Editorial
Nome, [Cargo] da UNIARQ
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CAMPO:
1. Orca 1 de Troviscos (Carregal do Sal). Neolítico Final e Bronze Antigo. Projecto NeoMEGA3: Antigas Sociedades Camponesas e Megalitismo na Plataforma do Mondego: Investigação, Recuperação, Integração e Valorização Patrimonial. José Quintã Ventura e Telma O. Ribeiro 2. Monumento da Víbora (Carregal do Sal). Bronze Final. Projecto NeoMEGA3: Antigas Sociedades Camponesas e Megalitismo na Plataforma do Mondego: Investigação, Recuperação, Integração e Valorização Patrimonial. José Quintã Ventura e Telma O. Ribeiro 3. Abrigo da Gruta da Buraca da Moira (Leiria). Neolítico Médio - Calcolítico Médio Necrópole; Paleolítico Superior. Projecto EcoPLis - Ecónonos Plistocénicos na Bacia do Rio Lis. Telmo Pereira 4. Abrigo da Senhora das Lapas (Tomar). Projecto ARQEVO2. Alexandre Varanda, Luis Gomes, João Zilhão e Filipa Rodrigues 5. Gruta do Caldeirão (Tomar). Paleolítico Médio/Superior. Projecto ARQEVO: Arqueologia e Evolução dos Primeiros Humanos na Fachada Atlântica da Península Ibérica. Luis Gomes, João Zilhão e Alexandre Varanda 6. Gruta do Aderno (Torres Novas). Paleolítico Inferior. Projecto Arqueologia e evolução dos primeiros humanos na fachada atlântica da Península Ibérica (ARQEVO 2). Henrique Matias, John Willman e João Zilhão 7. Lapa da Bugalheira (Torres Novas). Neolítico Antigo e Médio. Projecto ARQEVO: Arqueologia e Evolução dos Primeiros Humanos na Fachada Atlântica da Península Ibérica. Filipa Rodrigues e João Zilhão 8. Villa Cardílio (Torres Novas). Romano (I-V d.C.). Projecto Villa Cardílio: a romanização da bacia hidrográfica do Almonda. Victor Filipe 9. Concheiro - Fortim do Baleal 1 (Peniche). Mesolítico / Neolítico. Projecto Espaço e Tempo. Paleoambiente e Povoamento do 6º ao 3º milénio a.n.e na região de Peniche. Luis Rendeiro 10. Cidade Romana de Ammaia (Marvão). Romano. Projecto Anfiteatro da cidade Romana de Ammaia. Carlos Fabião, Amílcar Guerra e Catarina Viegas 11. Tapada de Mafra. Vários. Projecto PATM: Paisagens Antigas da Tapada de Mafra. Ana Catarina Sousa e Marta Miranda 14. Castelo Velho de Safara (Moura). Romano Republicano, Idade do Ferro, Calcolítico. Projecto FOMEGA II. Mariana Nabais e Rui Monge Soares 15. Ciudad de Vascos (Toledo, Espanha). Medieval Islâmico. Jorge de Juan Ares LABORATÓRIO: 1. Orca 1 de Troviscos (Carregal do Sal). Neolítico Final e Bronze Antigo. Projecto NeoMEGA3: Antigas Sociedades Camponesas e Megalitismo na Plataforma do Mondego: Investigação, Recuperação, Integração e Valorização Patrimonial. José Quintã Ventura e Telma O. Ribeiro |
2. Monumento da Víbora (Carregal do Sal). Bronze Final. Projecto NeoMEGA3: Antigas Sociedades Camponesas e Megalitismo na Plataforma do Mondego: Investigação, Recuperação, Integração e Valorização Patrimonial. José Quintã Ventura e Telma O. Ribeiro
3. Abrigo da Gruta da Buraca da Moira (Leiria). Neolítico Médio - Calcolítico Médio Necrópole; Paleolítico Superior. Projecto EcoPLis - Ecónonos Plistocénicos na Bacia do Rio Lis. Telmo Pereira 4. Abrigo da Senhora das Lapas (Tomar). Projecto ARQEVO2. Alexandre Varanda, Luis Gomes, João Zilhão e Filipa Rodrigues 6. Gruta do Aderno (Torres Novas). Paleolítico Inferior. Projecto Arqueologia e evolução dos primeiros humanos na fachada atlântica da Península Ibérica (ARQEVO 2). Henrique Matias, John Willman e João Zilhão 8. Villa Cardílio (Torres Novas). Romano (I-V d.C.). Projecto Villa Cardílio: a romanização da bacia hidrográfica do Almonda. Victor Filipe 9. Concheiro - Fortim do Baleal 1 (Peniche). Mesolítico / Neolítico. Projecto Espaço e Tempo. Paleoambiente e Povoamento do 6º ao 3º milénio a.n.e na região de Peniche. Luis Rendeiro 10. Cidade Romana de Ammaia (Marvão). Romano. Projecto Anfiteatro da cidade Romana de Ammaia. Carlos Fabião, Amílcar Guerra e Catarina Viegas 12. Laboratório das Colecções da Arqueologia Colonial Portuguesa / FLUL. Paleolítico. Projecto Colecções da Arqueologia Colonial Portuguesa. João Pedro Cunha-Ribeiro e Paula Nascimento 13. Práticas de laboratório em Arqueologia - Idade do Ferro e período romano: estudo de materiais faunísticos e cerâmicos / FLUL. Idade do Ferro e Período Romano. Elisa de Sousa, Cleia Detry e Francisco B. Gomes |
Trabalhos Arqueológicos no Carregal do Sal
Terminaram no dia 10 de agosto os trabalhos arqueológicos na Orca 1 dos Troviscos (José Ventura) e Monumento da Víbora (Telma Ribeiro) com participação de alunos de Arqueologia e Antropologia da Universidade de Bournemouth, ao abrigo de uma parceria entre esta Universidade e a UNIARQ.
