Editorial
Mariana Diniz, Directora da UNIARQ
Em Março, definitivamente, não vamos para o Ceará…
Abre-se este Editorial citando, em versão adaptada, um verso de Chico Buarque, com o qual se quer aludir, quando apresentado na negativa, ao período de intenso trabalho que ao longo deste mês se vai viver em todos os centros de investigação afectos à Fundação para a Ciência e Tecnologia que espera, a 11 de Abril, os relatórios das actividades desenvolvidas em 2018-2023 e o projecto estratégico para o período 2025-2029.
Quando esta newsletter for divulgada, já fechou ou estará a fechar a primeira edição do Concurso FCT-Tenure, cujo propósito fundamental consiste na estabilização de carreiras, na estabilização das carreiras de uma (quase) geração de (alguns já não tão) jovens investigadores que tendo beneficiado do grande investimento europeu feito, nas primeiras décadas do século XX, na formação avançada não encontraram, apesar das habilitações adquiridas, postos de trabalho estáveis onde estas competências possam ser efectivamente empregues na produção de valor acrescentado… Neste campo, a UNIARQ, como unidade orgânica da Faculdade de Letras de Lisboa, espera através da candidatura da Escola alinhar com a Estrutura de Missão Recuperar Portugal (EMRP), no propósito, duplo, de robustecer a equipa de Investigação, consolidar áreas de trabalho ainda embrionárias e estabilizar carreiras, num propósito que é em simultâneo cientifico e social.
No mês que termina, a actividade da UNIARQ foi marcada pelo início de mais um ciclo Arqueologia em Construção, encontro de estudantes de doutoramento da UNIARQ e onde os bolseiros Cátia Delicado, André Gadanho e Sara Simões apresentaram o estado dos seus projectos. Foram abordados os espaços funerários neolíticos e calcolíticos, as cerâmicas finas da cidade romana de Mérida e as paisagens africanas do tráfico de escravos. A diversidade temática demonstra a efectiva ampliação da agenda do Centro de Arqueologia que à investigação sobre Pré-história e período Romano acrescenta as linhas sobre o mundo moderno e contemporâneo, que agora se consolidam com a chegada de um Investigador de Pós-Doutoramento, Fernando Mouta que inicia, no quadro do projecto Ecofreedom, a sua bolsa.
A actividade dos jovens bolseiros da UNIARQ fica também demonstrada na estadia de Ana Beatriz Santos no Instituto Max Planck, na Alemanha e a estância na UNIARQ, e no Museu Arqueológico do Carmo, de Rodrigo Paulos Bravo, da Universidade Complutense de Madrid. Esta mobilidade entre equipas e centros de investigação é fundamental à construção da ciência arqueológica que assenta em artefactos como as Pontas de Palmela apresentadas por Cátia Delicado e em restos faunísticos, como o material ictiológico estudado por Miguel Rodrigues.
Mas em Março, e se não vamos, definitivamente, para o Ceará, assinala-se também o Dia Internacional das Mulheres. Se em algumas áreas do Mundo Ocidental pode parecer redundante celebrar esta data, atendendo à crescente presença de mulheres em todos os domínios de actividade, em Arqueologia não esquecemos aquelas que antes de nós combateram para que também fosse possível às mulheres, em igualdade de circunstâncias, aceder à Universidade, optar por licenciaturas tradicionalmente masculinas, dirigir trabalhos de campo e equipas de investigação. Obrigada.
Não esquecemos também que, hoje, a muitas mulheres (e também a muitos homens) estes caminhos estão vedados. Continuaremos a lutar para construir sociedades mais igualitárias.
Abre-se este Editorial citando, em versão adaptada, um verso de Chico Buarque, com o qual se quer aludir, quando apresentado na negativa, ao período de intenso trabalho que ao longo deste mês se vai viver em todos os centros de investigação afectos à Fundação para a Ciência e Tecnologia que espera, a 11 de Abril, os relatórios das actividades desenvolvidas em 2018-2023 e o projecto estratégico para o período 2025-2029.
Quando esta newsletter for divulgada, já fechou ou estará a fechar a primeira edição do Concurso FCT-Tenure, cujo propósito fundamental consiste na estabilização de carreiras, na estabilização das carreiras de uma (quase) geração de (alguns já não tão) jovens investigadores que tendo beneficiado do grande investimento europeu feito, nas primeiras décadas do século XX, na formação avançada não encontraram, apesar das habilitações adquiridas, postos de trabalho estáveis onde estas competências possam ser efectivamente empregues na produção de valor acrescentado… Neste campo, a UNIARQ, como unidade orgânica da Faculdade de Letras de Lisboa, espera através da candidatura da Escola alinhar com a Estrutura de Missão Recuperar Portugal (EMRP), no propósito, duplo, de robustecer a equipa de Investigação, consolidar áreas de trabalho ainda embrionárias e estabilizar carreiras, num propósito que é em simultâneo cientifico e social.
