – a amargura que contém ao falar depois da Festa, no Pretérito Perfeito, da qual se sugere o fim, é, combatida, noutro verso adiante onde se invoca a certeza de que alguma semente ficou, dessa Festa, num canto do jardim.
Não sabe a minha geração, não sabem as gerações nascidas depois de mim, o que não seja viver em Liberdade e em Democracia. Com todas as falhas e insuficiências, atropelos e decepções, fazemos parte dessa Festa que começa no 25 de Abril de 1974, e dificilmente, por experiência própria, teremos memória de uma vida em ditadura. E por isso, e porque mais ou menos conscientes desse privilégio, é nossa obrigação fazer com que a Festa, na Ciência como na Sociedade, não acabe e que essa semente, do canto do jardim, cresça ao Sol. Pensar, ler, escrever, agir em Liberdade parecem-nos parte de um direito natural, universal e gratuito que sabemos, no entanto frágil, fugaz, inalcançável para uma parte substantiva dos 8 mil milhões que somos.
Derrubar ditaduras, derrubar muros, abrir portas, hoje, como em Abril de 1974, é imperativo e na vida da UNIARQ, todos os dias vive-se, na escala também das pequenas coisas, os efeitos de uma Ciência em Liberdade. A mobilidade e a circulação de Investigadores, a crescente paridade de género, a abertura dos questionários e a diversidade dos sujeitos–produtores de conhecimento, são práticas próprias das sociedades democráticas de que queremos fazer parte e que, esperamos, sejam apoiadas pelo novo Ministério da Educação, Ciência e Inovação que agora nos tutela.
Neste número da UNIARQ Digital, destacam-se, como sempre, algumas das actividades acontecidas durante o mês passado: dos estudos de caso à apresentação de projectos e de resultados em encontros científicos, do acolhimento de investigadores visitantes à realização de protocolos e acordos de parceria, da visita no quadro da formação graduada e pós-graduada a museus e a outros organismos de investigação, à divulgação cientifica e ao turismo arqueológico, que constituem uma mostra das diferentes acções desenvolvidas no Centro de Arqueologia no âmbito de uma agenda alargada no tempo e no espaço, como demonstram os perfis diversos dos protagonistas deste número da UNIARQ digital, Carine Souza, Daniel van Calker, Daniel Sánchez-Gómez, Catarina Meira, Patricia Jordão, Manuel Santonja, Carlos Ferreira, Cristina Gameiro, Ana Catarina Sousa, Javier Herrera, José Luis Caro, Elisa Sousa, Cleia Detry, Rui Gomes Coelho.
Compete a estes, compete a todos nós, garantir que a Festa vai ser bonita!
Não sabe a minha geração, não sabem as gerações nascidas depois de mim, o que não seja viver em Liberdade e em Democracia. Com todas as falhas e insuficiências, atropelos e decepções, fazemos parte dessa Festa que começa no 25 de Abril de 1974, e dificilmente, por experiência própria, teremos memória de uma vida em ditadura. E por isso, e porque mais ou menos conscientes desse privilégio, é nossa obrigação fazer com que a Festa, na Ciência como na Sociedade, não acabe e que essa semente, do canto do jardim, cresça ao Sol. Pensar, ler, escrever, agir em Liberdade parecem-nos parte de um direito natural, universal e gratuito que sabemos, no entanto frágil, fugaz, inalcançável para uma parte substantiva dos 8 mil milhões que somos.
Derrubar ditaduras, derrubar muros, abrir portas, hoje, como em Abril de 1974, é imperativo e na vida da UNIARQ, todos os dias vive-se, na escala também das pequenas coisas, os efeitos de uma Ciência em Liberdade. A mobilidade e a circulação de Investigadores, a crescente paridade de género, a abertura dos questionários e a diversidade dos sujeitos–produtores de conhecimento, são práticas próprias das sociedades democráticas de que queremos fazer parte e que, esperamos, sejam apoiadas pelo novo Ministério da Educação, Ciência e Inovação que agora nos tutela.
Neste número da UNIARQ Digital, destacam-se, como sempre, algumas das actividades acontecidas durante o mês passado: dos estudos de caso à apresentação de projectos e de resultados em encontros científicos, do acolhimento de investigadores visitantes à realização de protocolos e acordos de parceria, da visita no quadro da formação graduada e pós-graduada a museus e a outros organismos de investigação, à divulgação cientifica e ao turismo arqueológico, que constituem uma mostra das diferentes acções desenvolvidas no Centro de Arqueologia no âmbito de uma agenda alargada no tempo e no espaço, como demonstram os perfis diversos dos protagonistas deste número da UNIARQ digital, Carine Souza, Daniel van Calker, Daniel Sánchez-Gómez, Catarina Meira, Patricia Jordão, Manuel Santonja, Carlos Ferreira, Cristina Gameiro, Ana Catarina Sousa, Javier Herrera, José Luis Caro, Elisa Sousa, Cleia Detry, Rui Gomes Coelho.
Compete a estes, compete a todos nós, garantir que a Festa vai ser bonita!
NOTÍCIAS
Segunda Sessão do Ciclo "Arqueologia em Construção 9 - 2024"

No dia 20 de Março, decorreu a segunda sessão do ciclo “Arqueologia em Construção 9”, durante a qual três jovens investigadores apresentaram os projectos de doutoramento em curso.
A primeira apresentação foi realizada por Carine de Souza, intitulada “Pensar e narrar a Pré-história em museus: reflexões sobre a reformulação do Museu Nacional de Arqueologia”. Incidiu sobre o projecto que a investigadora se encontra a desenvolver no quadro da reestruturação do Museu Nacional de Arqueologia, focando especificamente as estratégias subjacentes ao programa museológico da futura exposição.