Até ao momento, os trabalhos permitiram a identificação de um momento da idade do Bronze regional, com um enterramento em possível cista na Orca 1 dos Troviscos, bem como a confirmação da reorientação do monumento através do seu corredor megalítico e a identificação de um corredor intra-tumular. Já no monumento da Víbora os trabalhos continuam a apresentar uma estrutura muito particular, apontando cada vez mais para um espaço sagrado monumentalizado. Apesar das várias violações ao monumento realizadas ao longo dos séculos, que não deixaram quaisquer U.E.s da sua utilização original conservadas no seu espaço central, mantém-se a possibilidade de se tratar de um monumento funerário tardio. No entanto, os vestígios deixados na sua rocha-base testemunham ainda uma ocupação anterior ou até outras possíveis funcionalidades do monumento, eventualmente relativas à mineração. |
José Ventura
in UNIARQ DIGITAL 91, Setembro de 2024
in UNIARQ DIGITAL 91, Setembro de 2024
Abrigo da Buraca da Moira (Leiria)
O Abrigo da Buraca da Moira (Boa Vista, Leiria) está situado num vale encaixado nos calcários da Serra d'Aire e Candeeiros, (que na atualidade se apresenta mais largo devido à extração de pedra e areias ao longo do tempo). Esta extração de pedra cortou a entrada de uma gruta, dando-lhe a aparência de um abrigo; daí o seu nome.
O sítio tem tido trabalhos de escavação arqueológica contínuos desde 2015 no âmbito do projeto EcoPLis - Ecótonos Plistocénicos do Rio Lis, cujo objetivo é compreender a forma como estes vales foram utilizados na Pré-história, principalmente nos momentos de crise climática. O sítio apresenta uma sequência de níveis arqueológicos que resultaram da utilização do sítio como acampamentos por grupos de Homo sapiens caçadores-recoletores do Gravetense, Solutrense e Epipaleolítico. Com a introdução de um modo de vida completamente diferente, baseado na agricultura e na pastorícia, o sítio ganhou novas funções e passou a ser utilizado como necrópole no Neolítico e no Calcolítico. A campanha de 2024 pretendeu alargar a área de escavação para responder a questões sobre os processos de formação dos depósitos, de que forma a gruta se desenvolve para o interior e também ampliar a coleção de artefactos e ecofactos tendo em vista a publicação dos resultados e a elaboração de trabalhos académicos pós-graduados. |
Telmo Pereira
in UNIARQ DIGITAL 92, Outubro de 2024
in UNIARQ DIGITAL 92, Outubro de 2024
Abrigo da Senhora das Lapas (Tomar)
Em Junho do presente ano continuaram os trabalhos no Abrigo da Senhora das Lapas, localizado no vale do Rio Nabão, a poucas centenas de metros da capela da Senhora das Lapas, na União de Freguesias de Além da Ribeira e Pedreira, concelho de Tomar. Trata-se de um abrigo sob rocha com ocupações pré-históricas já reconhecidas do fim do Paleolítico Superior (Magdalenense e Solutrense).
A identificação do sítio ocorreu em Outubro de 2021, por membros da equipa do projecto ARQEVO, à data a desenvolver trabalhos na Gruta do Caldeirão (CNS 1315), situada ~1.5 km a jusante. No talude da estrada de acesso ao complexo a equipa identificou materiais líticos e pequenos fragmentos de fauna associados a um depósito de abrigo parcialmente exposto pelos trabalhos de alargamento de um estradão de terra batida. No Verão de 2022 iniciaram-se os primeiros trabalhos de escavação no sítio, consistindo numa sondagem que confirmou a existência de níveis arqueológicos com uma abundante indústria lítica associada a restos de fauna, assim como alguns elementos de adorno. Desde então, alargou-se para sul a área de escavação, tendo aumentado muito a amostra de materiais arqueológicos. Nesta última campanha, atingiu-se a cota dos níveis da sondagem de 2022 em toda a área intervencionada. Em próximas campanhas pretende-se aprofundar a área de escavação, com o objectivo de reconhecer a sequência estratigráfica completa do abrigo. Os trabalhos arqueológicos no Abrigo da Senhora das Lapas contaram com a participação dos alunos da Licenciatura em Arqueologia da Faculdade de Letras de Lisboa, no âmbito da cadeira Trabalho de Campo e Laboratório, e de membros da associação PaleoAlmonda. A escavação foi apoiada pela UNIARQ e pela Associação PaleoAlmonda. |
Alexandre Varanda
in UNIARQ DIGITAL 89, Julho de 2024
in UNIARQ DIGITAL 89, Julho de 2024
Escavação da Gruta do Caldeirão, Tomar: 2024
A Gruta do Caldeirão (Pedreira, Tomar), escavada originalmente entre 1979 e 1988, apresenta uma importante sequência de ocupações do Plistocénico Superior e do início do Holocénico, cujos dados publicados são fundamentais para a compreensão de diversas fases da Pré-História no ocidente da Península Ibérica (Referências Bibliográficas 1-3). Desde 2021, vários investigadores da UNIARQ e membros da STEA e da PALEOALMONDA, contando com o abundante apoio de estudantes das Licenciatura e Mestrado em Arqueologia da FLUL, têm levado a cabo trabalhos de campo com o objectivo de aumentar o conjunto artefactual e ecofactual relactivo às fases de ocupação do Paleolítico Médio e do Paleolítico Superior Inicial, bem como de compreender em detalhe a sequência de formação do depósito sedimentar, principalmente o afecto às mais antigas fases que documentam ocupação humana. Em sequência dos dados obtidos tanto a partir de estudos sobre o conjunto proveniente das escavações de 1979-1988 como dos trabalhos de campo de 2021-2023 (já expostos em edições anteriores deste boletim), a escavação de 2024 procurou terminar os processos de escavação das sequências do Paleolítico Médio dos sectores “Vertente” e “Sala do Fundo” (Figura 1).