No mês que termina, a actividade da UNIARQ foi marcada pelo início de mais um ciclo Arqueologia em Construção, encontro de estudantes de doutoramento da UNIARQ e onde os bolseiros Cátia Delicado, André Gadanho e Sara Simões apresentaram o estado dos seus projectos. Foram abordados os espaços funerários neolíticos e calcolíticos, as cerâmicas finas da cidade romana de Mérida e as paisagens africanas do tráfico de escravos. A diversidade temática demonstra a efectiva ampliação da agenda do Centro de Arqueologia que à investigação sobre Pré-história e período Romano acrescenta as linhas sobre o mundo moderno e contemporâneo, que agora se consolidam com a chegada de um Investigador de Pós-Doutoramento, Fernando Mouta que inicia, no quadro do projecto Ecofreedom, a sua bolsa.
A actividade dos jovens bolseiros da UNIARQ fica também demonstrada na estadia de Ana Beatriz Santos no Instituto Max Planck, na Alemanha e a estância na UNIARQ, e no Museu Arqueológico do Carmo, de Rodrigo Paulos Bravo, da Universidade Complutense de Madrid. Esta mobilidade entre equipas e centros de investigação é fundamental à construção da ciência arqueológica que assenta em artefactos como as Pontas de Palmela apresentadas por Cátia Delicado e em restos faunísticos, como o material ictiológico estudado por Miguel Rodrigues.
Mas em Março, e se não vamos, definitivamente, para o Ceará, assinala-se também o Dia Internacional das Mulheres. Se em algumas áreas do Mundo Ocidental pode parecer redundante celebrar esta data, atendendo à crescente presença de mulheres em todos os domínios de actividade, em Arqueologia não esquecemos aquelas que antes de nós combateram para que também fosse possível às mulheres, em igualdade de circunstâncias, aceder à Universidade, optar por licenciaturas tradicionalmente masculinas, dirigir trabalhos de campo e equipas de investigação. Obrigada.
Não esquecemos também que, hoje, a muitas mulheres (e também a muitos homens) estes caminhos estão vedados. Continuaremos a lutar para construir sociedades mais igualitárias.
NOTÍCIAS
Primeira Sessão do Ciclo "Arqueologia em Construção 9 - 2024"
Em Fevereiro de 2024, a UNIARQ deu continuidade ao ciclo de conferências “Arqueologia em Construção”, um evento concebido com o objetivo de fomentar a interação entre investigadores de distintas temáticas e cronologias, proporcionando, em simultâneo, a divulgação de projetos actualmente em curso. Este nono ciclo foca, de forma mais específica, a investigação que tem vindo a ser realizada no quadro dos projectos de doutoramento.
O primeiro evento deste ano, realizado em 21 de Fevereiro, na Faculdade de Letras, contou com as apresentações de Cátia Delicado, sobre “As grutas do Carvalhal de Aljubarrota (Alcobaça): problemáticas no estudo de coleções antigas e novas perspectivas de campo”, André Gadanho, sobre “A produção de cerâmicas de paredes finas emeritenses: novos dados a partir da análise de contextos em Augusta Emerita”, e ainda de Sara Simões, focada nas “Topografias do tráfico negreiro: Pensando as paisagens da escravidão na região de Cacheu, Guiné-Bissau, do século XVI aos dias de hoje”, focando cronologias, temáticas e geografias diversificadas. Este ciclo da “Arqueologia em Construção 9” contará com outras duas sessões em 2024, agendadas para Março e Abril deste ano. Mais informação em www.uniarq.net/arqueologiaconstrucao9.html. |
Elisa de Sousa
Campanha arqueológica em Alcatraz, Ilha de Santiago, Cabo Verde
Entre os meses de Janeiro e Fevereiro decorreu mais uma campanha de escavações dos sítios arqueológicos da Baía de Alcatraz, em Santiago. Localizados na zona oriental da ilha, aqui terá funcionado a Capitania Norte, de acordo com a divisão administrativa do início de ocupação de Santiago, em 1462.
A campanha arqueológica deu continuação aos trabalhos que decorreram em anos anteriores, em duas áreas da Baía: a Sul da Igreja de Nossa Senhora da Luz ampliou-se a área de escavação do que corresponde a uma ocupação datada entre finais do século XV e inícios do século XVI, segundo os vestígios materiais recolhidos (Sítio 1). A Norte da Igreja, continuaram as escavações do assentamento datado do século XVII, onde a presença africana é predominante, e visível, nomeadamente, através da significativa existência de cerâmicas de produção local e regional (Sítio 3). |
O estudo destes sítios tem procurado contribuir para a compreensão dos processos e dinâmicas de colonização e exploração das ilhas cabo-verdianas. Por outro lado, procura também contribuir para o enquadramento destes lugares nas rotas de turismo histórico e cultural da ilha.
