Editorial
Mariana Diniz, Directora da UNIARQ
Escrevo este Editorial a caminho de Sanliurfa, cidade onde vai decorrer, com a participação de inúmeros investigadores da UNIARQ, o World Neolithic Congress. Não é hábito dos Editoriais destacar um ou outro evento de entre as múltiplas iniciativas em que a UNIARQ se envolve ou que a UNIARQ promove, mas este encontro, pelo lugar onde se realiza – a cidade de Sanliurfa, a cerca de 12km de Gobekli Tepe, justifica, por diferentes razões, este texto breve.
A caminho de Sanliurfa aproximamo-nos de zonas de guerra, desta e de outras recentes que têm devastado vidas e patrimónios neste chamado Crescente Fértil. Não importa discutir aqui o valor de cada um, insubstituíveis que são ambos, mas pensar o significado deste encontro como metáfora de um outro presente que a ciência deve construir. Se este evento, realizado numa cidade cuja história, inclusive a recente, é uma sucessão de ocupações, destruições, conquistas e reconquistas, de catástrofes antrópicas e naturais, pode parecer um acto de gritante indiferença com a situação na área, podemos também acreditar que encontros como este demonstram que a ciência é capaz de criar espaços de trabalho em colectivo, códigos de conduta partilhados, um esperanto social onde se ultrapassam as diferenças.
Reúnem-se, nestes dias, em Sanliurfa, investigadores vindos de muitas partes do globo, como demonstra a lista muito extensa de comunicantes. Reunimo-nos, como os construtores de Gobekli Tepe, com um propósito comum que nos aproxima: a vontade de conhecer e a vontade de partilhar o trabalho que fazemos.
E esse também o objectivo desta UNIARQ DIGITAL, apresentar, a cada mês, a investigação que se realiza na UNIARQ.
Uma boa leitura!
A caminho de Sanliurfa aproximamo-nos de zonas de guerra, desta e de outras recentes que têm devastado vidas e patrimónios neste chamado Crescente Fértil. Não importa discutir aqui o valor de cada um, insubstituíveis que são ambos, mas pensar o significado deste encontro como metáfora de um outro presente que a ciência deve construir. Se este evento, realizado numa cidade cuja história, inclusive a recente, é uma sucessão de ocupações, destruições, conquistas e reconquistas, de catástrofes antrópicas e naturais, pode parecer um acto de gritante indiferença com a situação na área, podemos também acreditar que encontros como este demonstram que a ciência é capaz de criar espaços de trabalho em colectivo, códigos de conduta partilhados, um esperanto social onde se ultrapassam as diferenças.
Reúnem-se, nestes dias, em Sanliurfa, investigadores vindos de muitas partes do globo, como demonstra a lista muito extensa de comunicantes. Reunimo-nos, como os construtores de Gobekli Tepe, com um propósito comum que nos aproxima: a vontade de conhecer e a vontade de partilhar o trabalho que fazemos.
E esse também o objectivo desta UNIARQ DIGITAL, apresentar, a cada mês, a investigação que se realiza na UNIARQ.
Uma boa leitura!
NOTÍCIAS
Arqueologia em Construção 9 de regresso em Outubro
No passado dia 29 de Outubro foi retomado o ciclo de conferências “Arqueologia em Construção”, uma iniciativa que se destina a promover a interacção entre investigadores da UNIARQ e a comunidade académica da FLUL. Este evento foca especificamente a apresentação de projectos de doutoramento actualmente em desenvolvimento, procurando reunir temas de distintas geografias e cronologias.
Esta nova sessão contou com a apresentação de Sergio Martín Jarque, centrada no estudo de proveniência de matérias-primas siliciosas de três estações arqueológicas do Paleolítico Superior das Astúrias, em Espanha (Tito Bustillo, El Cierro e Cova Rosa); Pedro Caria, com um projecto centrado no estudo das dinâmicas ocupacionais da Idade do Bronze na Média Estremadura, envolvendo o estudo de colecções depositadas em museus e trabalhos de prospecção que visam reconstruir as dinâmicas evolutivas ao longo do 2º milénio a.C.; e, por último, Alice Baeta, que desenvolve o estudo da produção monetária na fachada atlântica da Península Ibérica, com foco particular na identificação e caracterização dos cunhos monetários utilizados em época romana no Ocidente. Esta sessão terá continuidade no próximo mês de Novembro, dia 19, e em Dezembro, no dia 17. Para mais informações consultar www.uniarq.net/arqueologiaconstrucao9.html. |
Elisa de Sousa
COLLOQVIVM "Para a «Felicidade Pública»: no tricentenário do nascimento de Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas (1724-1814), Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, Évora
Nos inícios de Outubro (dias 10 a 12) decorreu em Évora, no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas, o Colóquio evocativo desta figura maior do Iluminismo português.