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No sector “Sala do Fundo” os trabalhos levados a cabo na década de 1980 permitiram observar c.1,5m de espessura de sedimento com evidência de restos de talhe de afinidades com o tecnocomplexo Mustierense e com datas consistentes com a sua atribuição ao Paleolítico Médio. Em 2024, e após escavação, entre 2021 e 2023, da sequência datada do Paleolítico Superior e do Holocenico, procurou-se aumentar a área de escavação do contexto do Paleolítico Médio (Figura 3). Os resultados permitiram, em acordo com os objetivos, um aumento substancial do conjunto material, sustentando, em linha com o identificado no sector “Vertente”, uma diversidade dos sistemas de produção artefactual documentados na gruta durante o Paleolítico Médio. Foram também identificados, no topo da sequência escavada em 2024, vários elementos de afinidades com o tecnocomplexo Aurignacense (aos quais se adiciona um outro, identificado durante as campanhas da década de 1980). Estes elementos confirmam, de forma inequívoca, a sua sistemática presença em posição estratigráfica clara e coerente.
O material recolhido em escavação está e continuará a ser estudado por vários investigadores da UNIARQ, com apoio significativo de estudantes da licenciatura e mestrado em Arqueologia da FLUL, bem como por investigadores de outras instituições de ensino superior, abarcando uma equipa de trabalho multidisciplinar.
O material recolhido em escavação está e continuará a ser estudado por vários investigadores da UNIARQ, com apoio significativo de estudantes da licenciatura e mestrado em Arqueologia da FLUL, bem como por investigadores de outras instituições de ensino superior, abarcando uma equipa de trabalho multidisciplinar.
Agradecimentos: UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa; PALEOALMONDA – Associação de estudos científicos; STEA – Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia; União de Freguesias de Além da Ribeira e Pedreira; Centro Social e Paroquial de Além da Ribeira; As escavações realizadas em 2021 e 2022 foram levadas a cabo dentro de projecto financiado pela FCT: ARQEVO - Arqueologia e Evolução dos Primeiros Humanos na Fachada Atlântica da Península Ibérica (PTDC/HAR-ARQ/30413/2017).
Referências Bibliográficas:
- Zilhão, J., D. E. Angelucci, L. J. Arnold, F. d’Errico, L. Dayet, M. Demuro, M. Deschamps, H. Fewlass, L. Gomes, B. Linscott, H. Matias, A. W. G. Pike, P. Steier, S. Talamo e E. M. Wild (2021). "Revisiting the Middle and Upper Palaeolithic archaeology of Gruta do Caldeirão (Tomar, Portugal)." PLoS One 16(10): e0259089 (https://doi.org/10.1371/journal.pone.0259089).
- Zilhão, J. (1992). Gruta do Caldeirão. O Neolítico Antigo. Lisboa, Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico.
- Zilhão, J. (1997). O Paleolítico Superior da Estremadura portuguesa. Lisboa: Colibri. 1159 p.
Luis Gomes, João Zilhão e Alexandre Varanda
in UNIARQ DIGITAL 91, Setembro de 2024
in UNIARQ DIGITAL 91, Setembro de 2024
Gruta do Aderno (Torres Novas): 5.ª campanha de escavação
A quinta campanha de escavação na Gruta do Aderno, localizada no sistema cársico associado à nascente do Rio Almonda (Torres Novas), realizou-se entre os dias 1 de Julho e 7 de Agosto de 2024, num total de 5 semanas e meia de trabalho de campo e laboratório. Os trabalhos foram dirigidos por Henrique Matias, John Willman e João Zilhão, tendo contado com a participação de estudantes da licenciatura em Arqueologia da Universidade de Lisboa.
A escavação incidiu sobre uma área de cerca de 6 m2, onde foi atingida a base de espesso depósito crioclástico idêntico às camadas X-XI da Gruta da Aroeira (escavações de 2013-2017), que datam de há mais de 400 mil anos. Tal como estas, o depósito crioclástico da Gruta do Aderno contém uma indústria lítica acheulense com bifaces e debitagem discóide. A fauna –abundante fauna muito bem conservada – inclui restos de cavalo, veado e outros cervídeos, e auroque. Em 2024, sob estes níveis, identificámos e iniciámos a escavação de novos depósitos sedimentares que, pela sua posição estratigráfica, abrem a perspectiva de se ultrapassar a barreira do meio milhão de anos. Apesar de arqueologicamente férteis, na pequena área sondada não foram ainda identificados artefactos que permitam caracterizar a indústria lítica. Nas próximas campanhas alargaremos a área onde estes depósitos mais antigos se conservam, na perspectiva de, com uma amostra maior, podermos caracterizar as ocupações humanas mais antigas até hoje identificadas nas grutas do sistema cársico do Almonda. |
Esta campanha contou com o apoio logístico e financeiro da Câmara Municipal de Torres Novas, da STEA (Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia), da PALEOALMONDA, Associação de Estudos Científicos e da Renova - Fábrica de Papel do Almonda, SA.
Henrique Matias, John Willman e João Zilhão
in UNIARQ DIGITAL 91, Setembro de 2024
in UNIARQ DIGITAL 91, Setembro de 2024
Lapa da Bugalheira (Torres Novas)
No passado mês de agosto, realizou-se a quinta campanha de escavações arqueológicas na Lapa da Bugalheira (Almonda, Torres Novas). Estes trabalhos foram dirigidos por Filipa Rodrigues e têm enquadramento no projeto ARQEVO – Arqueologia e Evolução dos Primeiros Humanos na Fachada Atlântica da Península Ibérica, da responsabilidade científica de João Zilhão.
