Editorial
Mariana Diniz, Directora da UNIARQ
O mês de Agosto é para o Mundo Ocidental que conhecemos(íamos) um mês de férias, de interrupção por vezes tão efectiva que as Escolas e os respectivos centros de investigação fechavam as suas portas. Para a Arqueologia, ao contrário, o Verão, e também o mês de Agosto a tal silly season criada pela ausência de noticias politicas que levava para os órgãos de comunicação social tradicionais, como a televisão, as noticias dos trabalhos de campo, concentrava parte muito substantiva das campanhas de terreno, das escavações que decorriam em diferentes estações arqueológicas e onde, integrados nos projectos, em cursos os estudantes dos diferentes ciclos de estudo, participavam. Para todos nós, estas campanhas de Verão, muitas vezes de longa duração, algumas vezes marcadas por temperaturas excessivamente elevadas e condições de vida excessivamente espartanas, fazem parte das nossas memórias individuais, do nosso imaginário de grupo, e as amizades feitas no mesmo quadrado tendem a durar a vida inteira.
Também na vida da UNIARQ, o Verão significa uma actividade intensa de escavações de que esta newsletter apresenta já algumas notícias. Dão-se notícia de alguns trabalhos decorridos durante o mês de Julho, como os do Fortim do Baleal, os do Castelo Velho de Safara e da Tapada de Mafra. Em diferentes ambientes, sobre diferentes contextos cronológicos, a investigação de campo da UNIARQ, fez-se mais uma vez, com equipas alargadas, com participação activa dos estudantes da Faculdade de Letras de desde a licenciatura tomam contacto com os projectos de investigação em curso, com as metodologias de escavação e de registo de campo, com as problemáticas logísticas e financeiras de que se reveste uma escavação.
Mas em Julho realizou-se também um workshop – Arqueozoo – dedicado às temáticas da Zooarqueologia. Este campo de investigação, já nuclear na acção da UNIARQ, reúne, num ambiente marcado pela multidisciplinaridade investigadores do Centro de Arqueologia e outros arqueólogos que procuram actualizar conhecimentos e renovar metodologias nesta área cientifica.
Quero também quero neste Editorial, e ainda antes de serem conhecidos os resultados oficiais, dar os parabéns e as boas-vindas àqueles que acabaram agora de receber uma bolsa de doutoramento atribuída pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, pelo concurso de 2024. A chegada de jovens investigadores, de novos projectos e de novas linhas de inquérito é decisiva para a expansão da UNIARQ e de toda a comunidade arqueológica. A renovação de gerações constitui para qualquer instituição um sinal da sua vitalidade, da sua capacidade de atracção e de fixação de talento. Mas com o acolhimento destes jovens bolseiros renova-se a cada ano, a responsabilidade e o compromisso decisivo entre a UNIARQ, os Investigadores – orientadores e os jovens estudantes de doutoramento. Os esforços conjuntos de todos estes agentes têm que contribuir, como consta do jargão, para o avanço da Ciência, fazendo bom uso dos recursos humanos e dos dinheiros públicos aqui investidos.
Os maiores sucessos para os que acabam de chegar, o melhor Verão possível para todos.
Também na vida da UNIARQ, o Verão significa uma actividade intensa de escavações de que esta newsletter apresenta já algumas notícias. Dão-se notícia de alguns trabalhos decorridos durante o mês de Julho, como os do Fortim do Baleal, os do Castelo Velho de Safara e da Tapada de Mafra. Em diferentes ambientes, sobre diferentes contextos cronológicos, a investigação de campo da UNIARQ, fez-se mais uma vez, com equipas alargadas, com participação activa dos estudantes da Faculdade de Letras de desde a licenciatura tomam contacto com os projectos de investigação em curso, com as metodologias de escavação e de registo de campo, com as problemáticas logísticas e financeiras de que se reveste uma escavação.
Mas em Julho realizou-se também um workshop – Arqueozoo – dedicado às temáticas da Zooarqueologia. Este campo de investigação, já nuclear na acção da UNIARQ, reúne, num ambiente marcado pela multidisciplinaridade investigadores do Centro de Arqueologia e outros arqueólogos que procuram actualizar conhecimentos e renovar metodologias nesta área cientifica.