Estes trabalhos decorrem no âmbito de um projecto de parceria entre o Instituto do Património Cultural (IPC) de Cabo Verde e o McDonald Institute for Archaeological Research da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, com o apoio da Câmara Municipal de São Domingos. O projecto é coordenado pela directora dos Monumentos e Sítios do IPC, Samira Silva Baessa, com direcção de Marie Louise Sørensen e Christopher Evans, conta com a colaboração da investigadora da UNIARQ Sara Simões, e de vários elementos da comunidade da Baía. |
Sara Simões
Ana Beatriz Santos no Max Planck
Desde o dia 5 de Fevereiro e até ao dia 7 de Março, a bolseira de doutoramento da UNIARQ Ana Beatriz Santos, encontra-se no Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology, em Jena e Leipzig, para realizar um treino intensivo sobre ZooMS (Zooarchaeology by Mass Spectrometry), sobre a supervisão do Dr. Roshan Paladugu.
Análises por ZooMS usam o colagénio tipo I presente nos restos animais (osso, dentes e pele) para se fazer uma identificação taxonómica. Uma análise típica de ZooMS necessita de uma amostra de 20mg de um elemento de fauna do qual o colagénio de tipo I vai ser extraído e subsequentemente digerido com a enzima tripsina. A molécula de colagénio digerida é depois usada no espectrômetro de massa (MALDI-TOF-MS [Matrix-Assisted Laser Desorption Time-Of-Flight Mass Spectrometry]) para gerar um único marcador (peptide mass fingerprinting (pmf)), que é o marcador de diagnóstico. |
Esta formação incluiu uma introdução teórica, a realização dos protocolos de segurança em laboratório, os procedimentos a efectuar para a preparação e extração de amostras e todos os passos laboratoriais seguintes até à obtenção dos dados finais para poder fazer a distinção entre espécies.
A bolseira realizou ainda uma apresentação do seu trabalho aos demais investigadores que inserem o grupo Microbiome Sciences, liderado pela Prof. Dr. Christina Warinner, do departamento Archaeogenetics.
O balanço desta deslocação foi bastante positivo tendo a bolseira adquirido vários novos conhecimentos que poderá aplicar no seu projecto de tese, sendo toda a formação realizada inclusive com amostras de sítios da sua tese.
Esta formação foi realizada no âmbito do projecto B-Roman, financiado pela FCT, no qual a bolseira se encontra integrada como investigadora (https://b-romanproject.weebly.com/team--equipa.html). Este projecto tem como objetivo compreender a forma como os recursos biológicos foram explorados e integrados no modelo económico e de rentabilização territorial utilizado na Lusitânia Romana.
A bolseira realizou ainda uma apresentação do seu trabalho aos demais investigadores que inserem o grupo Microbiome Sciences, liderado pela Prof. Dr. Christina Warinner, do departamento Archaeogenetics.
O balanço desta deslocação foi bastante positivo tendo a bolseira adquirido vários novos conhecimentos que poderá aplicar no seu projecto de tese, sendo toda a formação realizada inclusive com amostras de sítios da sua tese.
Esta formação foi realizada no âmbito do projecto B-Roman, financiado pela FCT, no qual a bolseira se encontra integrada como investigadora (https://b-romanproject.weebly.com/team--equipa.html). Este projecto tem como objetivo compreender a forma como os recursos biológicos foram explorados e integrados no modelo económico e de rentabilização territorial utilizado na Lusitânia Romana.
Ana Beatriz Santos
Investigador@s da UNIARQ participam na organização do EuroWeb Digital Atlas Hackathon – Southern Europe Edition na Universidade de Granada
Nos dias 19 e 20 de Fevereiro realizou-se na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Granada (Espanha) o EuroWeb Digital Atlas Hackathon – Southern Europe Edition. Este evento foi promovido pela Acção COST EuroWeb – Europe Through Textiles (CA19131) e pelo Projecto TEXLUS – La Economia del artesanado textil en la Lusitania Romana. A organização esteve a cargo de Macarena Bustamante-Alvárez (Universidade de Granada / UNIARQ), Catarina Costeira (UNIARQ), Francisco B Gomes (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa / UNIARQ) e Alina Iancu (Instituto Nacional do Património da Roménia).