Nas campanhas anteriores (2019 – 2022), identificou-se, abaixo dos grandes blocos que se desprenderam da parede da cavidade, uma ocupação cronologicamente enquadrada no Neolítico Antigo. Esta ocupação não foi reconhecida nem publicada em datas anteriores a 2019. Em 2024, a campanha incidiu nos quadrados K/13 e 14, que se localizam na sala aescavada por Afonso do Paço. A escavação de 2024 iniciou-se a partir do nível identificado nas campanhas de ’40 como “chão da gruta” (Paço, Zbyszewski, Ferreira, 1971). Como observado anteriormente, este “chão da gruta” corresponde aos blocos de abatimento sobre os quais se formou um espesso manto estalagmítico. Esta unidade é extremamente compacta, o que significa morosidade no trabalho de campo, pois a sua remoção só é possível com recurso a ferramenta pesada (martelo demolidor, diferencial, etc). Por outro lado, a resistência que oferece atesta a integridade do nível arqueológico do Neolítico Antigo identificado em 2019. Apesar da bioturbação inerente a este contexto, está assegurada a inexistência de um palimpsesto, possibilitando o estudo diferenciado das ocupações holocénicas da cavidade, designadamente do Neolítico Antigo e do Neolítico Médio. As datações absolutas obtidas até ao momento estão em consonância, demonstrando a existência de um hiato entre a utilização do espaço de cerca de 1000 anos. Esta campanha contou com o apoio logístico e financeiro da Câmara Municipal de Torres Novas, da STEA (Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia), da PALEOALMONDA, Associação de Estudos Científicos e da Renova - Fábrica de Papel do Almonda, SA. |
Referências bibliográficas
PAÇO, Afonso do, ZBYSZEWSKI, Georges e FERREIRA, Octávio da Veiga (1971) - Resultado das escavações na Lapa da Bugalheira (Torres Novas). In Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal. Lisboa. 55, p. 23-48.
PAÇO, Afonso do, ZBYSZEWSKI, Georges e FERREIRA, Octávio da Veiga (1971) - Resultado das escavações na Lapa da Bugalheira (Torres Novas). In Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal. Lisboa. 55, p. 23-48.
Filipa Rodrigues e João Zilhão
in UNIARQ DIGITAL 92, Outubro de 2024
in UNIARQ DIGITAL 92, Outubro de 2024
Villa Cardílio (Torres Novas): campanha de 2024
Resultando de uma colaboração entre o Município de Torres Novas e a UNIARQ, o projecto “Villa Cardílio e a romanização da bacia hidrográfica do Almonda” entrou no passado mês de julho no seu quarto ano. A campanha de escavação decorreu entre 25 de junho e 2 de agosto, contando, como habitualmente, com a participação dos alunos de Licenciatura e de Mestrado em Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Cumprindo com a função social da arqueologia, contámos novamente com a participação de jovens voluntários do Município nas escavações, tendo, no mesmo âmbito, sido realizada uma visita orientada à villa e às escavações, aberta ao público geral.
Os trabalhos concentraram-se na plataforma situada imediatamente a nascente das ruínas da domus, numa área onde os resultados das prospecções geofísicas indicavam a presença de diversas estruturas. O desenvolvimento da escavação veio a confirmar a presença de alguns embasamentos de plano quadrangular, possivelmente pertencentes a um armazém e associados e um nível de derrube e de incêndio, datável da fase tardia da villa. Na próxima campanha proceder-se-á ao alargamento da área de escavação, pretendendo-se, por um lado, documentar o perímetro do edifício e, por outro, proceder à sua correcta caracterização funcional. |
Victor Filipe
in UNIARQ DIGITAL 91, Setembro de 2024
in UNIARQ DIGITAL 91, Setembro de 2024
Investigações arqueológicas no concheiro do Fortim do Baleal 1 (Peniche)
No âmbito do projeto de Doutoramento financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia FCT -2020.06242BD, integrado no Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ) e no Centro de Estudos Geográficos do Instituto Geográfico e Ordenamento do Território (CEG-IGOT), intitulado Espaço e Tempo. Paleoambiente e Povoamento do 6º ao 3º milénio a.n.e na região de Peniche, decorreram, nos meses de verão de 2022, 2023 e 2024, três campanhas de escavações arqueológicas no sítio do Fortim do Baleal 1, sendo esta a última das campanhas previstas dentro deste projeto de doutoramento. Trata-se de um concheiro, integrável nas cronologias entre o final do 6º e princípio do 5º milénio a.n.e, coevo ao das ocupações na gruta da Furninha do Neolítico Antigo Evolucionado.
Até ao momento, foi retirado um conjunto expressivo de fauna malacológica, distribuindo-se por várias espécies de Bivalvia temos a presença de Mytilus sp. (Mexilhão) que prevalece em maior número, a Ruditapes decussata (Ameijoa verdadeira), Ostrea sp. (Ostra), Cerastoderma edule (Berbigão). Para o grupo dos Gastropoda é identificado a presença de Littorina Littorea (Caramujo), Monodonta sp (Burrié), Patella sp (Lapa). E no grupo dos Maxillopoda temos Pollicipes pollicipes (Percebes) e Balanidae (Cracas). Assim como de fauna ictiológica, sendo recolhido escamas e espinhas de espécies da família dos Sparidae (Sargos, Douradas.). A fauna mamalógica terrestre, está presente em espécies como o Sus scrofa (Javali), Ovis aries ou Capra hircus, bem como Cervus elaphus (Veado) e Oryctolagus cuniculus (Coelho). |
Este conjunto faunístico indica-nos os ecossistemas existentes, e por sua consequência, os climas e ambientes que nessa contemporaneidade deveriam existir na região.
Os contextos do final do 6º e inícios do 5º milénio a.n.e, presentes na área abrangida por este projeto, resumem-se a um total de três contextos de gruta necrópole e a dois sítios de cariz habitacional, como o Outeiro da Assenta (Cardoso e Carreira 2003) e Amoreira (Cardoso 2015), em Óbidos. No concelho de Peniche, estes contextos encontravam-se presentes apenas em grutas, existindo pouca informação sobre a rede de povoamento associado, fazendo do concheiro do Fortim do Baleal 1 (Rendeiro, L. 2018), o único sítio integrável nas cronologias de Neolítico Antigo, em Peniche, que não é em gruta.
O concheiro apresenta uma utilização mais efetiva por parte destas comunidades, as mesmas (de acordo com a datação obtida) que utilizariam a gruta da Furninha como local ritualizante com práticas funerárias utilizadas durante o Neolítico Antigo evolucionado.