Quero também quero neste Editorial, e ainda antes de serem conhecidos os resultados oficiais, dar os parabéns e as boas-vindas àqueles que acabaram agora de receber uma bolsa de doutoramento atribuída pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, pelo concurso de 2024. A chegada de jovens investigadores, de novos projectos e de novas linhas de inquérito é decisiva para a expansão da UNIARQ e de toda a comunidade arqueológica. A renovação de gerações constitui para qualquer instituição um sinal da sua vitalidade, da sua capacidade de atracção e de fixação de talento. Mas com o acolhimento destes jovens bolseiros renova-se a cada ano, a responsabilidade e o compromisso decisivo entre a UNIARQ, os Investigadores – orientadores e os jovens estudantes de doutoramento. Os esforços conjuntos de todos estes agentes têm que contribuir, como consta do jargão, para o avanço da Ciência, fazendo bom uso dos recursos humanos e dos dinheiros públicos aqui investidos.
Os maiores sucessos para os que acabam de chegar, o melhor Verão possível para todos.
NOTÍCIAS
Arqueozoo: Curso de Introdução à Zooarqueologia realizado na FLUL
A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa acolheu entre os dias 8 e 11 de julho o curso de Introdução à Zooarqueologia, Arqueozoo. O curso contou com a participação de diversos investigadores e foi dividido em componentes teóricas e práticas, proporcionando aos participantes uma imersão completa no estudo dos restos animais encontrados em sítios arqueológicos.
Na parte teórica, o curso foi enriquecido por contribuições dos zooarqueólogos da UNIARQ e outras instituições. Cleia Detry (FLUL) abriu o evento com uma apresentação inicial de introdução à Zooarqueologia. O primeiro dia continuou com um módulo sobre Tafonomia ministrado por Nelson J. Almeida (Universidade de Évora) e uma palestra de Simon Davis (LARC-DGPC) sobre osteometria e seu uso em interpretações ambientais, com um foco especial no estudo dos coelhos.
O segundo dia começou com uma palestra de Ana Beatriz Santos (FLUL) sobre a utilização de Zooms (análise de proteínas) e isótopos como metodologias inovadoras na análise zooarqueológica. Seguiu-se Maria João Valente (UALG), que abordou as idades de abate de animais e os métodos para estudá-las. A tarde foi dedicada à Ictioarqueologia, com intervenções de Sónia Gabriel (Larc-PC, IP) e Miguel Rodrigues (FLUL).
Na parte teórica, o curso foi enriquecido por contribuições dos zooarqueólogos da UNIARQ e outras instituições. Cleia Detry (FLUL) abriu o evento com uma apresentação inicial de introdução à Zooarqueologia. O primeiro dia continuou com um módulo sobre Tafonomia ministrado por Nelson J. Almeida (Universidade de Évora) e uma palestra de Simon Davis (LARC-DGPC) sobre osteometria e seu uso em interpretações ambientais, com um foco especial no estudo dos coelhos.
O segundo dia começou com uma palestra de Ana Beatriz Santos (FLUL) sobre a utilização de Zooms (análise de proteínas) e isótopos como metodologias inovadoras na análise zooarqueológica. Seguiu-se Maria João Valente (UALG), que abordou as idades de abate de animais e os métodos para estudá-las. A tarde foi dedicada à Ictioarqueologia, com intervenções de Sónia Gabriel (Larc-PC, IP) e Miguel Rodrigues (FLUL).
Na manhã do dia 10, a temática foi a Arqueogenética, uma área em expansão no estudo dos restos animais em sítios arqueológicos, apresentada por Catarina Ginja (FMV-UL) e Ana Elisabete Pires (U. Lusófona, LARC-PC, IP).
A componente prática do curso, realizada na tarde de dia 10 e durante todo o dia 11, foi conduzida por Cleia Detry, Ana Beatriz Santos, Patrícia Aleixo e Miguel Rodrigues. Os exercícios práticos ajudaram os participantes a aprender técnicas de identificação de esqueletos, consolidando os conhecimentos adquiridos nas sessões teóricas.