Pela atenção que concedeu ao registo e estudo das Antiguidades e pelo acervo que recolheu e conservou, Frei Manuel do Cenáculo constitui figura de referência nos primórdios da arqueologia em Portugal. A sua obra passa pelo registo e recolha de informação sobre Olisipo, no decurso da reconstrução da cidade de Lisboa depois do terramoto de 1755, como no âmbito da sua acção pastoral, sobretudo no bispado de Beja, onde se interessou particularmente pelo tema da escrita do Sudoeste, sem esquecer outros aspectos da Antiguidade. Foi também o criador do primeiro museu público, onde depositou a mais significativa parte do acervo material que recolheu. |
Como não podia deixar de ser, os investigadores do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ) marcaram presença, abordando vários aspectos da multifacetada carreira deste sacerdote, desde a actividade de escavação e registo de vestígios materiais do passado, ao estudo e valorização da sua importante colecção numismática.
Carlos Fabião
XIII Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular
Entre os dias 25 e 27 de outubro realizou-se mais uma edição dos Encontros de Arqueologia do Sudoeste Peninsular. As sessões de comunicações e de posters dividiram-se entre a Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Cádiz, o Teatro Municipal e a Casa da Cultura de Benalup-Casas Viejas. Este encontro científico, que reúne investigadores espanhóis e portugueses desde 1993, pretende ser um espaço onde se apresentam os resultados mais recentes da investigação arqueológica naquele quadrante da Península Ibérica, bem como uma plataforma para troca de conhecimento e para o debate científico.
Foi nesta 13ª reunião que a bolseira de Pós-Doutoramento da UNIARQ, Catarina Meira, expôs um poster intitulado Same places, different livings. A brief overview of the research on the transformations of Setúbal (Portugal) between the 4th and 7th centuries AD. Esse trabalho introduz o tema da sua investigação sobre a cidade de Setúbal em época pós-romana e pré-islâmica, no âmbito da qual procura elencar as alterações que os antigos espaços e edifícios romanos sofreram entre os séculos IV e VII naquele núcleo urbano. Os dados patentes no seu poster resultam da compilação de informação proveniente de intervenções de arqueologia preventiva e da historiografia produzida acerca da área urbana de Setúbal, tendo em consideração os testemunhos arqueológicos mais relevantes para a temática em questão.
Foi nesta 13ª reunião que a bolseira de Pós-Doutoramento da UNIARQ, Catarina Meira, expôs um poster intitulado Same places, different livings. A brief overview of the research on the transformations of Setúbal (Portugal) between the 4th and 7th centuries AD. Esse trabalho introduz o tema da sua investigação sobre a cidade de Setúbal em época pós-romana e pré-islâmica, no âmbito da qual procura elencar as alterações que os antigos espaços e edifícios romanos sofreram entre os séculos IV e VII naquele núcleo urbano. Os dados patentes no seu poster resultam da compilação de informação proveniente de intervenções de arqueologia preventiva e da historiografia produzida acerca da área urbana de Setúbal, tendo em consideração os testemunhos arqueológicos mais relevantes para a temática em questão.
O XIII Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular contou com mais de 60 comunicações e 18 posters sobre temas de amplo espetro cronológico, desde a Arqueologia Pré-histórica à Arqueologia Industrial. O programa incluiu ainda visitas ao teatro romano de Cádiz, ao sítio arqueológico de Gadir, ao Centro de Interpretação “Cádiz Préhistórico”, à cidade romana de Baelo Claudia e à necrópole de Los Algarbes em uso entre o Calcolítico e a Idade do Bronze.