Os contextos do final do 6º e inícios do 5º milénio a.n.e, presentes na área abrangida por este projeto, resumem-se a um total de três contextos de gruta necrópole e a dois sítios de cariz habitacional, como o Outeiro da Assenta (Cardoso e Carreira 2003) e Amoreira (Cardoso 2015), em Óbidos. No concelho de Peniche, estes contextos encontravam-se presentes apenas em grutas, existindo pouca informação sobre a rede de povoamento associado, fazendo do concheiro do Fortim do Baleal 1 (Rendeiro, L. 2018), o único sítio integrável nas cronologias de Neolítico Antigo, em Peniche, que não é em gruta.
O concheiro apresenta uma utilização mais efetiva por parte destas comunidades, as mesmas (de acordo com a datação obtida) que utilizariam a gruta da Furninha como local ritualizante com práticas funerárias utilizadas durante o Neolítico Antigo evolucionado.
Em cima, da esquerda para a direita: Prof. Vítor Gonçalves, Prof. Carlos Tavares da Silva e Profª Joaquina Soares; Prof. Luís Raposo; Profª Catherine Dupont; Em baixo, da esquerda para a direita: Drª Sandra Lourenço; Drªs Ana Costa e Ana Cristina Araújo; Prof.ª Ana Catarina Sousa. Também tivemos as visitas da Profª Ana Ramos Pereira e do Prof. João Luis Cardoso, cujas imagens não foram registadas
O concheiro do Fortim do Baleal 1, pela sua implantação persistente sobre a falésia, e pelo contexto cronológico que representa, mereceu o entusiasmo e curiosidade dos colegas, aproveitando para conhecer o sítio, e claro, debater em campo as problemáticas do contexto, os artefactos, a fauna, e principalmente a questão do Neolítico Antigo na Estremadura Atlântica.
Ao sítio do concheiro do Fortim do Baleal 1, resta-me dizer um adeus que se espera que seja um até já, sabendo que ainda muita informação falta retirar deste contexto. Que o futuro permita um retorno breve.
Ao sítio do concheiro do Fortim do Baleal 1, resta-me dizer um adeus que se espera que seja um até já, sabendo que ainda muita informação falta retirar deste contexto. Que o futuro permita um retorno breve.
Luis Rendeiro
in UNIARQ DIGITAL 90, Agosto de 2024
in UNIARQ DIGITAL 90, Agosto de 2024
Escola de Verão da cidade de Ammaia 2024 – o Anfiteatro
Decorreu entre 8 e 27 de julho a Escola de Verão da cidade de Ammaia (S. Salvador de Aramenha – Marvão), com a participação de estudantes de Arqueologia da FLUL (Licenciatura e Mestrado). Os trabalhos concentraram-se no anfiteatro, identificado em 2019, especificamente na sua porta lateral, a norte, reconhecida durante os trabalhos de 2023. Este anfiteatro, que é o quinto conhecido na Lusitânia, foi construído nos meados do séc. I, quando a cidade de Ammaia se dotou dos principais edifícios públicos característicos de qualquer cidade romana e terá sido utilizado até ao séc. IV.
Situado fora do perímetro da muralha da cidade, a escavação do anfiteatro permitiu reconhecer a totalidade da sua arena, uma elipse com 54 por 40 metros, delimitada por um muro de alvenaria de 3 metros de altura (podium). Na sua construção, o anfiteatro utilizou uma vertente de colina e poderosos aterros que suportariam as bancadas de madeira.
A área escavada revelou-se mais complexa do que se previa. A porta e respectivo acesso foram integralmente escavados na vertente da colina, criando um corredor em curva na comunicação entre a arena e o exterior do edifício. Ambos, corredor e porta, terão sido desactivados em uma data relativamente precoce da utilização do edifício, tendo sido identificada uma sepultura aberta no que anteriormente seria o caminho de acesso à arena. Um cabal esclarecimento desta situação só poderá fazer-se com novos trabalhos na área.
Situado fora do perímetro da muralha da cidade, a escavação do anfiteatro permitiu reconhecer a totalidade da sua arena, uma elipse com 54 por 40 metros, delimitada por um muro de alvenaria de 3 metros de altura (podium). Na sua construção, o anfiteatro utilizou uma vertente de colina e poderosos aterros que suportariam as bancadas de madeira.
A área escavada revelou-se mais complexa do que se previa. A porta e respectivo acesso foram integralmente escavados na vertente da colina, criando um corredor em curva na comunicação entre a arena e o exterior do edifício. Ambos, corredor e porta, terão sido desactivados em uma data relativamente precoce da utilização do edifício, tendo sido identificada uma sepultura aberta no que anteriormente seria o caminho de acesso à arena. Um cabal esclarecimento desta situação só poderá fazer-se com novos trabalhos na área.
Os trabalhos realizaram-se no âmbito do projecto internacional financiado pela Fundação “La Caixa” (Promove Regiões Fronteiriças 2019), envolvendo a Fundação Cidade de Ammaia, a Fundación de Estudios Romanos, o Museo Nacional de Arte Romano de Mérida e a UNIARQ / Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com a colaboração da Câmara Municipal de Marvão e o apoio da ADFLUL.
Durante as escavações o anfiteatro foi visitado por quase uma centena de pessoas, que individualmente ou integradas nas visitas guiadas “AMMAIA convida... a visitar o Anfiteatro” (que decorreram nos dias 11, 18 e 25), puderam desfrutar da experiência única de pisar a sua arena, enquanto decorriam os trabalhos de escavação. Nos últimos dias das escavações recebemos ainda a visita do Reitor da Universidade de Lisboa, Prof. Luís Ferreira, do director da FLUL, Prof. Hermenegildo Fernandes, do director do Museu Nacional de Arqueologia, Dr. António Carvalho e da directora da UNIARQ, Prof. Mariana Diniz que puderam inteirar-se dos trabalhos realizados até ao momento e das perspectivas que se abrem para a conservação e valorização deste importante edifício. Pode mesmo dizer-se que em julho, todos os caminhos foram dar à Ammaia. |
Carlos Fabião, Amílcar Guerra e Catarina Viegas
in UNIARQ DIGITAL 90, Agosto de 2024
in UNIARQ DIGITAL 90, Agosto de 2024
Paisagens Antigas da Tapada de Mafra (PATM). Carta Arqueológica e Caracterização Paleoambiental
O projecto Paisagens Antigas da Tapada de Mafra (PATM) centra-se na Tapada, componente patrimonial do Real Edifício de Mafra, Sítio Cultural inscrito na Lista do Património Mundial pela UNESCO desde 2019. O Real Edifício de Mafra integra uma Palácio, Convento e Basílica edificados sob ordem de D. João V (1717 - 1730) e a Tapada de Mafra constituída em 1747 após a aquisição de muitas parcelas de terra. Desde a edificação de um muro de alvenaria na primeira metade do século XVIII, que a Tapada permanece intacta, com a área de 1.200,47 ha circunscrita por um muro de 22 km.