O Arqueozoo foi uma excelente oportunidade para investigadores e estudantes aprofundarem os seus conhecimentos e metodologias aplicadas em Zooarqueologia, promovendo o avanço desta disciplina fundamental para a compreensão dos contextos arqueológicos.
Este curso contou com o apoio de três projetos financiados pela FCT, o BROMAN, ZOOCHANGES e ARIES. Bem como a colaboração de várias instituições como a Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade do Algarve, Universidade Lusófona, BIOPOLIS (CIBIO), Património Cultural (Instituto Público), este último com o empréstimo de alguns exemplares da coleção de referência.
A componente prática do curso, realizada na tarde de dia 10 e durante todo o dia 11, foi conduzida por Cleia Detry, Ana Beatriz Santos, Patrícia Aleixo e Miguel Rodrigues. Os exercícios práticos ajudaram os participantes a aprender técnicas de identificação de esqueletos, consolidando os conhecimentos adquiridos nas sessões teóricas.
O Arqueozoo foi uma excelente oportunidade para investigadores e estudantes aprofundarem os seus conhecimentos e metodologias aplicadas em Zooarqueologia, promovendo o avanço desta disciplina fundamental para a compreensão dos contextos arqueológicos.
Este curso contou com o apoio de três projetos financiados pela FCT, o BROMAN, ZOOCHANGES e ARIES. Bem como a colaboração de várias instituições como a Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade do Algarve, Universidade Lusófona, BIOPOLIS (CIBIO), Património Cultural (Instituto Público), este último com o empréstimo de alguns exemplares da coleção de referência.
Cleia Detry
Exposição "Lumiar: Histórias inacabadas..."
No passado dia 7 de Junho inaugurou a exposição "Lumiar: Histórias inacabadas..." na Biblioteca Orlando Ribeiro - Sala de Exposições, em Telheiras (Lisboa), que irá estar patente até dia 30 de Agosto de 2024.
A exposição, coordenada por Atalaia Cultural, Centro de Arqueologia de Lisboa e Gabinete de Estudos Olisiponenses, contou com o apoio de vários investigadores do CAL, NOVA-FCSH (IEM e CHAM) e Laboratório Hércules, bem como da UNIARQ. Por exemplo, Manuel Fialho Silva contribuiu com a contextualização histórica e o tratamento de mapas da zona em estudo, e Ana Beatriz Santos, com o estudo da fauna recuperada no sítio escavado. Esta exposição apresenta os resultados da intervenção arqueológica realizada na Rua do Lumiar 75-79, pela empresa Atalaia Plural, em 2020, dando a conhecer a ocupação deste local desde a Pré-história até à actualidade. Dando destaque ao contexto funerário do período Islâmico dos séculos X (a início do XI) e ao conjunto faunístico recuperado do interior dos silos, atribuídos aos séculos XIV a XV, onde se encontraram também cerâmicas, mostrando com base no espólio recolhido como seriam as vivências das populações neste local. |
Cleia Detry
INVESTIGAÇÃO NA UNIARQ
ESPECIAL CAMPANHAS DE VERÃO 2024
Iniciaram-se, em Maio, as campanhas de investigação de campo e de laboratório dos investigadores da UNIARQ, que se prolongarão até ao mês de Setembro.