Catarina Meira
Felicitas Iulia Olisipo: corpvs epigráfico (FIO-CE)
Quando passam oitenta anos sobre a publicação da obra de Augusto Vieira da Silva Epigrafia de Olisipo (subsídios para a história da Lisboa romana) foi apresentado o primeiro volume do novo corpvs da epigrafia romana da cidade, tal como o anterior publicado pela Câmara Municipal de Lisboa, parte integrante do grande projecto Lisboa Romana – Felicitas Iulia Olisipo, no qual o Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ) participa.
O novo trabalho é obra de uma equipa que integra os mais prestigiados epigrafistas portugueses, respectivamente, Amílcar Guerra, José d’Encarnação e José Cardim Ribeiro e um dos mais jovens valores deste campo de estudos: Sílvia Teixeira. O volume conta ainda com a colaboração de Elisabete Gama, em uma nota sobre Augusto Vieira da Silva e a epigrafia de Olisipo. Para além dos estudos introdutórios, este primeiro volume do corpvs apresenta as inscrições da cidade propriamente dita, estando prevista a publicação de dois outros volumes dedicados à epigrafia do território do Município romano. São agora 190 as epígrafes apresentadas, com leitura e estudo crítico, para além de bem documentadas em fotografia, todas as inscrições de paradeiro conhecido. Constitui sem dúvida um acontecimento maior no progresso da investigação sobre a cidade romana do estuário do Tejo e futuramente será obra de referência obrigatória, pelo que se justifica que, desde logo, no título figure o acrónimo porque será citada: FIO-CE. |
Carlos Fabião
Provas de agregação de Mariana Diniz
No dia 22 de outubro, realizaram-se as provas de agregação da Professora Associada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), Mariana Teodósia Lemos Castelo Branco Diniz. O evento decorreu na Sala de Atos da Reitoria da Universidade de Lisboa, sob a presidência da Doutora Maria João Baptista Neto, Professora Catedrática da mesma faculdade.
A cerimónia consistiu em duas sessões. Na sessão da manhã, procedeu-se à análise curricular da candidata, que contou com a intervenção do Doutor Pablo Arias Cabal, Professor Catedrático da Universidade de Cantábria, e do Professor Amílcar Guerra (FLUL), que enfatizaram a vasta experiência e o impacto da trajetória académica e científica da candidata. Seguiu-se a apresentação e discussão do programa da cadeira levada a provas, analisado pela Doutora Primitiva Bueno Ramirez, Professora Catedrática da Universidade de Alcalá, que destacou a estrutura e organização do programa, salientando a qualidade e profundidade das elaborações sobre a Pré-História recente em Portugal. |
Durante a sessão da tarde, a candidata apresentou a lição intitulada "Vila Nova de São Pedro (Azambuja) e o extremo ocidente da Península Ibérica, no 3.º milénio a.C." Tendo abordado o enquadramento geográfico, geológico e ambiental do sítio arqueológico, além de explorar o contexto arqueológico, a história das escavações e os recentes avanços nas escavações e interpretações desse povoado. Destacou ainda o enquadramento crono-cultural de Vila Nova de São Pedro, considerando influências externas e ligações regionais e extra-regionais, com a discussão científica conduzida pelo Doutor João Luís Serrão da Cunha Cardoso, Professor Catedrático Aposentado da Universidade Aberta. No final as provas foram aprovadas por unanimidade com congratulações do Júri.
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Para além dos mencionados compuseram também o júri os Professores Doutores Francisco José Gomes Caramelo (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa), Luís Filipe Sousa Barreto (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e Ana Margarida Costa Arruda dos Santos Gonçalves (Investigadora Coordenadora da FLUL). Integraram ainda o júri, embora ausentes por motivos de força maior, o Doutor Jorge Manuel Pestana Forte de Oliveira, Professor Catedrático Emérito da Universidade de Évora, e o Doutor João Carlos Teiga Zilhão, Investigador Coordenador da FLUL.
Cleia Detry
INVESTIGAÇÃO NA UNIARQ
Daniel Sánchez-Gómez - Bolseiro de Doutoramento UNIARQ FCT (UI/BD/154365/2023)
Uma abordagem baseada em dados para estudar a complexidade social na pré-história: Arqueologia Computacional e adorno pessoal na Península Ibérica. VI-III Milénios cal a.C.
A investigação arqueológica actual insere-se numa tendência global determinada pelo grande desenvolvimento das tecnologias da informação nas últimas décadas, pelo aumento da capacidade informática e pela disponibilidade de enormes bases de dados.