Seguiu-se a conferência de Daniel van Calker sobre “As práticas funerárias neolíticas e calcolíticas em grutas naturais da Estremadura Portuguesa”, centrada na acentuada variabilidade de soluções funerárias entre o 5º e o 3º milénio a.C. na região, e integrando ferramentas de análise inovadoras como o social network analysis.
A primeira apresentação foi realizada por Carine de Souza, intitulada “Pensar e narrar a Pré-história em museus: reflexões sobre a reformulação do Museu Nacional de Arqueologia”. Incidiu sobre o projecto que a investigadora se encontra a desenvolver no quadro da reestruturação do Museu Nacional de Arqueologia, focando especificamente as estratégias subjacentes ao programa museológico da futura exposição.
Seguiu-se a conferência de Daniel van Calker sobre “As práticas funerárias neolíticas e calcolíticas em grutas naturais da Estremadura Portuguesa”, centrada na acentuada variabilidade de soluções funerárias entre o 5º e o 3º milénio a.C. na região, e integrando ferramentas de análise inovadoras como o social network analysis.

A sessão terminou com a apresentação de Daniel Sánchez-Gómez, com o tema “Explorando uma abordagem baseada em dados para estudar a Complexidade Social na Pré-História Tardia: Arqueologia Computacional e Adorno Pessoal na Península Ibérica”. A sua investigação incide no uso da Arqueologia Computacional para o processamento do grande volume de dados existentes sobre os elementos de adorno pré-históricos, de forma a explorar e potenciar novas leituras sobre a diversidade e complexidade social das comunidades antigas.
Este evento contou com uma significativa adesão da comunidade académica e científica, tendo tido mais de 40 participantes, promovendo a interacção e debate entre alunos e investigadores.
A 24 de Abril teremos a última sessão do ciclo “Arqueologia em Construção 9”. Mais informação em www.uniarq.net/arqueologiaconstrucao9.html.
Este evento contou com uma significativa adesão da comunidade académica e científica, tendo tido mais de 40 participantes, promovendo a interacção e debate entre alunos e investigadores.
A 24 de Abril teremos a última sessão do ciclo “Arqueologia em Construção 9”. Mais informação em www.uniarq.net/arqueologiaconstrucao9.html.
Elisa de Sousa
BTL 2024: Faz-se Turismo Arqueológico em Portugal? A UNIARQ foi saber

Na 34ª edição da BTL - Bolsa de Turismo de Lisboa, que decorreu entre 28 de fevereiro e 3 de março, a UNIARQ veio conhecer os operadores turísticos, os municípios, as comunidades intermunicipais e as entidades culturais que oferecem opções de turismo arqueológico.
Viemos à maior feira de Turismo no país que se realiza anualmente em Lisboa, na Feira Internacional de Lisboa (FIL). Aqui, 400 expositores de mais de 1.400 empresas e entidades turísticas dispersam-me pelos pavilhões, na expectativa de grandes oportunidades de negócio, de fazer networking, de refletir sobre as principais tendências do mercado e de internacionalizar os seus projetos. A BTL serve de plataforma para apresentar destinos turísticos e reforçar a posição de Portugal como the special one. Este ano, a BTL conta com cinco espaços de destaque: a BTL Cultural, de promoção e de discussão dos agentes culturais para o setor do Turismo; a BTL Lab, um palco de troca de experiências sobre inovação e tendências tecnológicas nesta indústria; o BTL Enoturismo, uma área onde se dá a conhecer a oferta de produtos e serviços associados ao vinho e à viticultura; a BTL LGBTI+, onde as marcas têm oportunidade de se posicionar face ao crescimento do volume de Turismo por pessoas que procuram inclusão na diversidade; e a BTL Auditório, destinado à realização de grandes conferências e talks acerca de temas relevantes para o setor.
Viemos à maior feira de Turismo no país que se realiza anualmente em Lisboa, na Feira Internacional de Lisboa (FIL). Aqui, 400 expositores de mais de 1.400 empresas e entidades turísticas dispersam-me pelos pavilhões, na expectativa de grandes oportunidades de negócio, de fazer networking, de refletir sobre as principais tendências do mercado e de internacionalizar os seus projetos. A BTL serve de plataforma para apresentar destinos turísticos e reforçar a posição de Portugal como the special one. Este ano, a BTL conta com cinco espaços de destaque: a BTL Cultural, de promoção e de discussão dos agentes culturais para o setor do Turismo; a BTL Lab, um palco de troca de experiências sobre inovação e tendências tecnológicas nesta indústria; o BTL Enoturismo, uma área onde se dá a conhecer a oferta de produtos e serviços associados ao vinho e à viticultura; a BTL LGBTI+, onde as marcas têm oportunidade de se posicionar face ao crescimento do volume de Turismo por pessoas que procuram inclusão na diversidade; e a BTL Auditório, destinado à realização de grandes conferências e talks acerca de temas relevantes para o setor.
Foi nos pavilhões 1 e 2 que ficámos a conhecer as ofertas de turismo arqueológico de norte a sul do país. Estas propostas encontrámo-las em flyers, panfletos, mapas temáticos, trilhos que incluem passagem por sítios arqueológicos e em pequenos e grandes ecrãs de cada um dos expositores. Destacamos agora algumas.
A CIM Dão Lafões apresentou a MEG – Rota de Megalitismo, Templos de Eternidade, uma rota de 500 km que nos convida descobrir vários monumentos megalíticos dos concelhos que fazem parte dessa comunidade intermunicipal. Aliás, a estreia do documentário sobre essa rota, premiado pelo Festival Internacional de Cinema de Turismo, foi um dos momentos altos da programação de sexta-feira. |
No impressionante stand do concelho de Condeixa-a-Nova foi dado destaque ao PO.RO.S - Museu Portugal Romano em Sicó, onde os visitantes tinham oportunidade de entrar numa réplica de pequeno forum romano, a equipar-se como um verdadeiro legionário e a experienciar ambientes virtuais da época romana.