CAMPO:
1. Orca da Lapa do Lobo (Nelas). Neolítico. Projecto NeoMEGA3: Antigas Sociedades Camponesas e Megalitismo na Plataforma do Mondego: Investigação, Recuperação, Integração e Valorização Patrimonial. José Quintã Ventura e Luís Laceiras
2. Orca 1 de Troviscos (Carregal do Sal). Neolítico Final e Bronze Antigo. Projecto NeoMEGA3: Antigas Sociedades Camponesas e Megalitismo na Plataforma do Mondego: Investigação, Recuperação, Integração e Valorização Patrimonial. José Quintã Ventura e Telma O. Ribeiro
3. Monumento da Víbora (Carregal do Sal). Bronze Final. Projecto NeoMEGA3: Antigas Sociedades Camponesas e Megalitismo na Plataforma do Mondego: Investigação, Recuperação, Integração e Valorização Patrimonial. José Quintã Ventura e Telma O. Ribeiro
4. Abrigo da Gruta da Buraca da Moira (Leiria). Neolítico Médio - Calcolítico Médio Necrópole; Paleolítico Superior. Projecto EcoPLis - Ecónonos Plistocénicos na Bacia do Rio Lis. Telmo Pereira
5. Abrigo da Senhora das Lapas (Tomar). Projecto ARQEVO2. Alexandre Varanda, Luis Gomes, João Zilhão e Filipa Rodrigues
6. Gruta do Caldeirão (Tomar). Paleolítico Médio/Superior. Projecto ARQEVO: Arqueologia e Evolução dos Primeiros Humanos na Fachada Atlântica da Península Ibérica. Luis Gomes, João Zilhão e Alexandre Varanda
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7. Gruta do Aderno (Torres Novas). Paleolítico Inferior. Projecto Arqueologia e evolução dos primeiros humanos na fachada atlântica da Península Ibérica (ARQEVO 2). Henrique Matias e João Zilhão
8. Villa Cardílio (Torres Novas). Romano (I-V d.C.). Projecto Villa Cardílio: a romanização da bacia hidrográfica do Almonda. Victor Filipe
9. Concheiro - Fortim do Baleal 1 (Peniche). Mesolítico / Neolítico. Projecto Espaço e Tempo. Paleoambiente e Povoamento do 6º ao 3º milénio a.n.e na região de Peniche. Luis Rendeiro
10. Cidade Romana de Ammaia (Marvão). Romano. Projecto Anfiteatro da cidade Romana de Ammaia. Carlos Fabião e Amílcar Guerra
11. Tapada de Mafra. Vários. Projecto PATM: Paisagens Antigas da Tapada de Mafra. Ana Catarina Sousa e Marta Miranda
14. Castelo Velho de Safara (Moura). Romano Republicano, Idade do Ferro, Calcolítico. Projecto FOMEGA II. Mariana Nabais e Rui Monge Soares
LABORATÓRIO:
1. Orca da Lapa do Lobo (Nelas). Neolítico. Projecto NeoMEGA3: Antigas Sociedades Camponesas e Megalitismo na Plataforma do Mondego: Investigação, Recuperação, Integração e Valorização Patrimonial. José Quintã Ventura e Luís Laceiras
2. Orca 1 de Troviscos (Carregal do Sal). Neolítico Final e Bronze Antigo. Projecto NeoMEGA3: Antigas Sociedades Camponesas e Megalitismo na Plataforma do Mondego: Investigação, Recuperação, Integração e Valorização Patrimonial. José Quintã Ventura e Telma O. Ribeiro
3. Monumento da Víbora (Carregal do Sal). Bronze Final. Projecto NeoMEGA3: Antigas Sociedades Camponesas e Megalitismo na Plataforma do Mondego: Investigação, Recuperação, Integração e Valorização Patrimonial. José Quintã Ventura e Telma O. Ribeiro
5. Abrigo da Senhora das Lapas (Tomar). Projecto ARQEVO2. Alexandre Varanda, Luis Gomes, João Zilhão e Filipa Rodrigues
4. Abrigo da Gruta da Buraca da Moira (Leiria). Neolítico Médio - Calcolítico Médio Necrópole; Paleolítico Superior. Projecto EcoPLis - Ecónonos Plistocénicos na Bacia do Rio Lis. Telmo Pereira
7. Gruta do Aderno (Torres Novas). Paleolítico Inferior. Projecto Arqueologia e evolução dos primeiros humanos na fachada atlântica da Península Ibérica (ARQEVO 2). Henrique Matias e João Zilhão
8. Villa Cardílio (Torres Novas). Romano (I-V d.C.). Projecto Villa Cardílio: a romanização da bacia hidrográfica do Almonda. Victor Filipe
9. Concheiro - Fortim do Baleal 1 (Peniche). Mesolítico / Neolítico. Projecto Espaço e Tempo. Paleoambiente e Povoamento do 6º ao 3º milénio a.n.e na região de Peniche. Luis Rendeiro