Este contexto abriu a possibilidade de colocar novas questões, gerando novos desafios que exigem a utilização de novas abordagens metodológicas. Neste cenário, o projecto de investigação, realizado em colaboração entre a UNIARQ e a Universidade de Sevilha, está estruturado em torno de três áreas de trabalho: 1. A arqueologia como ciência de dados 2. A utilização de técnicas computacionais avançadas para resolver questões arqueológicas. 3. Adorno pessoal e complexidade social Graças aos esforços de investigação de um grande grupo de investigadores, ao longo de mais de uma década, foi possível recolher uma grande quantidade de dados arqueométricos sobre objectos de adorno pessoal feitos de matérias-primas exóticas como a variscite e o âmbar, provenientes de toda a Península Ibérica. Este importante recurso permite-nos explorar novas questões sobre as redes socioeconómicas associadas a estes artefactos e as suas implicações para a emergência de sociedades complexas na pré-história. |
A utilização de grandes quantidades de dados em grandes períodos de tempo e áreas geográficas exige o desenvolvimento de ferramentas que nos permitam analisar e extrair novos conhecimentos sobre as sociedades humanas do passado, por conseguinte, o principal objectivo desta investigação é desenvolver ferramentas computacionais de acesso livre para o estudo da complexidade social do passado que contribuam para a digitalização das ciências humanas, a publicação de dados em acesso livre e a democratização da utilização dos resultados da investigação através de uma abordagem de ciência aberta.
Durante os dois primeiros anos, o projeto resultou na criação de uma plataforma de acesso livre para a publicação de dados sobre adorno pessoal na Europa (https://pepadb.us.es/app/) e na colaboração em vários artigos científicos (Garrido-Cordero et al., 2024; Odriozola et al., 2024; Romero-García et al., 2024; Sanchez-Gomez et al., 2024) que contribuem para a divulgação dos resultados parciais. Este projeto de investigação é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e supervisionado por Ana Catarina Sousa (UNIARQ), e Carlos Odriozola (Universidade de Sevilha). |
Bibliografia:
Garrido-Cordero, J. A., Odriozola, C. P., Sousa, A. C., Romero-García, G., Sánchez-Gómez, D., Blanes, J. M. M., Lázarich, M., Zambrana-Vega, M. D., & Gonçalves, J. L. V. (2024). Amber provenance as a Chrono-Cultural Proxy: Insights from FTIR analysis in the Iberian Peninsula. Journal of Archaeological Science: Reports, 57, 104647. https://doi.org/10.1016/j.jasrep.2024.104647 Odriozola, C. P., Garrido-Cordero, J. Á., Sousa, A. C., Martínez-Blanes, J. M., Romero-García, G., Sánchez-Gómez, D., Edo i Benaigues, M., Romero-Vera, D., Simón-Vallejo, M. D., Zambrana Vega, M. D., & Molina González, J. L. (2024). Crafting illusions: Human-made composite coating used to simulate amber beads in prehistoric Iberia. Journal of Archaeological Science, 168, 106011. https://doi.org/10.1016/j.jas.2024.106011 Romero-García, G., Sánchez-Gómez, D., Garrido-Cordero, J. Á., Martínez-Blanes, J. M., Sousa, A. C., & Odriozola, C. P. (2024). Unlocking archaeological data online via the PEPAdb (Prehistoric Europe’s Personal Adornment Database) initiative for Open Science. Antiquity, 1-6. https://doi.org/10.15184/aqy.2024.2 |
Sanchez-Gomez, D., Lloret, C. P. O., Sousa, A. C., Garrido-Cordero, J. Á., Romero-García, G., Martínez-Blanes, J. M., Benaiges, M. E. I., Villalobos-García, R., & Gonçalves, V. S. (2024). A supervised multiclass framework for mineral classification of Iberian beads. PLOS ONE, 19(7), e0302563. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0302563
INVESTIGADOR VISITANTE NA UNIARQ
Luis Benítez de Lugo Enrich (Universidade Complutense de Madrid)