O município de Fronteira presenteou-nos com um teaser do futuro museu virtual da villa romana da Horta da Torre, um sítio arqueológico que tem sido alvo de projetos de investigação desde 2012. Mas não vamos fazer spoiler!
O município de Fronteira presenteou-nos com um teaser do futuro museu virtual da villa romana da Horta da Torre, um sítio arqueológico que tem sido alvo de projetos de investigação desde 2012. Mas não vamos fazer spoiler!
Em 2023, o evento contou com cerca de 63.000 visitantes. À medida que nos despedimos de mais um ano de BTL, é-nos evidente que este evento não é apenas uma vitrine do presente, mas uma inspiração para o futuro do turismo no país. Saímos pela porta com aquele “gostinho de boca” ao pensar em como este setor de atividade pode ser um dos desencadeadores do financiamento de projetos de investigação e de valorização de monumentos e sítios arqueológicos. A implementação de práticas de turismo cultural sustentável minimizaria os impactos negativos sobre o património cultural e contribuiria, a longo prazo, para a sua preservação, criando ciclos contínuos de financiamento. Também nos urge pensar sobre o investimento em infraestruturas de apoio aos sítios – e de empregos! - que a afluência de turistas permitiria criar. Mas mais do que isso, e acima de tudo, a catarse que ansiamos no final: a de podermos contar uma história… muitas histórias sobre homens do Passado e de como viveram nos seus territórios e no seio das suas comunidades. Essas histórias enriquecem, não só a narrativa cultural associada a esses locais, mas são também o motivo da curiosidade do turista.
Resta-nos esperar que, em 2025, a Arqueologia passe a ser (ainda mais) um foco de atração para aqueles que visitam Portugal. |
Catarina Meira
Letras é ciência – a Geoarqueologia da UNIARQ na escola
No passado dia 20 de março, a investigadora de pós-doutoramento da UNIARQ, Patrícia Jordão, foi à escola secundária Henriques Nogueira, em Torres Vedras, no âmbito da actividade “Cientistas vão à escola”, promovida pelo Centro de Educação Ambiental de Torres Vedras.
Os alunos, entre os 13 e os 16 anos, tiveram oportunidade de conhecer pela primeira vez o que é a Geoarqueologia, e quais as principais questões arqueológicas a que pretende responder. A interdisciplinaridade do conhecimento em geral, e em particular na Geoarqueologia, foi o mote que os jovens foram convidados a aprofundar, tendo sido salientado os múltiplos pontos de contacto entre a Geologia e a Arqueologia e os diversos caminhos que se podem seguir para se “ser geoarqueólogo”. A partilha do percurso pessoal da investigadora interessou bastante a turma e os próprios docentes de Biologia e Geologia como exemplo de, a partir da área de “Humanidades” depois ingressando na licenciatura em Arqueologia, se poder estabelecer a ponte com as ciências da Terra de uma maneira autónoma, mostrando como o conhecimento é produzido em equipas multidisciplinares. O caminho inverso também foi destacado, para o caso daqueles que partem da área de “Ciências e Tecnologia”, ingressando nas licenciaturas que focam as ciências da Terra, e que querem aplicar as suas valências ao estudo do património histórico-arqueológico. |
Para complementar a componente teórica, os alunos puderam também experimentar uma das primeiras fases do método científico na abordagem geoarqueológica - a observação - neste caso de rochas utilizadas na pré-história: em amostra de mão, através de lupa binocular e sob a forma de lâminas delgadas ao microscópio petrográfico.
O nosso agradecimento ao Centro de Educação Ambiental de Torres Vedras, nomeadamente a Olinda Almeida, pela oportunidade de poder usufruir desta experiência tão enriquecedora e de poder divulgar a Geoarqueologia entre os jovens estudantes que, quem sabe, poderão um dia vir a ser geoarqueólogos.
O nosso agradecimento ao Centro de Educação Ambiental de Torres Vedras, nomeadamente a Olinda Almeida, pela oportunidade de poder usufruir desta experiência tão enriquecedora e de poder divulgar a Geoarqueologia entre os jovens estudantes que, quem sabe, poderão um dia vir a ser geoarqueólogos.
Patrícia Jordão
Mulheres na Arqueologia: (estrati)grafias 2. Nos 100 anos do nascimento de Maria de Lourdes Costa Arthur

Decorreu no passado dia 6 de Março o Seminário “Mulheres na Arqueologia: (estrati)grafias 2. Nos 100 anos do nascimento de Maria de Lourdes Costa Arthur”, uma coorganização da Secção de Arqueologia da Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL), do Instituto de História Contemporânea (IHC), do Laboratório Associado para a Investigação e Inovação em Património, Artes, Sustentabilidade e Território (IN2PAST), da Universidade de Évora, da UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (representada na Comissão Organizadora por Francisco B. Gomes), e do Centro de Arqueologia de Lisboa (CAL).
Este evento, que assinalou o Dia Internacional da Mulher, teve lugar em modo híbrido no Auditório Adriano Moreira da SGL e online, tendo contado com várias dezenas de assistentes. O Seminário constitui o mais recente exemplo de uma série de eventos de referência dedicados à mulher na Arqueologia portuguesa e internacional promovidos pela SGL, por iniciativa da sua Secção de Arqueologia e da respetiva Presidente, Ana Cristina Martins.
Este evento, que assinalou o Dia Internacional da Mulher, teve lugar em modo híbrido no Auditório Adriano Moreira da SGL e online, tendo contado com várias dezenas de assistentes. O Seminário constitui o mais recente exemplo de uma série de eventos de referência dedicados à mulher na Arqueologia portuguesa e internacional promovidos pela SGL, por iniciativa da sua Secção de Arqueologia e da respetiva Presidente, Ana Cristina Martins.