À semelhança da primeira edição realizada em 2023 no Museu de História Natural de Viena, Áustria, este hackathon teve como principal objetivo a preparação e introdução de dados no Atlas Digital do Património Têxtil Europeu, uma plataforma que pretende mapear, sistematizar e disseminar o património têxtil europeu, desde a Pré-história ao século XX.
A edição realizada em Granada foi dedicada à Europa do Sul e contou com a participação de investigadores da Albânia, Itália, Portugal e Espanha, tendo sido introduzida informação sobre têxteis, instrumentos têxteis e oficinas de produção de cronologia pré-histórica, proto-histórica e romana.
À semelhança da primeira edição realizada em 2023 no Museu de História Natural de Viena, Áustria, este hackathon teve como principal objetivo a preparação e introdução de dados no Atlas Digital do Património Têxtil Europeu, uma plataforma que pretende mapear, sistematizar e disseminar o património têxtil europeu, desde a Pré-história ao século XX.
A edição realizada em Granada foi dedicada à Europa do Sul e contou com a participação de investigadores da Albânia, Itália, Portugal e Espanha, tendo sido introduzida informação sobre têxteis, instrumentos têxteis e oficinas de produção de cronologia pré-histórica, proto-histórica e romana.
Na sequência desta bem-sucedida edição, irá realizar-se entre os dias 10 e 12 de março uma terceira edição desta série de eventos em Tartu (Estónia) – o EuroWeb Digital Atlas Hackathon – Northern Europe Edition – que permitirá ampliar os dados do Atlas, adicionando novos elementos do património têxtil do Norte da Europa.
Estes eventos presenciais têm permitido realizar melhoramentos e aumentar a informação disponível no Digital Atlas do Património Têxtil Europeu, constituindo também uma oportunidade para a discussão e troca de experiências e metodologias de trabalho entre os investigadores envolvidos, promovendo também futuras colaborações em torno desta inovadora plataforma e dos dados nela contidos.
Estes eventos presenciais têm permitido realizar melhoramentos e aumentar a informação disponível no Digital Atlas do Património Têxtil Europeu, constituindo também uma oportunidade para a discussão e troca de experiências e metodologias de trabalho entre os investigadores envolvidos, promovendo também futuras colaborações em torno desta inovadora plataforma e dos dados nela contidos.
Catarina Costeira e Francisco B. Gomes
INVESTIGAÇÃO NA UNIARQ
Miguel Rodrigues - Bolseiro de Doutoramento UNIARQ/FCT (UI/BD/154341/2023)
Peixes e as comunidades humanas: uma perspetiva Zooarqueológica, Biológica e Cultural
A posição geográfica do território atualmente português, conta com uma grande componente marítima e dulciaquícola, estando presente e intrínseca nas suas comunidades, uma forte relação com a água e com os seus recursos. Posto isto, apesar de constituírem uma fonte alimentar de origem selvagem a considerar, o estudo dos peixes em contexto arqueológico é, ainda, algo periférico em Portugal.
De modo a atenuar esta lacuna, este projeto tem como principal objetivo realizar a análise da ictiofauna recuperada em sítios arqueológicos, tendo sido, neste caso, selecionado o sítio arqueológico da Quinta do Almaraz (Almada). Ademais, propõe-se também a realizar a revisão de dados publicados nas áreas da zooarqueologia, história e biologia, tendo em conta a abundância, a pesca e o processamento a que o peixe foi sujeito, e a preparar novos espécimes para a coleção osteológica de referência do Laboratório de Arqueociências (LARC), para a diversificação dos tamanhos da osteoteca, de modo, a posteriormente criar fórmulas de regressão que permitam a estimativa do tamanho individual/massa corporal de certas espécies a partir dos restos esqueléticos recuperados em sítios arqueológicos.
De modo a atenuar esta lacuna, este projeto tem como principal objetivo realizar a análise da ictiofauna recuperada em sítios arqueológicos, tendo sido, neste caso, selecionado o sítio arqueológico da Quinta do Almaraz (Almada). Ademais, propõe-se também a realizar a revisão de dados publicados nas áreas da zooarqueologia, história e biologia, tendo em conta a abundância, a pesca e o processamento a que o peixe foi sujeito, e a preparar novos espécimes para a coleção osteológica de referência do Laboratório de Arqueociências (LARC), para a diversificação dos tamanhos da osteoteca, de modo, a posteriormente criar fórmulas de regressão que permitam a estimativa do tamanho individual/massa corporal de certas espécies a partir dos restos esqueléticos recuperados em sítios arqueológicos.