Em outubro, Luis Benítez de Lugo Enrich, professor de Pré-História na Universidade Complutense de Madrid, realizou uma estadia de investigação e docência na UNIARQ-Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Durante a sua estadia, o Professor Benítez de Lugo leccionou diferentes disciplinas do curso de Arqueologia. A disciplina em que se enquadra esta colaboração denomina-se “Sociedades da Idade do Bronze na Península Ibérica”. Um dos temas do curso é “O Bronze de La Mancha”, um tema em que o professor convidado é especialista. O professor de Madrid explicou as investigações que está a realizar sobre a cultura motilla, com escavações em várias motillas e em dois grandes monumentos tumulares em La Mancha. Foram também abordadas possíveis linhas de colaboração entre especialistas da Universidade Complutense de Madrid e da UNIARQ-Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, como as professoras Elisa de Sousa e Mariana Diniz. |
PEÇA DO MÊS
Vaso em cerâmica Manual
Proveniência: Povoado de Santa Sofia (Vila Franca de Xira, Portugal)
Cronologia: Idade do Ferro (Séc. VIII-VII a.C.) Direcção dos trabalhos: João Pimenta e Henrique Mendes – Câmara Municipal de Vila Franca de Xira Descrição: Pequeno vaso em cerâmica manual de colo alto, lábio simples, corpo troncocónico carenado, com 7,1 cm de comprimento, 7,6 cm de largura, 0,4 cm de espessura. Apresenta uma pasta de textura fina com escassos elementos não plásticos, bem distribuídos. A superfície é cuidada e evidencia acabamento polido. |
Comentário: A peça em análise foi identificada, depositada intencionalmente de boca virada para baixo e coberta por uma laje nas imediações da estrutura habitacional que caracterizamos como cabana 1.
Este modelo de vaso de cerâmica manual insere-se dentro da tipologia cerâmica da Idade do Bronze Final da Estremadura com múltiplos paralelos em sítios de altura, assim como, nos característicos casais agrícolas. Contudo, o singular contexto do povoado de Santa Sofia permite atestar a continuidade de circulação destes modelos em cronologias já da Idade do Ferro, surgindo a par das primeiras cerâmicas a torno de morfologia orientalizante.
O povoado de Santa Sofia, escavado nos anos de 2006 e 2007, permitiu caracterizar a ocupação e organização espacial de um singular sítio proto-histórico. Corresponde a um habitat de meia encosta, que aproveitaria as boas condições de visibilidade e a abundância de água de nascente. A leitura arqueológica, de um amplo sector do sítio, revelou um habitat tipicamente indígena, pautado pela presença de alicerces pétreos de cabanas de planta ovoide. Constituído por diversas famílias, esta comunidade assentava a sua economia na pastorícia e agricultura do vale, colmatando a sua dieta com a pesca e recolha de moluscos no rio Tejo.
A presença de evidências materiais do mundo fenício (ânforas, cerâmica de engobe vermelho, pithoi decorados com bandas policromas vermelhas, negras e brancas) reveste-se de um interesse inusitado, por permitir estudar os primeiros contactos e interações dos mercadores orientais numa perspetiva do mundo indígena.
Local de depósito: Centro de Estudos Arqueológicos de Vila Franca de Xira - CEAX
Este modelo de vaso de cerâmica manual insere-se dentro da tipologia cerâmica da Idade do Bronze Final da Estremadura com múltiplos paralelos em sítios de altura, assim como, nos característicos casais agrícolas. Contudo, o singular contexto do povoado de Santa Sofia permite atestar a continuidade de circulação destes modelos em cronologias já da Idade do Ferro, surgindo a par das primeiras cerâmicas a torno de morfologia orientalizante.
O povoado de Santa Sofia, escavado nos anos de 2006 e 2007, permitiu caracterizar a ocupação e organização espacial de um singular sítio proto-histórico. Corresponde a um habitat de meia encosta, que aproveitaria as boas condições de visibilidade e a abundância de água de nascente. A leitura arqueológica, de um amplo sector do sítio, revelou um habitat tipicamente indígena, pautado pela presença de alicerces pétreos de cabanas de planta ovoide. Constituído por diversas famílias, esta comunidade assentava a sua economia na pastorícia e agricultura do vale, colmatando a sua dieta com a pesca e recolha de moluscos no rio Tejo.
A presença de evidências materiais do mundo fenício (ânforas, cerâmica de engobe vermelho, pithoi decorados com bandas policromas vermelhas, negras e brancas) reveste-se de um interesse inusitado, por permitir estudar os primeiros contactos e interações dos mercadores orientais numa perspetiva do mundo indígena.