Desta feita, o mote para esta reunião foi também a comemoração do centenário do nascimento de Maria de Lourdes Costa Arthur, uma das pioneiras da Arqueologia Portuguesa, cujo percurso académico e científico foi evocado como exemplo das (apesar de tudo ainda) mal conhecidas histórias no feminino da Arqueologia Portuguesa.
O Seminário contou com dois blocos temáticos, o primeiro dedicado às abordagens biográficas ao papel das mulheres no desenvolvimento da Arqueologia. Este bloco incluiu uma inspiradora conferência inaugural de Sandra López Varela, da Universidad Nacional Autónoma de México, além da já citada intervenção de Ana Cristina Martins sobre Maria de Lourdes Costa Arthur e de uma reflexão de Lídia Fernandes sobre o papel de Irisalva Moita na salvaguarda e valorização do Teatro Romano de Lisboa.
O Seminário contou com dois blocos temáticos, o primeiro dedicado às abordagens biográficas ao papel das mulheres no desenvolvimento da Arqueologia. Este bloco incluiu uma inspiradora conferência inaugural de Sandra López Varela, da Universidad Nacional Autónoma de México, além da já citada intervenção de Ana Cristina Martins sobre Maria de Lourdes Costa Arthur e de uma reflexão de Lídia Fernandes sobre o papel de Irisalva Moita na salvaguarda e valorização do Teatro Romano de Lisboa.
O segundo bloco temático teve como fio condutor o estudo arqueológico dos ciclos de vida no feminino. A conferência inaugural deste conjunto de reflexões esteve a cargo de Meritxell Ferrer, da Universidad Pompeu Fabra, e de Mireia López-Bertran, da Universitat de Valencia.
Somaram-se à sua interessante reflexão sobre o papel e as vivências das mulheres no mundo fenício-púnico uma série de outros contributos focados em distintos aspetos da vida no feminino no passado, da infância e da maternidade (Aurora Rivera Hernández) ao trabalho das mulheres (a cargo dos investigadores da UNIARQ Catarina Costeira e Francisco B. Gomes) e à Arqueologia da prostituição feminina (Afonso Leão, Tânia Casimiro e Susana Pacheco), sem esquecer as leituras da Bioantropologia (com intervenções de Ana Maria Silva, Susana J. Garcia e Ana Curto, e de Marina Lourenço e Lucy Shaw Evangelista.
Este Seminário constitui mais um exemplo do lento, mas constante desenvolvimento das perspectivas feministas e de género na Arqueologia Portuguesa, que se espera venha a inspirar uma continuada atenção ao papel das mulheres quer no desenvolvimento da disciplina em Portugal e mais além, quer no passado arqueológico e nas agendas da investigação que a ele se dedica.
Somaram-se à sua interessante reflexão sobre o papel e as vivências das mulheres no mundo fenício-púnico uma série de outros contributos focados em distintos aspetos da vida no feminino no passado, da infância e da maternidade (Aurora Rivera Hernández) ao trabalho das mulheres (a cargo dos investigadores da UNIARQ Catarina Costeira e Francisco B. Gomes) e à Arqueologia da prostituição feminina (Afonso Leão, Tânia Casimiro e Susana Pacheco), sem esquecer as leituras da Bioantropologia (com intervenções de Ana Maria Silva, Susana J. Garcia e Ana Curto, e de Marina Lourenço e Lucy Shaw Evangelista.
Este Seminário constitui mais um exemplo do lento, mas constante desenvolvimento das perspectivas feministas e de género na Arqueologia Portuguesa, que se espera venha a inspirar uma continuada atenção ao papel das mulheres quer no desenvolvimento da disciplina em Portugal e mais além, quer no passado arqueológico e nas agendas da investigação que a ele se dedica.
Francisco B. Gomes
Manuel Santonja visita UNIARQ
Entre os dias 18 e 23 de Março, o Doutor Manuel Santonja, reconhecido especialista na análise de indústrias do Paleolítico Inferior peninsular e investigador do Instituto de Evolución en África (IDEA), esteve na UNIARQ a colaborar em trabalhos em curso direcionados para o estudo das mais antigas ocupações do atual território português, uma das linhas estratégicas de investigação do Centro.
Concretamente, em colaboração com o bolseiro de Doutoramento Carlos Ferreira, e os investigadores Eduardo Méndez-Quintas e João Pedro Cunha-Ribeiro, contribuiu para a análise e interpretação de indústrias líticas acheulenses da fachada atlântica da Península Ibérica, provenientes de jazidas de ar livre associadas a ambientes fluviais das bacias hidrográficas dos rios Lis e Tejo. O plano de trabalhos contemplou também uma saída de campo à região do Vale do Forno (Alpiarça), guiada pelo Dr. Luís Raposo (responsável pelas escavações aí realizadas no final do século passado), atividade que visou a definição dos objetivos e prioridades para as novas campanhas de estudos pluridisciplinares a promover numa área clássica da Arqueologia Paleolítica nacional, que mantém na atualidade um elevado potencial geoarqueológico a explorar. No decorrer da sua estadia, o Doutor Manuel Santonja procurou ainda sensibilizar os alunos do curso de Arqueologia da FLUL para a complexidade das dinâmicas comportamentais na Península Ibérica durante a segunda metade do Pleistocénico Médio, no âmbito da aula aberta “Achelense y Musteriense en la Península Ibérica ¿Evolución o tradiciones tecnológicas independientes?”, na qual partilhou dados que tem compilado ao longo de mais de quatro décadas de investigação. |
Carlos Ferreira
50 camadas de uma revolução: a Arqueologia Pré-histórica depois do 25 de abril de 1974

A Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a Estrutura de Missão para as Comemorações do quinquagésimo aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974 celebraram um protocolo que levou à abertura do concurso: "O 25 de Abril e a democracia portuguesa". O referido concurso esteve aberto entre 16 de novembro e 19 de dezembro de 2023 e os resultados ainda não foram divulgados. No entanto, no mês em que celebramos o quinquagésimo aniversário da Revolução dos Cravos, apresentamos as linhas gerais de uma candidatura submetida e que procura explorar a ligação da Arqueologia pré-histórica com questões sociopolíticas da atualidade e o seu papel na consolidação da democracia em Portugal.