Com uma vigência plurianual, este Projeto de Investigação Plurianual de Arqueologia é promovido pela Câmara Municipal de Mafra em parceria com as entidades que integram a Unidade de Gestão do Real Edifício de Mafra: Escola das Armas, Tapada Nacional de Mafra, Palácio Nacional de Mafra, Paróquia de Mafra e com a colaboração científica da UNIARQ, Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa. Este projeto será desenvolvido entre 2023 e 2027, prevendo-se que as ações de investigação decorram até 2030. Sob direcção científica de Ana Catarina Sousa (UNIARQ), Marta Miranda (Câmara Municipal de Mafra) e Ana Costa (UNIARQ, Laboratório de Arqueociências e IDL-FCUL), o projecto conta com uma equipa pluridisciplinar. O projeto PATM – Paisagens Antigas da Tapada de Mafra – pretende desenvolver o estudo arqueológico, patrimonial e ambiental da Tapada de Mafra, numa perspetiva interdisciplinar, que conjuga paisagem e ação humana, estruturando-se em dois vetores: Carta Arqueológica e Estudo Paleoambiental. Decorreu mais uma campanha de trabalho de campo, tendo contado com uma equipa de estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento da Faculdade de Letras de Lisboa. O projecto integra ainda o estágio do mestrando Leandro Borges, actualmente em curso na Câmara Municipal de Mafra. |
Na vertente patrimonial, prosseguiu uma campanha de prospecção com o Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Mafra (Marta Miranda e Carlos Costa).
Podemos genericamente dividir a história da ocupação da Tapada, antes e depois da edificação do Palácio Convento. É especialmente interessante a reconstituição da paisagem rural que antecedeu ao processo de constituição da Tapada. Todo o território se manteve integro desde a edificação do muro da Tapada, tendo-se identificado na documentação vários casais medievais e modernos, confirmado no campo e nas materialidades, estudo que conta com a colaboração de Tânia Casimiro (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas). Existem ainda vestígios mais antigos, nomeadamente neolíticos e da Antiguidade Tardia. Da fase coeva, registamos um complexo hidráulico, o qual tem vindo a ser registado, também com o recurso à tecnologia LiDAR, estudo que tem vindo a ser desenvolvido por André Texugo (UNIARQ), Pablo de Oro (Universidade Autónoma de Madrid) e com a colaboração de Sebastião Vieira (mestrando de Arqueologia da FLUL). Finalmente, vários Fortes das Linhas de Torres e Património Histórico-Militar evidenciam o uso militar da Tapada desde inícios do século XIX.
O estudo paleoambiental centrou-se na realização de duas sondagens geotécnicas: uma no Vale da Murgeira (Tapada Militar, Escola das Armas) e outra na Foz do Lizandro, ambas integradas na bacia hidrográfica da Ribeira de Cheleiros / Lizandro. Os estudos contaram com a colaboração de Conceição Freitas (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), que, com Ana Costa, irão desenvolver nos próximos meses o estudo paleoambiental. Finalmente, decorreu na Tapada Nacional de Mafra, no dia 7 de Julho a primeira apresentação do projecto, iniciativa inserida no programa de comemoração da inscrição na Lista de Património Mundial. |
Ana Catarina Sousa
in UNIARQ DIGITAL 90, Agosto de 2024
in UNIARQ DIGITAL 90, Agosto de 2024
Castelo Velho de Safara (Moura)
Em Julho de 2024 decorreu a oitava campanha de escavação no Castelo Velho de Safara, dirigida por Mariana Nabais e Rui Monge Soares, em parceria com a University College London (UCL) e a South-West Archaeology Digs (SWAD), e que contou com a participação de catorze alunos estrangeiros. O Castelo Velho de Safara localiza-se num esporão rochoso na confluência da ribeira de Safareja com o rio Ardila, no concelho de Moura. Consiste num povoado fortificado, caracterizado pela visível e densa muralha em xisto e pelas três linhas de fossos paralelos que a rodeiam. Até ao momento foram confirmadas três ocupações distintas datadas do Calcolítico, da segunda Idade do Ferro e de época Romana.
O Castelo Velho de Safara é um dos sítios arqueológicos mais lendários do concelho de Moura. A população local acredita que é ali que se encontrará a afamada bezerra de ouro. O sítio é conhecido desde, pelo menos a década de 1960, mas só em 1985 foram lançadas as primeiras hipóteses sobre a história da sua ocupação por António Monge Soares. Em 2010 realizou-se um levantamento topográfico das estruturas defensivas evidentes no local no âmbito da tese de mestrado apresentada à FLUL por Teresa Costa. Os trabalhos de escavação sistemática iniciaram-se em Junho de 2018 tendo, desde então, sido abertas seis sondagens. Este Verão as intervenções incidiram na conclusão da escavação da sondagem 4, correspondente ao fosso defensivo 1; e na expansão da sondagem 5, por forma a revelar o topo do que parece ser mais uma estrutura de cariz residencial de época Romana Republicana. |
Mariana Nabais e Rui Monge Soares
Fotos: João de Brito Vidigal
in UNIARQ DIGITAL 90, Agosto de 2024
Fotos: João de Brito Vidigal
in UNIARQ DIGITAL 90, Agosto de 2024
Mais uma moedinha, mais uma voltinha por Capangombe Velho
No dia 13 de maio iniciou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa mais uma edição do Laboratório das Coleções da Arqueologia Colonial Portuguesa, que contou com a presença de 7 alunos de Licenciatura em Arqueologia. Estas coleções têm sido alvo de inventário desde 2021, tendo como principal foco as peças provenientes da jazida paleolítica de Capangombe Velho, uma das maiores do sudoeste de Angola. Os trabalhos decorreram nas instalações da FLUL onde se encontram acondicionadas as referidas coleções, sob a orientação da doutoranda Paula Nascimento (UNIARQ | FLUL), com a supervisão de João Pedro Cunha Ribeiro (UNIARQ | FLUL), projeto esse, iniciado pelo saudoso João Carlos Senna-Martínez.