O projeto foi iniciado há cerca de um ano e, até ao momento, já foi realizada e publicada a revisão da literatura referente às jazidas arqueológicas de Portugal continental para listar a presença de peixes dulciaquícolas e migradoras no território. Foram também esqueletizados 129 espécimes de peixes de água doce e migradores, de 26 taxa distintas, adquiridos em saídas de campo a partir de amostragens biológicas realizadas pela equipa de investigação em peixes dulciaquícolas e invasoras do MARE-FCUL. Estes exemplares estão atualmente a ser incluídos na Osteoteca do LARC.
Ao mesmo tempo está em curso a análise dos restos ictioarqueológicos da Quinta do Almaraz, estudo este que se encontra ainda em fase preliminar, tendo-se focado primeiramente na identificação (tanto do osso como do taxa a que o osso pertenceria) e na recolha de dados osteométricos de certos elementos osteológicos para, posteriormente, avaliar o tamanho individual do peixe e aferir os padrões de captura, de processamento e de consumo da comunidade que usufruiu deste recurso. Até à data já foram analisados mais de 8000 ossos, dos quais, cerca de 1500 puderam ser identificados taxonomicamente, existindo, ao que tudo indica um grande apreço pelo grupo dos sparídeos (douradas, pargos, capatões…), das tainhas e até congros. Contudo, sendo dados preliminares, estes estão abertos a mudança ao longo do tempo e o que se verifica hoje poderá não ser o mesmo que se verificará amanhã.
Este projeto de investigação está a ser financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e sob orientação de Ana Margarida Arruda (UNIARQ), Sónia Gabriel (UNIARQ, LARC) e Filipe Ribeiro (FCUL, MARE).
Este projeto de investigação está a ser financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e sob orientação de Ana Margarida Arruda (UNIARQ), Sónia Gabriel (UNIARQ, LARC) e Filipe Ribeiro (FCUL, MARE).
INVESTIGADOR VISITANTE NA UNIARQ
Rodrigo Paulos Bravo (Universidad Complutense de Madrid)
Rodrigo Paulos Bravo, investigador de pré-doutoramento na Universidade Complutense de Madrid, está a realizar uma estadia de investigação de três meses na Universidade de Lisboa, sob a tutela de Mariana Diniz. O seu objectivo principal é o estudo das cerâmicas campaniformes de tipo Ciempozuelos de toda a fachada atlântica da Península Ibérica. A análise destes materiais permitirá uma visão mais geral das fases mais tardias do fenómeno campaniforme, bem como das dinâmicas sociais que se desenvolviam de um lado e de outro da actual fronteira (fronteira essa que, naturalmente, não existia no Calcolítico). Actualmente estuda os materiais do sítio calcolítico fortificado de Vila Nova de São Pedro (Azambuja), depositados no Museu Arqueológico do Carmo, sob a égide da Associação dos Arqueólogos Portugueses. O sítio de Vila Nova de São Pedro é actualmente objeto do Projecto "Vila Nova de São Pedro, de novo no 3º milénio (VNSP3000)", dirigido por Mariana Diniz, Andrea Martins e César Neves, do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ), e por José Arnaud, presidente da Associação dos Arqueológos Portugueses.
PROTOCOLOS E PARCERIAS
Protocolo com o Município da Azambuja (VNSP3000)
Em 2022 foi assinado um protocolo institucional entre a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o Município da Azambuja, consolidando a colaboração que tem sido levada a cabo desde 2017 no âmbito do projecto VNSP3000. Este projecto, de responsabilidade científica de investigadores da UNIARQ - Mariana Diniz, Andrea Martins e César Neves, juntamente com José Morais Arnaud da Associação dos Arqueólogos Portugueses -, tem como objectivo o estudo do povoado calcolítico de Vila Nova de São Pedro, numa abordagem interdisciplinar. Diversas acções de colaboração com o Município foram já realizadas, desde o apoio logístico aos trabalhos de campo, acções de divulgação do conhecimento produzido e de Arqueologia Pública, bem como consultoria científica e apoio a publicações. Destacamos a coordenação dos conteúdos museográficos da sala dedicada a Vila Nova de São Pedro no Museu Municipal Sebastião Mateus Arenque, e ainda, a primeira fase de requalificação deste Monumento Nacional, financiada pelo município com acompanhamento da equipa de investigadores do projecto VNSP 3000. Esta simbiose entre duas instituições mostra-se assim uma mais-valia e uma aposta ganha para a protecção do Património da Azambuja.
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Mariana Diniz, Andrea Martins, César Neves e José M. Arnaud
PEÇA DO MÊS
Pontas Palmela da Colecção das Grutas de Alcobaça
Proveniência: grutas do Carvalhal de Aljubarrota
Cronologia: 3º milénio a.n.e.