Sabemos que o modo como os pré-historiadores escolhem os temas a investigar, desenvolvem problemáticas ou interpretam os vestígios arqueológicos é influenciado pelas circunstâncias históricas, refletindo os limites e possibilidades dos regimes políticos, e as dinâmicas socioculturais. O projeto proposto visa abordar as diferentes camadas da Arqueologia pré-histórica antes e depois do 25 de abril, ao nível da dimensão política das ideias, conceitos e metodologias que enquadram a prática arqueológica. O objetivo é enfatizar a dimensão política da investigação pré-histórica demonstrando como, alguns procedimentos aparentemente politicamente neutros podem revelar ideias pré-concebidas que causam constrangimentos ao desenvolvimento da pré-história como uma área inclusiva e diversificada do conhecimento histórico. O desafio passa por encorajar os pré-historiadores a assumir a responsabilidade cívica do seu trabalho, explorando as suas diferentes camadas, como espaço para novas revoluções.
Interligando investigação pré-histórica e o estudo da história da Arqueologia em Portugal o foco principal é a obtenção de resposta a três principais questões: 1) desde o 25 de abril de 1974, como evoluíram as narrativas sobre pré-história? 2) de que forma os pré-historiadores, de forma consciente, enquadram e apresentam o seu trabalho como algo com significado político, alterando os limites e tendo as possibilidades ditadas por diferentes regimes políticos e contextos socioculturais? 3) Como a arqueologia pré-histórica pode contribuir ativamente para abordar desafios contemporâneos em democracia, e de que maneiras os pré-historiadores podem demonstrar a responsabilidade cívica na sua investigação?
Sabemos que o modo como os pré-historiadores escolhem os temas a investigar, desenvolvem problemáticas ou interpretam os vestígios arqueológicos é influenciado pelas circunstâncias históricas, refletindo os limites e possibilidades dos regimes políticos, e as dinâmicas socioculturais. O projeto proposto visa abordar as diferentes camadas da Arqueologia pré-histórica antes e depois do 25 de abril, ao nível da dimensão política das ideias, conceitos e metodologias que enquadram a prática arqueológica. O objetivo é enfatizar a dimensão política da investigação pré-histórica demonstrando como, alguns procedimentos aparentemente politicamente neutros podem revelar ideias pré-concebidas que causam constrangimentos ao desenvolvimento da pré-história como uma área inclusiva e diversificada do conhecimento histórico. O desafio passa por encorajar os pré-historiadores a assumir a responsabilidade cívica do seu trabalho, explorando as suas diferentes camadas, como espaço para novas revoluções.
Interligando investigação pré-histórica e o estudo da história da Arqueologia em Portugal o foco principal é a obtenção de resposta a três principais questões: 1) desde o 25 de abril de 1974, como evoluíram as narrativas sobre pré-história? 2) de que forma os pré-historiadores, de forma consciente, enquadram e apresentam o seu trabalho como algo com significado político, alterando os limites e tendo as possibilidades ditadas por diferentes regimes políticos e contextos socioculturais? 3) Como a arqueologia pré-histórica pode contribuir ativamente para abordar desafios contemporâneos em democracia, e de que maneiras os pré-historiadores podem demonstrar a responsabilidade cívica na sua investigação?
Para responder a estas questões foram propostas duas metodologias: a utilização de técnicas de ciência de dados (IA) para analisar narrativas escritas e rastrear transformações do discurso, e a participação da comunidade científica em quatro Workshops e num inquérito que resultará num catálogo e numa exposição. O inquérito permitirá a participação coletiva de todos os arqueólogos que poderão apresentar um objeto (peça arqueológica ou não) que ligue a Arqueologia pré-histórica com o significado do 25 de abril. Os 50 objetivos mais ilustrativos, de todas as camadas de História que podem ser contadas, serão escolhidos para uma exposição temporária a realizar no Museu do Côa em 2025.
Esta proposta submetida pela UNIARQ, através da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, da responsabilidade da signatária (IR) e de Sérgio Gomes (co-IR), incluí uma equipa de outros dez investigadores e cinco consultores pertencendo a quatro diferentes Universidades e instituições como o Museu do Côa e o Museu Nacional de Arqueologia. A maioria dos membros desta equipa nasceram depois de 1974. Contudo, cresceram nos anos 1980, suficientemente perto para haver uma perceção social das diferenças entre o antes e o depois da revolução de abril. A maioria dos consultores são de uma geração que experienciou a revolução com engajamento político (e/ou liderança estudantil). Que o reconhecimento da importância e a salvaguarda das memórias dos valores democráticos que emergiram do 25 de abril inspire as novas gerações de arqueólogos é também a nossa ambição! |
Cristina Gameiro
Mestrado de Arqueologia e o Centro de Informação Geoespacial do Exército (CIGeoE)
As actividades lectivas no âmbito do Mestrado de Arqueologia da FLUL incluem frequentemente a colaboração de diversos investigadores e instituições quer sob a forma de aulas (algumas das quais abertas) quer de visitas.
No âmbito do Seminário de Arqueologia do Território foi possível no presente ano lectivo contar com a colaboração do Centro de Informação Geoespacial do Exército (CIGeoE), instituição que sucedeu desde 2015, ao Instituto Geográfico do Exército (IGeoE).