10. Cidade Romana de Ammaia (Marvão). Romano. Projecto Anfiteatro da cidade Romana de Ammaia. Carlos Fabião, Amílcar Guerra e Catarina Viegas
12. Laboratório das Colecções da Arqueologia Colonial Portuguesa / FLUL. Paleolítico. Projecto Colecções da Arqueologia Colonial Portuguesa. João Pedro Cunha-Ribeiro e Paula Nascimento
13. Práticas de laboratório em Arqueologia - Idade do Ferro e período romano: estudo de materiais faunísticos e cerâmicos / FLUL. Idade do Ferro e Período Romano. Elisa de Sousa, Cleia Detry e Francisco B. Gomes
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Investigações arqueológicas no concheiro do Fortim do Baleal 1 (Peniche)
No âmbito do projeto de Doutoramento financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia FCT -2020.06242BD, integrado no Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ) e no Centro de Estudos Geográficos do Instituto Geográfico e Ordenamento do Território (CEG-IGOT), intitulado Espaço e Tempo. Paleoambiente e Povoamento do 6º ao 3º milénio a.n.e na região de Peniche, decorreram, nos meses de verão de 2022, 2023 e 2024, três campanhas de escavações arqueológicas no sítio do Fortim do Baleal 1, sendo esta a última das campanhas previstas dentro deste projeto de doutoramento. Trata-se de um concheiro, integrável nas cronologias entre o final do 6º e princípio do 5º milénio a.n.e, coevo ao das ocupações na gruta da Furninha do Neolítico Antigo Evolucionado.
Até ao momento, foi retirado um conjunto expressivo de fauna malacológica, distribuindo-se por várias espécies de Bivalvia temos a presença de Mytilus sp. (Mexilhão) que prevalece em maior número, a Ruditapes decussata (Ameijoa verdadeira), Ostrea sp. (Ostra), Cerastoderma edule (Berbigão). Para o grupo dos Gastropoda é identificado a presença de Littorina Littorea (Caramujo), Monodonta sp (Burrié), Patella sp (Lapa). E no grupo dos Maxillopoda temos Pollicipes pollicipes (Percebes) e Balanidae (Cracas). Assim como de fauna ictiológica, sendo recolhido escamas e espinhas de espécies da família dos Sparidae (Sargos, Douradas.). A fauna mamalógica terrestre, está presente em espécies como o Sus scrofa (Javali), Ovis aries ou Capra hircus, bem como Cervus elaphus (Veado) e Oryctolagus cuniculus (Coelho). |
Este conjunto faunístico indica-nos os ecossistemas existentes, e por sua consequência, os climas e ambientes que nessa contemporaneidade deveriam existir na região.
Os contextos do final do 6º e inícios do 5º milénio a.n.e, presentes na área abrangida por este projeto, resumem-se a um total de três contextos de gruta necrópole e a dois sítios de cariz habitacional, como o Outeiro da Assenta (Cardoso e Carreira 2003) e Amoreira (Cardoso 2015), em Óbidos. No concelho de Peniche, estes contextos encontravam-se presentes apenas em grutas, existindo pouca informação sobre a rede de povoamento associado, fazendo do concheiro do Fortim do Baleal 1 (Rendeiro, L. 2018), o único sítio integrável nas cronologias de Neolítico Antigo, em Peniche, que não é em gruta.
O concheiro apresenta uma utilização mais efetiva por parte destas comunidades, as mesmas (de acordo com a datação obtida) que utilizariam a gruta da Furninha como local ritualizante com práticas funerárias utilizadas durante o Neolítico Antigo evolucionado.
Os contextos do final do 6º e inícios do 5º milénio a.n.e, presentes na área abrangida por este projeto, resumem-se a um total de três contextos de gruta necrópole e a dois sítios de cariz habitacional, como o Outeiro da Assenta (Cardoso e Carreira 2003) e Amoreira (Cardoso 2015), em Óbidos. No concelho de Peniche, estes contextos encontravam-se presentes apenas em grutas, existindo pouca informação sobre a rede de povoamento associado, fazendo do concheiro do Fortim do Baleal 1 (Rendeiro, L. 2018), o único sítio integrável nas cronologias de Neolítico Antigo, em Peniche, que não é em gruta.
