NEANDERTAIS FORAM OS PRIMEIROS A PINTAR EM GRUTAS

A prestigiada revista científica americana Science acaba de publicar um artigo onde uma equipa internacional que inclui João Zilhão, investigador ICREA e do Centro de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, apresenta as mais antigas datas para algumas manifestações da arte rupestre paleolítica de grutas da Península Ibérica, obtidas pelo método de Urânio / Tório (U-Th), análise efectuada nas crostas de calcite que se formaram sobre as ditas pinturas. Para além de se tratar das mais antigas datas registadas a nível mundial para estas manifestações artísticas, apresentam uma surpreendente antiguidade.
O artigo U-Th dating of carbonate crusts reveals Neandertal origin of Iberian cave art apresenta os resultados obtidos por uma equipa multidisciplinar internacional que integra 14 investigadores de Espanha (Universidades Isabel I, de Barcelona, de Alcalá de Henares e de Cádiz, ICREA, Centro de la Cueva de Ardales e Junta de Extremadura), Alemanha (Instituto Max Planck, Museu de Neanderthal e Universidade de Colónia), Inglaterra (Universidades de Southampton e de Durham), Portugal (Universidade de Lisboa) e França (CNRS).
O método utilizado (U-Th), cujas amostras foram processadas por Alistair Pike, da Universidade de Southampton (Reino Unido) e Dirk Hoffmann, do Instituto Max Planck (Alemanha), baseia-se na datação das crostas de calcite que se formaram sobre as superfícies pintadas e sob as pinturas, permitindo assim obter datas post quem (depois de) para a calcite existente debaixo das pinturas e ante quem (antes de) para a que se formou sobre as superfícies pintadas nas grutas de Ardales (Málaga), Maltravieso (Cáceres) e La Pasiega (Cantábria). Os resultados obtidos permitiram datar em pelo menos 64.800 anos motivos lineares, imagens de mãos em negativo, e concentrações de cor sobre espeleotemas (concreções), tudo em vermelho. Na gruta de La Pasiega, um signo linear foi pintado há pelo menos 64.800 anos; na gruta de Maltravieso, uma mão em negativo foi realizada há pelo menos 66.700 anos; na gruta de Ardales, uma formação de espeleotemas foi coberta com pintura (concentrações de cor) há pelo menos 65.500 anos.
O artigo U-Th dating of carbonate crusts reveals Neandertal origin of Iberian cave art apresenta os resultados obtidos por uma equipa multidisciplinar internacional que integra 14 investigadores de Espanha (Universidades Isabel I, de Barcelona, de Alcalá de Henares e de Cádiz, ICREA, Centro de la Cueva de Ardales e Junta de Extremadura), Alemanha (Instituto Max Planck, Museu de Neanderthal e Universidade de Colónia), Inglaterra (Universidades de Southampton e de Durham), Portugal (Universidade de Lisboa) e França (CNRS).
O método utilizado (U-Th), cujas amostras foram processadas por Alistair Pike, da Universidade de Southampton (Reino Unido) e Dirk Hoffmann, do Instituto Max Planck (Alemanha), baseia-se na datação das crostas de calcite que se formaram sobre as superfícies pintadas e sob as pinturas, permitindo assim obter datas post quem (depois de) para a calcite existente debaixo das pinturas e ante quem (antes de) para a que se formou sobre as superfícies pintadas nas grutas de Ardales (Málaga), Maltravieso (Cáceres) e La Pasiega (Cantábria). Os resultados obtidos permitiram datar em pelo menos 64.800 anos motivos lineares, imagens de mãos em negativo, e concentrações de cor sobre espeleotemas (concreções), tudo em vermelho. Na gruta de La Pasiega, um signo linear foi pintado há pelo menos 64.800 anos; na gruta de Maltravieso, uma mão em negativo foi realizada há pelo menos 66.700 anos; na gruta de Ardales, uma formação de espeleotemas foi coberta com pintura (concentrações de cor) há pelo menos 65.500 anos.

Em simultâneo, na revista Science Advances, outro artigo, intitulado Symbolic Use of Marine Shells and Mineral Pigments by Iberian Neanderthals 115,000 years ago, de um grupo liderado por Dirk Hoffmann e João Zilhão, dois dos autores do trabalho da Science, apresenta um conjunto de conchas perfuradas e pintadas da Cueva de los Aviones (Cartagena, Múrcia), procedentes de um depósito com uma idade compreendida entre 115.000 e 120.000 anos. Este resultado confirma, segundo, João Zilhão, investigador ICREA da Universidade de Barcelona e da Uniarq, Universidade de Lisboa, que “os neandertais utilizavam mesclas sofisticadas de pigmentos e praticavam a ornamentação corporal, mesmo antes de tais práticas se terem documentado nos primeiros homens modernos de África”.
João Zilhão considera que “estes trabalhos demonstram que, de um ponto de vista cognitivo e do pensamento simbólico, os neandertais em nada se diferenciavam das primeiras populações africanas de homens anatomicamente modernos e que estas características definidoras da nossa espécie apareceram nas etapas iniciais da evolução humana, há mais de meio milhão de anos”.
João Zilhão considera que “estes trabalhos demonstram que, de um ponto de vista cognitivo e do pensamento simbólico, os neandertais em nada se diferenciavam das primeiras populações africanas de homens anatomicamente modernos e que estas características definidoras da nossa espécie apareceram nas etapas iniciais da evolução humana, há mais de meio milhão de anos”.