No âmbito do Seminário de Arqueologia do Território foi possível no presente ano lectivo contar com a colaboração do Centro de Informação Geoespacial do Exército (CIGeoE), instituição que sucedeu desde 2015, ao Instituto Geográfico do Exército (IGeoE).
A colaboração consubstanciou-se na realização de uma aula no dia 1 de Março ministrada pelo Major Balão, Chefe da Secção de Topografia e de uma visita dos mestrandos ao CIGeoE no dia 8 de Março.
A aula foi subordinada ao tema da georreferenciação e dos sistemas de Datum e coordenadas, tema muito relevante em todas as vertentes da praxis arqueológica. A visita foi especialmente orientada para a questão das Cartas Militares de Portugal, cartografia que é de uso obrigatório de acordo com o Regulamento de Trabalhos Arqueológicos (DL 164/2014).
A aula foi subordinada ao tema da georreferenciação e dos sistemas de Datum e coordenadas, tema muito relevante em todas as vertentes da praxis arqueológica. A visita foi especialmente orientada para a questão das Cartas Militares de Portugal, cartografia que é de uso obrigatório de acordo com o Regulamento de Trabalhos Arqueológicos (DL 164/2014).
Ana Catarina Sousa
Visita ao Museu dos Serviços Geológicos
No passado dia 19 de Março, estudantes do 1º, 2º e 3º ciclo de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, deslocaram-se ao Museu Geológico, ou Museu dos Serviços Geológicos, instituição pioneira da Arqueologia pré-histórica em Portugal e museu decisivo para compreender a história da Arqueologia em Portugal nos século XIX e até aos anos 80, do século XX. Estão aqui expostos um número significativo de sítios arqueológicos, mas foram objectivos centrais desta visita, as vitrines dedicadas aos concheiros mesolíticos da ribeira de Muge, às grutas naturais da Estremadura portuguesa, em particular à Gruta da Furninha e aos enterramentos megalíticos em hipogeu, em anta ou em tholos. Perceber as colecções expostas, nomeadamente a predilecção por contextos funerários, a dispersão geográfica dos sítios escavados e o fim da actividade arqueológica desta instituição, também decorrente da crescente profissionalização da Arqueologia, em Portugal, nos finais do século XX, é também conhecer a história da Arqueologia em Portugal. Mas a visita ao Museu dos Serviços Geológicos, tradicionalmente acompanhada pelo Professor Miguel Ramalho, é também o momento para poder ver de perto – e agradece-se aqui ao Dr. José Moita, o permitir aos estudantes este contacto privilegiado com os materiais fora da vitrine – cerâmicas, instrumentos de pedra lascada, artefactos simbólicos que adquirem peso, textura, dimensão sem escala, em suma uma tri-dimensionalidade que ultrapassa a percepção dos materiais transmitida por uma publicação ou por uma imagem de powerpoint e que permite aproximar futuros arqueólogos dos seus objectos de investigação.
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Mariana Diniz
Arqueolog(IA). O uso da Inteligência Artificial na prática e na teoria arqueológica

A 18 de Março de 2024, a Secção de História da Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP) promoveu a realização do Colóquio - Deteção remota, prospeção geofísica, tecnologias 3D e de IA em Arqueologia. Em diferentes compassos, demonstrou-se o que se produz em Portugal a nível destas temáticas, sendo que um dos focos assentou na questão dos impactos da Inteligência Artificial (IA), com a apresentação Arqueolog(IA). O uso da Inteligência Artificial na prática e na teoria arqueológica. Invariavelmente um assunto que permeia a atualidade, a IA em Arqueologia semeia oportunidades, desafios e preocupações, sendo que se procurou lançar o debate em torno desses prismas. Oportunidades na automatização de processos, na implementação de soluções mais rápidas e na versatilidade das ferramentas, que tanto beneficiam o trabalho de campo, como o de laboratório; o setor público e o setor privado e aqueles que ensinam e aqueles que aprendem. Desafios porque, tal como em outras áreas, é ainda difuso o verdadeiro impacto destas inovações na nossa atividade, razão pela qual se entende que é extremamente vantajoso tomar conhecimento dos avanços mais recentes. Preocupações, em grande medida justificadas, pelo potencial mau uso destas ferramentas, para forjar artefactos, sítios e narrativas de raiz, cuja distinção do real dependerá cada vez mais do olho atento daqueles que praticam a Arqueologia. Como qualquer revolução, a IA condensa em si todos estes aspetos. Resta saber se os arqueólogos digitais criados pelo SORA AI - um modelo de IA que transforma comandos de texto (prompts) em pequenos vídeos de 1 minuto – conseguiram levar a bom porto as suas escavações virtuais…
Daniel Carvalho
INVESTIGAÇÃO NA UNIARQ
Javier Herrera Rando - Investigador Júnior CEEC (2022.03547.CEECIND)
The birth of epigraphic culture in Lusitania

Dos fóruns públicos das cidades às vias que cruzavam o campo, durante o Império Romano os textos povoavam os espaços públicos em níveis que não serão vistos novamente na Europa até a Idade Moderna. Este hábito epigráfico generalizado constitui um traço característico da sociedade romana. A Lusitânia, extremo oeste do Império romano, foi um território sem escrita antes da chegada dos romanos. Assim, a evolução da epigrafia pública permite visualizar as mudanças sociais e culturais nesta província.
A partir desta abordagem, o projecto pretende responder às seguintes questões: 1) Como evoluiu o hábito epigráfico na Lusitânia, não só numa perspectiva tipológica, mas também indicando tendências cronológicas e territoriais. 2) Que factores influenciaram esta evolução, com especial interesse nos contextos indígenas, na ideologia imperial e na alfabetização. 3) Qual foi o papel desempenhado pela população local, assimilando os modelos romanos e a sua língua, embora conduzindo a alguns casos de sobrevivência linguística. 4) A comparação do caso da Lusitânia Romana com outras situações contemporâneas (outras províncias romanas), bem como com outros contextos imperialistas (eras modernas e contemporâneas).