Local de depósito: Centro de Estudos Arqueológicos de Vila Franca de Xira - CEAX
Bibliografia:
MENDES, H.; PIMENTA, J. (2007b) – O povoado do Bronze Final, Ferro Inicial do Vale de Santa Sofia, em Vila Franca de Xira. In Conhecer o Património de Vila Franca de Xira Perspectivas de Gestão de Bens Culturais. Museu Municipal de Vila Franca de Xira, p. 145-151.
PIMENTA, J. (2012) - Vila Franca de Xira há três mil anos. O Povoado de Cabanas de Santa Sofia. Catálogo da Exposição Vila Franca de Xira há três mil anos. Museu Municipal Vila Franca de Xira.
PIMENTA, J.; MENDES, H. (2007) - Novos dados sobre a presença Fenícia no Vale do Tejo a escavação do povoado de Santa Sofia (Vila Franca de Xira). Al-madan. Almada. 2.ª Série. 15, p. 160.
PIMENTA, J. e MENDES, H. (2010-2011) – Novos dados sobre a presença fenícia no vale do Tejo. As recentes descobertas na área de Vila Franca de Xira. Estudos Arqueológicos de Oeiras. N.º 18. Oeiras. Câmara Municipal, p. 591-618
PIMENTA, J.; SOARES, A. M.; MENDES, H. (2013) - Cronologia Absoluta para o Povoado Pré-Romano de Santa Sofia (Vila Franca de Xira). CIRA Arqueologia. N.º 2: Museu Municipal de Vila Franca de Xira, p. 181-194.
PIMENTA, J.; MENDES, H. (2016) – Carta Arqueológica de Vila Franca de Xira. Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Centro de Estudos Arqueológicos de Vila Franca de Xira (CEAX).
MENDES, H.; PIMENTA, J. (2007b) – O povoado do Bronze Final, Ferro Inicial do Vale de Santa Sofia, em Vila Franca de Xira. In Conhecer o Património de Vila Franca de Xira Perspectivas de Gestão de Bens Culturais. Museu Municipal de Vila Franca de Xira, p. 145-151.
PIMENTA, J. (2012) - Vila Franca de Xira há três mil anos. O Povoado de Cabanas de Santa Sofia. Catálogo da Exposição Vila Franca de Xira há três mil anos. Museu Municipal Vila Franca de Xira.
PIMENTA, J.; MENDES, H. (2007) - Novos dados sobre a presença Fenícia no Vale do Tejo a escavação do povoado de Santa Sofia (Vila Franca de Xira). Al-madan. Almada. 2.ª Série. 15, p. 160.
PIMENTA, J. e MENDES, H. (2010-2011) – Novos dados sobre a presença fenícia no vale do Tejo. As recentes descobertas na área de Vila Franca de Xira. Estudos Arqueológicos de Oeiras. N.º 18. Oeiras. Câmara Municipal, p. 591-618
PIMENTA, J.; SOARES, A. M.; MENDES, H. (2013) - Cronologia Absoluta para o Povoado Pré-Romano de Santa Sofia (Vila Franca de Xira). CIRA Arqueologia. N.º 2: Museu Municipal de Vila Franca de Xira, p. 181-194.
PIMENTA, J.; MENDES, H. (2016) – Carta Arqueológica de Vila Franca de Xira. Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Centro de Estudos Arqueológicos de Vila Franca de Xira (CEAX).