O concheiro apresenta uma utilização mais efetiva por parte destas comunidades, as mesmas (de acordo com a datação obtida) que utilizariam a gruta da Furninha como local ritualizante com práticas funerárias utilizadas durante o Neolítico Antigo evolucionado.
Em cima, da esquerda para a direita: Prof. Vítor Gonçalves, Prof. Carlos Tavares da Silva e Profª Joaquina Soares; Prof. Luís Raposo; Profª Catherine Dupont; Em baixo, da esquerda para a direita: Drª Sandra Lourenço; Drªs Ana Costa e Ana Cristina Araújo; Prof.ª Ana Catarina de Sousa. Também tivemos as visitas da Profª Ana Ramos Pereira e do Prof. João Luis Cardoso, cujas imagens não foram registadas
O concheiro do Fortim do Baleal 1, pela sua implantação persistente sobre a falésia, e pelo contexto cronológico que representa, mereceu o entusiasmo e curiosidade dos colegas, aproveitando para conhecer o sítio, e claro, debater em campo as problemáticas do contexto, os artefactos, a fauna, e principalmente a questão do Neolítico Antigo na Estremadura Atlântica.
Ao sítio do concheiro do Fortim do Baleal 1, resta-me dizer um adeus que se espera que seja um até já, sabendo que ainda muita informação falta retirar deste contexto. Que o futuro permita um retorno breve.
Ao sítio do concheiro do Fortim do Baleal 1, resta-me dizer um adeus que se espera que seja um até já, sabendo que ainda muita informação falta retirar deste contexto. Que o futuro permita um retorno breve.
Luis Rendeiro
Castelo Velho de Safara (Moura)
Em Julho de 2024 decorreu a oitava campanha de escavação no Castelo Velho de Safara, dirigida por Mariana Nabais e Rui Monge Soares, em parceria com a University College London (UCL) e a South-West Archaeology Digs (SWAD), e que contou com a participação de catorze alunos estrangeiros. O Castelo Velho de Safara localiza-se num esporão rochoso na confluência da ribeira de Safareja com o rio Ardila, no concelho de Moura. Consiste num povoado fortificado, caracterizado pela visível e densa muralha em xisto e pelas três linhas de fossos paralelos que a rodeiam. Até ao momento foram confirmadas três ocupações distintas datadas do Calcolítico, da segunda Idade do Ferro e de época Romana.
O Castelo Velho de Safara é um dos sítios arqueológicos mais lendários do concelho de Moura. A população local acredita que é ali que se encontrará a afamada bezerra de ouro. O sítio é conhecido desde, pelo menos a década de 1960, mas só em 1985 foram lançadas as primeiras hipóteses sobre a história da sua ocupação por António Monge Soares. Em 2010 realizou-se um levantamento topográfico das estruturas defensivas evidentes no local no âmbito da tese de mestrado apresentada à FLUL por Teresa Costa. Os trabalhos de escavação sistemática iniciaram-se em Junho de 2018 tendo, desde então, sido abertas seis sondagens. Este Verão as intervenções incidiram na conclusão da escavação da sondagem 4, correspondente ao fosso defensivo 1; e na expansão da sondagem 5, por forma a revelar o topo do que parece ser mais uma estrutura de cariz residencial de época Romana Republicana. |
Mariana Nabais e Rui Monge Soares
Fotos: João de Brito Vidigal
Fotos: João de Brito Vidigal
Escola de Verão da cidade de Ammaia 2024 – o Anfiteatro
Decorreu entre 8 e 27 de julho a Escola de Verão da cidade de Ammaia (S. Salvador de Aramenha – Marvão), com a participação de estudantes de Arqueologia da FLUL (Licenciatura e Mestrado). Os trabalhos concentraram-se no anfiteatro, identificado em 2019, especificamente na sua porta lateral, a norte, reconhecida durante os trabalhos de 2023. Este anfiteatro, que é o quinto conhecido na Lusitânia, foi construído nos meados do séc. I, quando a cidade de Ammaia se dotou dos principais edifícios públicos característicos de qualquer cidade romana e terá sido utilizado até ao séc. IV.