Trabalhos arqueológicos: Manuel Vieira Natividade (1880-1900)
Local de depósito: Mosteiro de Alcobaça
Contexto e descrição: O vale do Carvalhal de Aljubarrota é conhecido particularmente pela presença de inúmeras grutas com utilização em época pré-histórica, intervencionadas entre 1886 e 1900, por Manuel Vieira Natividade (Natividade,1901).
As intervenções nas grutas do vale do Carvalhal, correspondem ao primeiro bloco de escavações neste tipo de contexto em Portugal, a par das intervenções nas grutas da Furninha, Casa da Moura e Lapa Furada, por Nery Delgado.
A monografia relativa às grutas de Alcobaça, publicada na revista Portvgália, descreve os achados das grutas localizadas no interior do vale do Carvalhal de Aljubarrota (como Calatras Alta, Média e Baixa, Cabeço Rastinho, Casa da Génia; Pena da Velha, Ervideira, Mosqueiros Alta e Baixa e Ministra Alta, Média e Baixa) e outras em áreas limítrofes (como Cadoiço, Vale do Touro, Lagoa do Cão e Redondas/Algar de João Ramos) (Natividade, 1901).
A maior parte dos artefactos metálicos como as pontas «tipo Palmela» proveio efectivamente da gruta das Redondas, contudo, Natividade menciona a presença de pontas Palmela e artefactos metálicos noutras cavidades do vale como Cabeço Rastinho, Ministra Baixa e Média e Pena da Velha. Assim, as pontas identificadas na colecção de Vieira Natividade correspondem a dois conjuntos. O primeiro corresponde aos sete exemplares estudados por Senna-Martinez na sua publicação relativa ao enterramento da gruta das Redondas (Senna-Martinez et al., 2017), e o segundo, sem qualquer tipo de correspondência, composto por seis pontas indicadas como pertencendo genericamente "ao vale do Carvalhal de Aljubarrota).
Os treze exemplares foram estudados e incluídos nos três tipos e subtipos propostos por Delibes de Castro, desde o Tipo A ao Tipo C.
Ainda assim, a colecção de Alcobaça veio acrescentar novidades às tipologias conhecidas, surgindo aquilo que parece ser um subtipo dentro da tipologia C - folha romboidal, com pedúnculo plano e comprido.
Provém então da gruta das Redondas (MVN.5495) uma ponta que apresenta pedúnculo com remate prismático, caso observado também num outro fragmento proveniente de uma das grutas do vale sem indicação mais precisa (MVN.5595).
Cronologia: 3º milénio a.n.e.
Trabalhos arqueológicos: Manuel Vieira Natividade (1880-1900)
Local de depósito: Mosteiro de Alcobaça
Contexto e descrição: O vale do Carvalhal de Aljubarrota é conhecido particularmente pela presença de inúmeras grutas com utilização em época pré-histórica, intervencionadas entre 1886 e 1900, por Manuel Vieira Natividade (Natividade,1901).
As intervenções nas grutas do vale do Carvalhal, correspondem ao primeiro bloco de escavações neste tipo de contexto em Portugal, a par das intervenções nas grutas da Furninha, Casa da Moura e Lapa Furada, por Nery Delgado.
A monografia relativa às grutas de Alcobaça, publicada na revista Portvgália, descreve os achados das grutas localizadas no interior do vale do Carvalhal de Aljubarrota (como Calatras Alta, Média e Baixa, Cabeço Rastinho, Casa da Génia; Pena da Velha, Ervideira, Mosqueiros Alta e Baixa e Ministra Alta, Média e Baixa) e outras em áreas limítrofes (como Cadoiço, Vale do Touro, Lagoa do Cão e Redondas/Algar de João Ramos) (Natividade, 1901).
A maior parte dos artefactos metálicos como as pontas «tipo Palmela» proveio efectivamente da gruta das Redondas, contudo, Natividade menciona a presença de pontas Palmela e artefactos metálicos noutras cavidades do vale como Cabeço Rastinho, Ministra Baixa e Média e Pena da Velha. Assim, as pontas identificadas na colecção de Vieira Natividade correspondem a dois conjuntos. O primeiro corresponde aos sete exemplares estudados por Senna-Martinez na sua publicação relativa ao enterramento da gruta das Redondas (Senna-Martinez et al., 2017), e o segundo, sem qualquer tipo de correspondência, composto por seis pontas indicadas como pertencendo genericamente "ao vale do Carvalhal de Aljubarrota).
Os treze exemplares foram estudados e incluídos nos três tipos e subtipos propostos por Delibes de Castro, desde o Tipo A ao Tipo C.
Ainda assim, a colecção de Alcobaça veio acrescentar novidades às tipologias conhecidas, surgindo aquilo que parece ser um subtipo dentro da tipologia C - folha romboidal, com pedúnculo plano e comprido.