Para responder a estas questões, o projecto procura identificar e estudar toda a epigrafia pública da Lusitânia (principalmente inscrições honoríficas, religiosas e jurídicas) datada até meados do século II d.C., o que implica uma análise tanto da própria epígrafe (suporte, texto, paleografia, local de descoberta...), como de uma análise sociolinguística (promotor, audiência, relações políticas...). Este censo é realizado através de arquivo em Filemaker e preparado para a exportação dos dados em QGIS, de modo a que as informações possam ser inter-relacionadas. Todos estes dados estarão disponíveis em acesso aberto à disposição de outros investigadores, no final do projecto.
A partir desta abordagem, o projecto pretende responder às seguintes questões: 1) Como evoluiu o hábito epigráfico na Lusitânia, não só numa perspectiva tipológica, mas também indicando tendências cronológicas e territoriais. 2) Que factores influenciaram esta evolução, com especial interesse nos contextos indígenas, na ideologia imperial e na alfabetização. 3) Qual foi o papel desempenhado pela população local, assimilando os modelos romanos e a sua língua, embora conduzindo a alguns casos de sobrevivência linguística. 4) A comparação do caso da Lusitânia Romana com outras situações contemporâneas (outras províncias romanas), bem como com outros contextos imperialistas (eras modernas e contemporâneas).
Para responder a estas questões, o projecto procura identificar e estudar toda a epigrafia pública da Lusitânia (principalmente inscrições honoríficas, religiosas e jurídicas) datada até meados do século II d.C., o que implica uma análise tanto da própria epígrafe (suporte, texto, paleografia, local de descoberta...), como de uma análise sociolinguística (promotor, audiência, relações políticas...). Este censo é realizado através de arquivo em Filemaker e preparado para a exportação dos dados em QGIS, de modo a que as informações possam ser inter-relacionadas. Todos estes dados estarão disponíveis em acesso aberto à disposição de outros investigadores, no final do projecto.

Na primeira fase do projeto centrámo-nos na epigrafia indígena da Lusitânia, mas também da Gallaecia, pertencente a outra província romana, mas inserida no mesmo horizonte religioso-cultural. Nesse sentido, temos dois fenómenos epigráficos interessantes: em primeiro lugar, as conhecidas como inscrições lusitanas, uma série de textos religiosos em escrita latina, mas numa língua local de tipo indo-europeu e cuja cronologia se situa nos séculos I e II d.C; em segundo lugar, uma série um pouco maior de inscrições com troca de código, isto é, dedicatórias votivas em latim, mas nas quais os nomes das divindades apresentam características morfológicas indígenas. Tudo isso também ajuda a compreender o processo de latinização e mudança linguística. Actualmente o projeto concentra-se na epigrafia relacionada aos imperadores romanos.
Este projecto de investigação tem uma duração de seis anos (de 2023 ate 2029) e é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) através do Concurso de Estímulo ao Emprego Científico (2022.03547.CEECIND).
Este projecto de investigação tem uma duração de seis anos (de 2023 ate 2029) e é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) através do Concurso de Estímulo ao Emprego Científico (2022.03547.CEECIND).
INVESTIGADOR VISITANTE NA UNIARQ
José Luis Caro (Universidad de Málaga)
Durante o mês de março, José Luis Caro Herrero, professor da Universidade de Málaga, realizou uma estadia de investigação e docência na UNIARQ / Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Um dos objetivos principais dessa visita incidiu na análise de recentes dados de radiocarbono obtidos para a ocupação da Idade do Ferro na cidade atual de Lisboa. Esta análise, que será integrada num futuro trabalho científico sobre a temática, em colaboração com outros investigadores da UNIARQ (Elisa de Sousa e Cleia Detry), irá permitir estabelecer a primeira sequência radiocarbónica abrangente para a ocupação deste importante núcleo da fachada ocidental da Península Ibérica. Durante a sua estadia, José Caro realizou ainda conferências destinadas a estudantes do curso de licenciatura em Arqueologia, explorando detalhadamente a caracterização, potencialidades e limitações das datações de radiocarbono em Arqueologia, focando novas perspectivas de análise. |
PROTOCOLOS E PARCERIAS
Parceria com a Acção para o Desenvolvimento, Guiné-Bissau e o Memorial da Escravatura e do Tráfico Negreiro de Cacheu
A organização não-governamental guineense Acção para o Desenvolvimento (AD), firmou uma parceria com a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em Setembro de 2019 tendo em vista a realização de programas de investigação interdisciplinares no contexto da implementação do Memorial da Escravatura e do Tráfico Negreiro de Cacheu. A participação da Faculdade de Letras é feita através de duas das suas unidades de investigação, o Centro de História e o Centro de Arqueologia.
Os primeiros trabalhos de arqueologia em Cacheu decorreram no final de dezembro de 2019 sob a responsabilidade do investigador Rui Gomes Coelho com a realização de prospecção arqueológica, de recolha de história oral e de um inventário das coleções do museu sediado no Memorial. De momento decorrem dois projetos de investigação no âmbito desta colaboração com o Centro de Arqueologia. O projeto “Ecologias da Liberdade: Materialidades da Escravidão e Pós-emancipação no Mundo Atlântico” (ECOFREEDOM) é um programa de investigação interdisciplinar sobre os impactos da escravidão e do colonialismo no Alentejo e em Cacheu a partir do século XVI, que tem a direção de Rui Gomes Coelho. Este projeto começou em 2022 e envolve a participação de investigadores de várias instituições portuguesas, nomeadamente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, do Laboratório de Arqueociências do Ministério da Cultura, das Faculdades de Economia e de Letras da Universidade de Coimbra, e do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos. O programa é implementado em colaboração com a Universidade de Durham, Reino Unido e tem financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). |
O outro projeto é da responsabilidade de Sara Simões e resulta da sua investigação de doutoramento em curso na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, intitulada “Topografias do tráfico negreiro ao longo do Rio Cacheu, Guiné-Bissau, séculos XVI-XIX”. O programa de pesquisa é financiado através de uma bolsa doutoral da FCT.