Situado fora do perímetro da muralha da cidade, a escavação do anfiteatro permitiu reconhecer a totalidade da sua arena, uma elipse com 54 por 40 metros, delimitada por um muro de alvenaria de 3 metros de altura (podium). Na sua construção, o anfiteatro utilizou uma vertente de colina e poderosos aterros que suportariam as bancadas de madeira. A área escavada revelou-se mais complexa do que se previa. A porta e respectivo acesso foram integralmente escavados na vertente da colina, criando um corredor em curva na comunicação entre a arena e o exterior do edifício. Ambos, corredor e porta, terão sido desactivados em uma data relativamente precoce da utilização do edifício, tendo sido identificada uma sepultura aberta no que anteriormente seria o caminho de acesso à arena. Um cabal esclarecimento desta situação só poderá fazer-se com novos trabalhos na área. |
Os trabalhos realizaram-se no âmbito do projecto internacional financiado pela Fundação “La Caixa” (Promove Regiões Fronteiriças 2019), envolvendo a Fundação Cidade de Ammaia, a Fundación de Estudios Romanos, o Museo Nacional de Arte Romano de Mérida e a UNIARQ / Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com a colaboração da Câmara Municipal de Marvão e o apoio da ADFLUL.
Durante as escavações o anfiteatro foi visitado por quase uma centena de pessoas, que individualmente ou integradas nas visitas guiadas “AMMAIA convida... a visitar o Anfiteatro” (que decorreram nos dias 11, 18 e 25), puderam desfrutar da experiência única de pisar a sua arena, enquanto decorriam os trabalhos de escavação. Nos últimos dias das escavações recebemos ainda a visita do Reitor da Universidade de Lisboa, Prof. Luís Ferreira, do director da FLUL, Prof. Hermenegildo Fernandes, do director do Museu Nacional de Arqueologia, Dr. António Carvalho e da directora da UNIARQ, Prof. Mariana Diniz que puderam inteirar-se dos trabalhos realizados até ao momento e das perspectivas que se abrem para a conservação e valorização deste importante edifício. Pode mesmo dizer-se que em julho, todos os caminhos foram dar à Ammaia. |
Carlos Fabião, Amílcar Guerra e Catarina Viegas
Paisagens Antigas da Tapada de Mafra (PATM). Carta Arqueológica e Caracterização Paleoambiental
O projecto Paisagens Antigas da Tapada de Mafra (PATM) centra-se na Tapada, componente patrimonial do Real Edifício de Mafra, Sítio Cultural inscrito na Lista do Património Mundial pela UNESCO desde 2019. O Real Edifício de Mafra integra uma Palácio, Convento e Basílica edificados sob ordem de D. João V (1717 - 1730) e a Tapada de Mafra constituída em 1747 após a aquisição de muitas parcelas de terra. Desde a edificação de um muro de alvenaria na primeira metade do século XVIII, que a Tapada permanece intacta, com a área de 1.200,47 ha circunscrita por um muro de 22 km.
Com uma vigência plurianual, este Projeto de Investigação Plurianual de Arqueologia é promovido pela Câmara Municipal de Mafra em parceria com as entidades que integram a Unidade de Gestão do Real Edifício de Mafra: Escola das Armas, Tapada Nacional de Mafra, Palácio Nacional de Mafra, Paróquia de Mafra e com a colaboração científica da UNIARQ, Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa. Este projeto será desenvolvido entre 2023 e 2027, prevendo-se que as ações de investigação decorram até 2030. Sob direcção científica de Ana Catarina Sousa (UNIARQ), Marta Miranda (Câmara Municipal de Mafra) e Ana Costa (UNIARQ, Laboratório de Arqueociências e IDL-FCUL), o projecto conta com uma equipa pluridisciplinar. O projeto PATM – Paisagens Antigas da Tapada de Mafra – pretende desenvolver o estudo arqueológico, patrimonial e ambiental da Tapada de Mafra, numa perspetiva interdisciplinar, que conjuga paisagem e ação humana, estruturando-se em dois vetores: Carta Arqueológica e Estudo Paleoambiental. Decorreu mais uma campanha de trabalho de campo, tendo contado com uma equipa de estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento da Faculdade de Letras de Lisboa. O projecto integra ainda o estágio do mestrando Leandro Borges, actualmente em curso na Câmara Municipal de Mafra. |
Na vertente patrimonial, prosseguiu uma campanha de prospecção com o Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Mafra (Marta Miranda e Carlos Costa).