O desenvolvimento do trabalho de Laboratório permite aos alunos familiarizar-se com a industria lítica e conhecer realidades distintas da Península Ibérica. A sua participação possibilita aprofundar os seus conhecimentos sobre este tipo de realidades e criar capacidades de reconhecimento e análise de peças líticas em futuras escavações arqueológicas. Atualmente, encontramo-nos a mais de meio do processo de inventariação, uma vez que já foi analisada cerca de 70% da coleção, podendo dizer-se que estamos perante uma jazida com mais de 100 mil peças líticas, que se destacam pela qualidade morfo-tecnológica. Ao analisarmos a coleção, as características tipo-tecnológicas do espólio permitem-nos constatar que estamos perante uma jazida dos finais de Middle Stone Age e inícios da Late Stone Age. Com a continuação dos trabalhos, pretende-se concluir num futuro próximo o inventário geral desta jazida, para que o estudo possa ser alargado aos restantes materiais que compõem o acervo das Coleções da Arqueologia Colonial Portuguesa, para que no final o objetivo seja cumprido possibilitando novos estudos no âmbito do seminário, dissertações de Mestrado e de Doutoramento, de modo a criar uma melhor perceção do seu valor patrimonial, bem como a partilha dos seus resultados com a comunidade académica e investigadores em geral. |
João Pedro Cunha-Ribeiro e Paula Nascimento
in UNIARQ DIGITAL 88, Junho de 2024
in UNIARQ DIGITAL 88, Junho de 2024
Laboratório de Arqueologia Idade do Ferro e Romana na FLUL
Entre os dias 15 de julho e 2 de agosto, 13 alunos da licenciatura e mestrado em Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) participaram na cadeira de Campo e Laboratório durante três semanas intensivas.
Durante a primeira semana do programa, os estudantes concentraram seus esforços na análise zooarqueológica, uma área essencial para o estudo das interações entre seres humanos e animais no passado. Os alunos realizaram atividades práticas, que incluíram a marcação e limpeza de esqueletos da coleção de referência da instituição, seguidas pelo estudo de materiais arqueológicos relevantes. Nomeadamente, puderam tratar e analisar materiais faunísticos dos Armazéns Sommer do período Medieval e Moderno. Com isto, os alunos adquiriram uma sólida formação teórica e prática em osteologia, anatomia comparada e tafonomia.
A segunda semana da campanha de Trabalho de Laboratório foi dedicada ao estudo do instrumental têxtil, focando-se num extenso conjunto de pesos de tear e cossoiros proveniente do sítio de Monte Molião (Lagos). Após uma introdução teórica e metodológica ao domínio ainda pouco explorado em Portugal da Arqueologia Têxtil, as e os participantes tiveram a oportunidade de se familiarizarem de modo prático com as distintas etapas que conformam o protocolo de estudo destes materiais. As tarefas realizadas incluíram o inventário descritivo, a classificação tipológica, o desenho e a fotografia dos materiais em questão, bem como uma abordagem aos usos da microscopia na observação e documentação de marcas de uso.
Durante a primeira semana do programa, os estudantes concentraram seus esforços na análise zooarqueológica, uma área essencial para o estudo das interações entre seres humanos e animais no passado. Os alunos realizaram atividades práticas, que incluíram a marcação e limpeza de esqueletos da coleção de referência da instituição, seguidas pelo estudo de materiais arqueológicos relevantes. Nomeadamente, puderam tratar e analisar materiais faunísticos dos Armazéns Sommer do período Medieval e Moderno. Com isto, os alunos adquiriram uma sólida formação teórica e prática em osteologia, anatomia comparada e tafonomia.
A segunda semana da campanha de Trabalho de Laboratório foi dedicada ao estudo do instrumental têxtil, focando-se num extenso conjunto de pesos de tear e cossoiros proveniente do sítio de Monte Molião (Lagos). Após uma introdução teórica e metodológica ao domínio ainda pouco explorado em Portugal da Arqueologia Têxtil, as e os participantes tiveram a oportunidade de se familiarizarem de modo prático com as distintas etapas que conformam o protocolo de estudo destes materiais. As tarefas realizadas incluíram o inventário descritivo, a classificação tipológica, o desenho e a fotografia dos materiais em questão, bem como uma abordagem aos usos da microscopia na observação e documentação de marcas de uso.
A última fase do trabalho de laboratório incidiu no processo de tratamento e estudo de artefactos metálicos e cerâmicos da Idade do Ferro e época romana provenientes, também neste caso, do sítio algarvio. Incorporou distintas tarefas, iniciando-se com a lavagem ou, em casos específicos, a limpeza mecânica a seco, marcação e inventariação dos elementos diagnosticáveis. A informatização dos dados foi realizada com recurso à base de dados elaborada para o local, em Filemaker. Procedeu-se ainda ao desenho, classificação e iniciação ao estudo de distintos tipos de materiais cerâmicos, como é o caso de contentores anfóricos, cerâmica comum, vasos de paredes finas e terra sigillata, facultando aos alunos algumas bases teóricas e metodológicas referentes aos estudos da cultura material, salientando a sua importância singular para o conhecimento das comunidades antigas.
A cadeira de campo e laboratório não só enriqueceu a formação dos participantes, como também reforçou a importância da Zooarqueologia e do estudo de outros componentes da cultura material na reconstrução e interpretação do passado, preparando futuros arqueólogos para enfrentar desafios em suas carreiras académicas e profissionais.