Rui Gomes Coelho
AGENDA
VII Congreso Internacional
"O Camiño do Medievalista: Chronicon mundi" 3 a 5 de Abril Santiago de Compostela Mais informação AQUI |
Aula Aberta / Conferência
«Dieta Neandertal na Fachada Atlântica Ibérica» por Mariana Nabais (IPHES / URV, UNIARQ) 4 de Abril | 12h30 Anfiteatro 4 | FLUL Entrada Livre |
Inteligência artificial aplicada à decoração cerâmica da Pré-história Recente. Uma nova ferramenta para abordar o indivíduo no passado.
por Rodrigo Paulos Bravo (UCM) 10 de Abril Museu Arqueológico do Carmo |
Exibição do Filme
Suzanne Daveau de Luísa Homem - Comentários de Ana Ramos Pereira - 12 de Abril Anfiteatro III, FLUL |
Aula Aberta / Conferência
Vida e Morte em Humanejos (Parla, Madrid) por Rodrigo Paulos Bravo (UCM) 16 de Abril Faculdade de Letras de Lisboa Entrada Livre |
Visita Guiada - Dia Internacional dos Monumentos e Sítios
Vila Nova de São Pedro Da Ruína ao Castelo 18 de Abril |
Jornadas de Difusión del Patrimonio Histórico de Granada
19 e 20 de Abril Universidade de Granada (Espanha) Programa AQUI |
VII Congresso Internacional
Sociedad de Estudios de la Cerámica Antigua en Hispania (SECAH) 15 a 18 de Maio FLUL e FCSH-UNL Mais informação e inscrições AQUI |
Participações em Congressos, Colóquios e Conferências
Ciclo "Conversas na Capela"
«O Estudo dos cachimbos como Artefacto Arqueológico» Conferência de João Pimenta 2 de Março | Sesimbra Seminário "Mulheres na Arqueologia: (estrati)grafias 2"
Participação de Catarina Costeira, Francisco B. Gomes e Ana Maria Silva 6 de Março | Sociedade de Geografia de Lisboa Disciplina "Arqueologia Islâmica" (Licenciatura em Arqueologia FLUL)
«Lisboa Islâmica: da sombra da documentação à luz da Arqueologia» Aula Aberta/Conferência de Manuel Fialho Silva 8 de Março | Faculdade de Letras de Lisboa 4th "Women in Geomorphology" Online Workshop
«Did geomorphology play a role on the location of Portuguese late Mesolithic sites?» Comunicação de Ana Costa 8 de Março | Online (Teams) Euroweb Digital Atlas Hackaton: Northern Europe Edition
Organização de Catarina Costeira, Francisco B. Gomes, Riina Rammo, Kertu Palginõmm, Mia Nummert e Alina Iancu. 10 a 12 de Março | Tartu, Estónia Disciplina "Sociedades de Caçadores Recolectores da Península Ibérica"
(Licenciatura em Arqueologia FLUL) «O Crânio da Aroeira» Aula Aberta/Conferência de João Zilhão 14 de Março | Faculdade de Letras de Lisboa I Encontro Nacional de Arqueologia Marítima e Subaquática
Participação de Pedro Barros, Jacinta Bugalhão, João Pimenta e António Carvalho 14 a 16 de Março | Museu Arqueológico do Carmo, Museu de Marinha e FCSH da Universidade Nova de Lisboa |
Disciplina "Arqueologia da Morte" (Mestrado em Arqueologia FLUL)
«O Monumento Pré-histórico da Praia das Maçãs (Sintra): Resultados das Escavações Arqueológicas realizadas entre 2020 e 2023» Aula Aberta/Conferência de Catarina Costeira, Eduardo Porfírio e Teresa Simões 15 de Março | Faculdade de Letras de Lisboa Colóquio "Deteção remota, prospeção geofísica, tecnologias 3D e de IA em Arqueologia"
Participação de Daniel Carvalho, Miguel Almeida, Thierry Aubry e Andrea Martins 18 de Março | Museu Arqueológico do Carmo Arqueologia em Construção 9 (2024): Sessão 2
Participação de Daniel van Calker, Daniel Sánchez-Gómez e Carine de Souza 20 de Março | Faculdade de Letras de Lisboa Disciplina "Sociedades de Caçadores Recolectores da Península Ibérica"
(Licenciatura em Arqueologia FLUL) «Desafios à Investigação do Paleolítico Superior. O caso do Abrigo do Lagar Velho» Aula Aberta/Conferência de Ana Cristina Araújo 21 de Março | Faculdade de Letras de Lisboa Disciplina "História da Arqueologia em Portugal"
(Mestrado em Arqueologia UÉvora) «Textos clássicos e arqueologia: olhar o passado de uma forma global» Aula Aberta de Amílcar Guerra 22 de Março | Online (Zoom) |
Publicações em Acesso Aberto no Repositório da UL
Diniz, M., Colla, E., & Nukushina, D. (Eds.). (2022). The tale of Be-Archaeo Between Science and tradition / Be-Archaeo monogatari - kagaku to dento no hazama. BE-ARCHAEO (Project Coordinator, Marcello Baricco [Torino Univ.]): Harvest Publishing.
hdl.handle.net/10451/63552
hdl.handle.net/10451/63552
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