Podemos genericamente dividir a história da ocupação da Tapada, antes e depois da edificação do Palácio Convento. É especialmente interessante a reconstituição da paisagem rural que antecedeu ao processo de constituição da Tapada. Todo o território se manteve integro desde a edificação do muro da Tapada, tendo-se identificado na documentação vários casais medievais e modernos, confirmado no campo e nas materialidades, estudo que conta com a colaboração de Tânia Casimiro (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas). Existem ainda vestígios mais antigos, nomeadamente neolíticos e da Antiguidade Tardia. Da fase coeva, registamos um complexo hidráulico, o qual tem vindo a ser registado, também com o recurso à tecnologia LiDAR, estudo que tem vindo a ser desenvolvido por André Texugo (UNIARQ), Pablo de Oro (Universidade Autónoma de Madrid) e com a colaboração de Sebastião Vieira (mestrando de Arqueologia da FLUL). Finalmente, vários Fortes das Linhas de Torres e Património Histórico-Militar evidenciam o uso militar da Tapada desde inícios do século XIX.
O estudo paleoambiental centrou-se na realização de duas sondagens geotécnicas: uma no Vale da Murgeira (Tapada Militar, Escola das Armas) e outra na Foz do Lizandro, ambas integradas na bacia hidrográfica da Ribeira de Cheleiros / Lizandro. Os estudos contaram com a colaboração de Conceição Freitas (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), que, com Ana Costa, irão desenvolver nos próximos meses o estudo paleoambiental. Finalmente, decorreu na Tapada Nacional de Mafra, no dia 7 de Julho a primeira apresentação do projecto, iniciativa inserida no programa de comemoração da inscrição na Lista de Património Mundial. |
Ana Catarina Sousa
AGENDA
Visita à villa e às escavações
Conhecer Villa Cardílio 2 de Agosto, a partir das 9h Inscrições gratuitas e obrigatórias para [email protected]. |
Participações em Congressos, Colóquios e Conferências
Inauguração da Exposição "Castelo Velho de Safara"
Palestras de Mariana Nabais e Rui Monge Soares 4 de Julho | Museu Municipal de Moura Workshop 'ARQUEZOO: Curso de Introdução à Zooarqueologia"
Participação de Ana Beatriz Santos, Cleia Detry, Maria João Valente, Miguel Rodrigues, Nelson J. Almeida e Simon Davis 8 a 11 de Julho | Faculdade de Letras de Lisboa |
15th Celtic Conference in Classics
«Beyond imposition-spontaneity: the establishment of the imperial cult» Comunicação de Javier Herrera Rando 9 a 12 de Julho | Cardiff (UK) Congresso "Unravelling the Palaeolithic 2024"
Participação de Carlos Filipe Ferreira e Maria Melo 11 e 12 de Julho | York (UK) |
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Direcção: Mariana Diniz, Cleia Detry e Elisa de Sousa
Edição e Textos: Amílcar Guerra, Ana Catarina Sousa, André Pereira, Carlos Fabião, Catarina Viegas, Cleia Detry, Luis Rendeiro, Mariana Nabais, Mariana Diniz e Rui Monge Soares Copyright © 2024 UNIARQ, Todos os direitos reservados. O nosso endereço: Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ) Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Alameda da Universidade 1600-214 Lisboa PORTUGAL [email protected] Siga as nossas actividades também no facebook, twitter, instagram e youtube |