Provém então da gruta das Redondas (MVN.5495) uma ponta que apresenta pedúnculo com remate prismático, caso observado também num outro fragmento proveniente de uma das grutas do vale sem indicação mais precisa (MVN.5595).
Comentário: A diferença no tamanho e peso destas peças parece ser até ao momento uma das melhores explicações para a variedade tipológica e funcionalidade das pontas, parecendo tratar-se de um tipo de artefacto metálico bastante estandardizado, que circulou amplamente e numa vasta área geográfica, surgindo com grande expressão na Península Ibérica.
Não temos dúvidas que aparecem em distintos contextos de carácter habitacional, funerário, em rotas e percursos comerciais e culturais, sendo certo que, os diferentes tipos coexistiram num dado momento, alcançando uma expressiva dispersão geográfica por toda a Europa e constituem referências incontornáveis do Campaniforme Europeu.
É pertinente rever as tipologias e olhar a presença e ausência das pontas Palmela em distintos contextos funerários, habitacionais e outros (como achados isolados), quais as cronologias e conjuntos materiais a que se associam, nomeadamente o denominado «pacote Campaniforme». A colecção de Vieira Natividade hoje integrada no Mosteiro de Alcobaça vem demonstrar a importância das investigações actuais revisitarem colecções e estudos antigos. Neste caso, as duas pontas enquadradas no tipo C, com pedúnculo prismático, um deles com extremidade aguçada, terminando em espigão, obriga a uma reflexão sobre as tipologias conhecidas, de forma a perceber melhor o processo operatório de produção e acabamento, repensando mais uma vez a sua funcionalidade.
Uma vez que no universo de 342 pontas conhecidas e provenientes de contextos em Portugal, apenas estas duas exibem estas características, será válido apontar a hipótese de existência de uma variante tipológica local/regional? Serão estas duas pontas resultado de um acidente de produção ou da vontade do artesão que as produziu? Se assim for, porque aparecem em duas grutas distintas? O pedúnculo prismático registado nos dois exemplares de folha romboidal, pedúnculo plano e alongado, traduz alguma evolução tecnológica ou faseamento cronológico mais tardio?
As pontas Palmela recolhidas por M. Vieira Natividade na área de Alcobaça são na generalidade oriundas de grutas utilizadas como espaços funerários, possivelmente desde o Neolítico Antigo até à Idade do Bronze como nos parece demonstrar o conjunto artefactual depositado no Mosteiro de Alcobaça.
[Texto adaptado de Santos, M. T.; Delicado, C.; Costeira, I. (2023) - Um Contributo para o estudo das Pontas Palmela das «Grutas de Alcobaça». IV Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Arqueologia em Portugal: 2023 - Estado da Questão. Coimbra,pp.179-194.]
Não temos dúvidas que aparecem em distintos contextos de carácter habitacional, funerário, em rotas e percursos comerciais e culturais, sendo certo que, os diferentes tipos coexistiram num dado momento, alcançando uma expressiva dispersão geográfica por toda a Europa e constituem referências incontornáveis do Campaniforme Europeu.
É pertinente rever as tipologias e olhar a presença e ausência das pontas Palmela em distintos contextos funerários, habitacionais e outros (como achados isolados), quais as cronologias e conjuntos materiais a que se associam, nomeadamente o denominado «pacote Campaniforme». A colecção de Vieira Natividade hoje integrada no Mosteiro de Alcobaça vem demonstrar a importância das investigações actuais revisitarem colecções e estudos antigos. Neste caso, as duas pontas enquadradas no tipo C, com pedúnculo prismático, um deles com extremidade aguçada, terminando em espigão, obriga a uma reflexão sobre as tipologias conhecidas, de forma a perceber melhor o processo operatório de produção e acabamento, repensando mais uma vez a sua funcionalidade.
Uma vez que no universo de 342 pontas conhecidas e provenientes de contextos em Portugal, apenas estas duas exibem estas características, será válido apontar a hipótese de existência de uma variante tipológica local/regional? Serão estas duas pontas resultado de um acidente de produção ou da vontade do artesão que as produziu? Se assim for, porque aparecem em duas grutas distintas? O pedúnculo prismático registado nos dois exemplares de folha romboidal, pedúnculo plano e alongado, traduz alguma evolução tecnológica ou faseamento cronológico mais tardio?
As pontas Palmela recolhidas por M. Vieira Natividade na área de Alcobaça são na generalidade oriundas de grutas utilizadas como espaços funerários, possivelmente desde o Neolítico Antigo até à Idade do Bronze como nos parece demonstrar o conjunto artefactual depositado no Mosteiro de Alcobaça.