João Pimenta
AGENDA
Workshop Internacional
Producción y Uso de Cerámicas en Áreas de Influencia de Cartago 14 e 15 de Novembro Cartagena (Espanha) |
Arqueologia em Construção 9: Sessão #5
19 de Novembro Faculdade de Letras de Lisboa Mais informação AQUI |
International Congress
Women and Writing in the Roman West 21 e 22 de Novembro Faculdade de Letras de Lisboa Mais informação AQUI |
Lançamento do vol. 24 da colecção Estudos & Memórias
22 de Novembro Vila Franca de Xira |
I Congresso da Associação Brasileira para a Arqueologia Histórica
25 a 29 de Novembro Minas Gerais (Brasil) Mais informação AQUI |
I Congreso Internacional
Producción y Consumo en el Calcolítico y la Edad del Bronce de la Península Ibérica 27 a 29 de Novembro Granada (Espanha) Mais informação AQUI |
Encontro
Animais e Plantas na Lusitânia Romana 28 de Novembro Sala B112.C | FLUL Entrada Livre |
Participações em Congressos, Colóquios e Conferências
COLLOQVIVM "Para a «Felicidade Pública» No tricentenário do nascimento de Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas (1724-1814)"
Participação de António Carvalho, Carlos Fabião, João Pimenta e Noé Conejo Delgado 10 a 12 de Outubro | Évora The Lithic Studies Society Conference 2024
Participação de Alexandre Varanda, Carlos Ferreira e Maria Melo 11 e 12 de Outubro | Newark-on-Trent (UK) XV Coloquio Internacional de Lenguas y Culturas Paleohispánicas
Participação de Amílcar Guerra, Javier Herrera Rando e José Cardim Ribeiro 16 a 18 de Outubro | Madrid (Espanha) Seminário "EvoAnth" da Universidade de Liverpool
«New Data on the Acheulan of the Iberian Atlantic Margin» por Carlos Ferreira 17 de Outubro | Zoom "Negotiating Identities, Constructing Territories: Pre-Roman Iberia, 900-200 BCE"
«Portugal: locals and Levantines in the Atlantic frontier (Tagus Valley): farthest horizons, routes, natural resources and Phoenician-local networks» Comunicação de Ana Margarida Arruda e Elisa de Sousa 17 a 19 de Outubro | Chicago (EUA) Curso do dia dos Castelos: "Fortificações Calcolíticas da Estremadura"
Organização de João Luis Cardoso 18 e 19 de Outubro | Auditório da Biblioteca Municipal de Palmela Arqueologia da Freguesia de Castelo Branco
«A Época Romana na freguesia de Castelo Branco: uma visão preliminar através da Arqueologia» Comunicação de Edgar Fernandes 19 e 20 de Outubro | Casa do Arco do Bispo, Castelo Branco |
SIMEP 2024: Social Interactions in Mediterranean Prehistory
«Alterity and confronted identities» Participação de Andrea Martins, César Neves, João Zilhão, Mariana Diniz e Patrícia Jordão 21 a 23 de Outubro | Barcelona (Espanha) Exposição temporária "La vie au grand air ! Il y a 23 475 ans : chroniques solutréennes"
«Le solutréen du Sud-Ouest de la péninsule ibérique» Conferência de João Zilhão 25 de Outubro | Lez Eyzies, França XIII Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular
Participação de Catarina Costeira, Catarina Meira, Francisco B. Gomes, Macarena Bustamante, Maria João Valente e Nelson J. Almeida 25 a 27 de Outubro | Cádiz / Benalup-Casas Viejas (Espanha) Ciclo de Conferências "Sintra Arqueológica"
«Entretecendo Passado e Futuro: A Ação COST EuroWeb e a Arqueologia Têxtil em Sintra e no Sul de Portugal» Conferência de Francisco B. Gomes, Paula Nabais, Catarina Costeira e Alexandre Gonçalves 26 de Outubro | M.A.S.M.O., Sintra Arqueologia em Construção 9: Sessão #4
Participação de Alice Baeta e Pedro Caria 29 de Outubro | Faculdade de Letras de Lisboa XII Encontro Rural Report
«ECOFREEDOM: Ecologia e Escravidão de Cacheu ao Sado» Comunicação de Dulce Freire, Sandra D. Gomes e Fernando Mouta 30 e 31 de Outubro | Universidade de Évora |
Concursos Abertos
Bolsa de Investigação (BI) para Estudante de Mestrado, no âmbito do projeto de I&D “50LAYERS - 50 Camadas de Uma Revolução: A Arqueologia Pré-Histórica Depois Do 25 De Abril De 1974” (2023.10940.25ABR), do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, financiado por fundos nacionais da FCT/MCTES
Mais informação em: https://www.letras.ulisboa.pt/pt/investigacao/investigar-em-letras/bolsas-de-investigacao#concursos-abertos-3
e https://euraxess.ec.europa.eu/jobs/285557
Mais informação em: https://www.letras.ulisboa.pt/pt/investigacao/investigar-em-letras/bolsas-de-investigacao#concursos-abertos-3
e https://euraxess.ec.europa.eu/jobs/285557
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