A cadeira de campo e laboratório não só enriqueceu a formação dos participantes, como também reforçou a importância da Zooarqueologia e do estudo de outros componentes da cultura material na reconstrução e interpretação do passado, preparando futuros arqueólogos para enfrentar desafios em suas carreiras académicas e profissionais.
Cleia Detry, Elisa de Sousa e Francisco B. Gomes
in UNIARQ DIGITAL 91, Setembro de 2024
in UNIARQ DIGITAL 91, Setembro de 2024
Ciudad de Vascos (Toledo, Espanha)
Em Agosto de 2024 decorreu a quinquagésima campanha arqueológica em Ciudad de Vascos, dirigida pelo investigador da UNIARQ Jorge de Juan Ares, numa parceria entre a Universidad Complutense de Madrid (UCM), Universidad de Castilla-La Mancha, Universidad del País Vasco, CSIC, CNRS e a UNIARQ, que contou com a participação de Manuel Fialho y Yasmina Cáceres, investigadores da UNIARQ e Maria Vitória Araújo, estudante do Mestrado de Arqueologia da FLUL, entre uma vasta equipa de investigadores e alunos da Universidad Complutense de Madrid e da Universidad de Castilla-La Mancha. O sítio arqueológico de Ciudad de Vascos é um antigo povoado do Al-Andalus, que teve uma ocupação muito dinâmica entre os séculos IX e XII, tornando-se um ponto de interesse maior para a Arqueologia Medieval, nomeadamente para o período de domínio islâmico na Península Ibérica.
Situada na fronteira entre o al-Andalus e os reinos cristãos do norte peninsular, Ciudad de Vascos constituiu, entre os séculos X e XI d.C., um pequeno aglomerado urbano fortificado pontuado por diversas estruturas características do mundo urbano medieval muçulmano, tais como mesquitas, banhos, cemitérios, tanoarias e habitações organizadas em torno de pátio central. As escavações arqueológicas decorridas ao longos das últimas cinco décadas revelaram ainda vestígios romanos e da Alta Idade Média, cerâmicas, materiais de construção e vestígios epigráficos, bem como um número substancial de moedas romanas tardias datadas entre os séculos IV e V. Muito pouco material pode ser inequivocamente atribuído ao período visigótico ou aos séculos iniciais do domínio muçulmano. Após a conquista cristã de Toledo em 1085 d.C., terá ocorrido uma importante regressão urbana tornando-se um pequeno povoado cristão limitado à Alcáçova, até às primeiras décadas do século XII, momento em que o sítio foi abandonado.
A sequência estratigráfica deste sítio está relativamente preservada a partir de meados do século IX, sendo que a maioria dos vestígios de ocupação datam do século XI. Desde a década de 70 do século passado, têm sido amplamente publicados diversos materiais arqueológicos (metais, cerâmicas, líticos, vidros, etc.), tornando Ciudad de Vascos um arquivo fundamental da cultura material dos séculos X e XI da Península Ibérica central.
Nesta campanha deu-se continuação aos trabalhos efetuados na sondagem 6, iniciada em 2019, onde se escavaram realidades urbanas situadas num bairro situado a Sul da Alcáçova. Além disso, realizaram-se vários trabalhos de registo e de conservação dos vestígios arqueológicos junto da porta Sul da cerca urbana e também na Alcáçova.
Nesta campanha deu-se continuação aos trabalhos efetuados na sondagem 6, iniciada em 2019, onde se escavaram realidades urbanas situadas num bairro situado a Sul da Alcáçova. Além disso, realizaram-se vários trabalhos de registo e de conservação dos vestígios arqueológicos junto da porta Sul da cerca urbana e também na Alcáçova.
Manuel Fialho, Maria Vitória Araújo, Yasmina Cáceres e Jorge de Juan Ares
in UNIARQ DIGITAL 92, Outubro de 2024
in UNIARQ DIGITAL 92, Outubro de 2024
Comunicar Ciência por Vídeo: COMUNIARQ SCIENCE VIDEOS 2024
Iniciada em 2021, pelo quarto ano consecutivo, a UNIARQ promove mais uma campanha de recolha e produção de vídeos promocionais relacionados com as campanhas de verão dos seus projectos de investigação.
Com o intuito de contribuir para promover a imagem das actividades do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, da Arqueologia como disciplina científica e do importante papel formador e integrador das campanhas de campo e laboratório para os alunos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), comunidades locais, e outros intervenientes, foram realizadas entrevistas pessoais a responsáveis e participantes, cuja divulgação ocorrerá nas redes sociais onde a UNIARQ marca presença, bem como em feiras expositivas. Em 2024 visitámos o Concheiro do Fortim do Baleal I, em Peniche, sob a batuta de Luis Rendeiro, e o Castelo Velho de Safara, em Moura, tendo como anfitriã Mariana Nabais, não deixando de acompanhar o Laboratório do Instrumental Têxtil do Monte Molião, na Faculdade de Letras, da responsabilidade de Francisco B. Gomes. Estes foram os locais onde decorreram projectos e actividades alvo de destaque pelo COMUNIARQ Science Videos, e onde fomos sempre muito bem recebidos. Em Outubro iniciou-se a divulgação dos resultados deste projecto, apoiado pelo Projecto Estratégico do Centro de Arqueologia, financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito dos projectos UIDB/00698/2020 e UIDP/00698/2020, através da publicação dos vídeos das entrevistas realizadas nas redes sociais facebook, instagram e x (ex-twitter), e também em playlist da social media YouTube, onde ficarão armazenados. Prevemos ainda, no último trimestre deste ano ou no primeiro trimestre de 2025, visitar mais alguns locais onde decorrem actividades de investigação de campo e laboratório. Estejam atentos! |
Trailer do ciclo COMUNIARQ Science Videos '24 (com som)
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André Pereira
in UNIARQ DIGITAL 92, Outubro de 2024
in UNIARQ DIGITAL 92, Outubro de 2024
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