[Texto adaptado de Santos, M. T.; Delicado, C.; Costeira, I. (2023) - Um Contributo para o estudo das Pontas Palmela das «Grutas de Alcobaça». IV Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Arqueologia em Portugal: 2023 - Estado da Questão. Coimbra,pp.179-194.]
Bibliografia:
Natividade, Manuel Vieira (1901) – Grutas de Alcobaça. Materiaes para o estudo do Homem. Porto. Imprensa Moderna.
Senna-Martinez, João Carlos; Luís, Elsa; Matos, Rita; Valério, Pedro; Araújo, Maria Fátima; Tereso, João; Costeira, Isabel (2017) - O Enterramento da Idade do Bronze da Gruta das Redondas (Carvalhal de Aljubarrota): um Contributo para o Estudo do Bronze antigo na Estremadura Atlântica. In Arnaud, J. M. e Martins, A.(eds.) - Arqueologia em Portugal / 2017 – Estado da Questão. Lisboa. Associação dos Arqueólogos Portugueses, pp.833-847.
Natividade, Manuel Vieira (1901) – Grutas de Alcobaça. Materiaes para o estudo do Homem. Porto. Imprensa Moderna.
Senna-Martinez, João Carlos; Luís, Elsa; Matos, Rita; Valério, Pedro; Araújo, Maria Fátima; Tereso, João; Costeira, Isabel (2017) - O Enterramento da Idade do Bronze da Gruta das Redondas (Carvalhal de Aljubarrota): um Contributo para o Estudo do Bronze antigo na Estremadura Atlântica. In Arnaud, J. M. e Martins, A.(eds.) - Arqueologia em Portugal / 2017 – Estado da Questão. Lisboa. Associação dos Arqueólogos Portugueses, pp.833-847.
Cátia Saque Delicado
AGENDA
Ciclo " Conversas na Capela"
«O Estudo dos cachimbos como Artefacto Arqueológico» por João Pimenta (MNA/MMP, UNIARQ) 2 de Março | 21h30 Núcleo Museológico da Capela do Espirito Santo dos Mareantes, Sesimbra Mais informações AQUI |
Seminário
Mulheres na Arqueologia: (estrati)grafias 2 6 de Março Sociedade de Geografia de Lisboa e Zoom Entrada Livre |
Aula Aberta / Conferência
«O Crânio da Aroeira» por João Zilhão (FCT, UNIARQ/FLUL) 14 de Março | 12h30 Anfiteatro 4 | FLUL Entrada Livre |
I Encontro Nacional de Arqueologia Marítima e Subaquática
14 a 16 de Março Museu Arqueológico do Carmo | Museu de Marinha | FCSH da Universidade Nova de Lisboa Programa AQUI |
VII Congresso Internacional
Sociedad de Estudios de la Cerámica Antigua en Hispania (SECAH) INSCRIÇÕES ATÉ 31 DE MARÇO 15 a 18 de Maio FLUL e FCSH-UNL Mais informação e inscrições AQUI |
Participações em Congressos, Colóquios e Conferências
Conferência Internacional "Race and Slavery Narratives in the European Colonial Empires. Interdisciplinary Approaches (15th-20th centuries)"
«Between narratives of slavery and memories of racial violence: an archaeological ethnography along Cacheu River, Guinea-Bissau.» Comunicação de Sara Simões 31 de Janeiro a 2 de Fevereiro | Cidade da Praia, Cabo Verde «Olisipo, o grande porto romano da fachada atlântica. Economia e comércio entre a República e o Principado»
Conferência de Victor Filipe 16 de Fevereiro | Museu Arqueológico do Carmo, Lisboa Euroweb Digital Atlas Hackaton: Souhtern Europe Edition
Organização de Macarena Bustamante-Álvarez, Catarina Costeira, Francisco B. Gomes e Alina Iancu 19 e 20 de Fevereiro | Granada, Espanha |
Arqueologia em Construção 9 (2024): Sessão 1
Participação de Cátia Delicado, André Gadanho e Sara Simões 21 de Fevereiro | Faculdade de Letras de Lisboa Seminário "Arqueologia da Morte" (Mestrado em Arqueologia FLUL)
«Arqueologias de um espaço funerário» Aula Aberta/Conferência de Ana Cristina Araújo 23 de Fevereiro | Faculdade de Letras de Lisboa Disciplina "Sociedades de Caçadores Recolectores da Península Ibérica" (Licenciatura em Arqueologia FLUL)
«Neandertais na Península Ibérica: história, dinâmicas e legado» Aula Aberta/Conferência de Telmo Pereira 29 de Fevereiro | Faculdade de Letras de Lisboa |
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