Editorial
Pelo prazer de saber…UNIARQ digital, Arqueologia Pública, responsabilidade social e educação de qualidade
Comemora-se, este mês, o centésimo número da UNIARQ digital, newsletter do Centro de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, ferramenta de comunicação nascida sob direcção de Carlos Fabião, parte dos encargos do Serviço de Publicações coordenado por Ana Catarina Sousa e Elisa Sousa, e desde então proactivamente pensada e organizada por André Pereira, secretário cientifico desta Unidade de investigação que assume na politica de comunicação, interna e externa, do Centro, um papel fundamental.
Ao longo destes mais de 8 anos, ao longo de 100 meses, procurou-se através deste boletim informar, fazer chegar a todos, informação fundamental sobre a vida da UNIARQ e dos seus Investigadores, dos seus projectos e publicações, das temáticas apresentadas em colóquios e congressos, dos trabalhos de campo e de estadias em laboratórios e museus, das nossas edições e dos links para repositórios abertos, dos encontros científicos que organizámos, a promoção ou participação em actividades de divulgação, as provas académicas dos nossos estudantes de doutoramento mas também apresentar as linhas de investigação daqueles que nos visitam, as aulas abertas e conferências que aqui proferiram, os protocolos que promovemos com diferentes instituições com quem partilhamos responsabilidades comuns em torno do património arqueológico. Esta newsletter cumpre assim um objectivo imediato, informar a comunidade UNIARQ, a comunidade arqueológica e todos os que se interessem pelo tema do que está a acontecer. Mas a UNIARQ digital tem outros papeis decisivos, presta contas da nossa acção tornando claro onde é despendido o financiamento que diferentes instituições nos atribuem, e este não é um tópico menor. Mas a UNIARQ digital presta contas num sentido que vai muito para além de uma prática contabilística, a UNIARQ digital presta contas, no quadro alargado da responsabilidade social da Ciência e do Conhecimento que defendemos como atributo decisivo de todos os sistemas científicos. Responsabilidade social entendida aqui como obrigatória partilha do conhecimento que construímos sobre as sociedades do Passado, conhecimento indispensável para perceber, no tempo longo, os desafios do Presente e as possibilidades do Futuro. É desta partilha, uma das dimensões fundamentais da Arqueologia Pública que se participa, na cada vez mais urgente, construção de sociedades do conhecimento, constituída por personagens educadas, no sentido mais amplo do termo, capazes de viver, e de defender, a Democracia.
A UNIARQ digital, como muitas outras iniciativas da UNIARQ, mostra bem que o nosso compromisso com o Objectivo 4 da Agenda 2030 das Nações Unidas – Educação de Qualidade - não é uma retórica de ocasião, mas uma prática diária, neste caso mensal, que pretendemos manter e ampliar, com outras rubricas e outras modalidades de interacção com o público.
Mas agora é também tempo de agradecer, e dar os parabéns, a todos os que têm ao longo destes números contribuído para o sucesso deste boletim. É tempo de agradecer ao nosso secretário científico André Pereira, o entusiasmo com que a cada mês, e assim que se lança um número, re-começa de imediato a construção do seguinte.
É tempo de, mais uma vez, dar os parabéns à UNIARQ digital!
Ao longo destes mais de 8 anos, ao longo de 100 meses, procurou-se através deste boletim informar, fazer chegar a todos, informação fundamental sobre a vida da UNIARQ e dos seus Investigadores, dos seus projectos e publicações, das temáticas apresentadas em colóquios e congressos, dos trabalhos de campo e de estadias em laboratórios e museus, das nossas edições e dos links para repositórios abertos, dos encontros científicos que organizámos, a promoção ou participação em actividades de divulgação, as provas académicas dos nossos estudantes de doutoramento mas também apresentar as linhas de investigação daqueles que nos visitam, as aulas abertas e conferências que aqui proferiram, os protocolos que promovemos com diferentes instituições com quem partilhamos responsabilidades comuns em torno do património arqueológico. Esta newsletter cumpre assim um objectivo imediato, informar a comunidade UNIARQ, a comunidade arqueológica e todos os que se interessem pelo tema do que está a acontecer. Mas a UNIARQ digital tem outros papeis decisivos, presta contas da nossa acção tornando claro onde é despendido o financiamento que diferentes instituições nos atribuem, e este não é um tópico menor. Mas a UNIARQ digital presta contas num sentido que vai muito para além de uma prática contabilística, a UNIARQ digital presta contas, no quadro alargado da responsabilidade social da Ciência e do Conhecimento que defendemos como atributo decisivo de todos os sistemas científicos. Responsabilidade social entendida aqui como obrigatória partilha do conhecimento que construímos sobre as sociedades do Passado, conhecimento indispensável para perceber, no tempo longo, os desafios do Presente e as possibilidades do Futuro. É desta partilha, uma das dimensões fundamentais da Arqueologia Pública que se participa, na cada vez mais urgente, construção de sociedades do conhecimento, constituída por personagens educadas, no sentido mais amplo do termo, capazes de viver, e de defender, a Democracia.
A UNIARQ digital, como muitas outras iniciativas da UNIARQ, mostra bem que o nosso compromisso com o Objectivo 4 da Agenda 2030 das Nações Unidas – Educação de Qualidade - não é uma retórica de ocasião, mas uma prática diária, neste caso mensal, que pretendemos manter e ampliar, com outras rubricas e outras modalidades de interacção com o público.
Mas agora é também tempo de agradecer, e dar os parabéns, a todos os que têm ao longo destes números contribuído para o sucesso deste boletim. É tempo de agradecer ao nosso secretário científico André Pereira, o entusiasmo com que a cada mês, e assim que se lança um número, re-começa de imediato a construção do seguinte.
É tempo de, mais uma vez, dar os parabéns à UNIARQ digital!
- ESPECIAL -
100 números de UNIARQ DIGITAL
100 números de UNIARQ DIGITAL
Percorrendo 100 números
Galeria de Imagens "Parabéns UNIARQ DIGITAL!"
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TESTEMUNHOS
Carlos Fabião (Professor Associado da FLUL e Director da UNIARQ entre 2016 e 2023)

Constitui motivo de satisfação ver chegar ao seu número 100 a newsletter do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ).
Foi em março de 2017 que se iniciou esta publicação mensal, dividida então em quatro blocos - Notícias, Investigação na UNIARQ, Bolsas e outros apoios à investigação, Agenda (numa primeira fase, aberta ao registo de múltiplas iniciativas, depois, circunscrita às actividades do Centro e dos seus membros) -, contudo, somente no Boletim nº 9, de novembro de 2017, entrou a rubrica dedicada aos investigadores visitantes, um apontamento pertinente para dar a conhecer as interacções da Uniarq com outras entidades.
No Boletim nº 37, de março de 2020, celebrando o terceiro aniversário da newsletter, pela primeira vez foram explicitamente referidas as razões da sua publicação, ainda que estas estivessem desde sempre identificadas e assumidas, a saber: porque o Centro tem a responsabilidade que advém da sua condição de instituição pública, por isso se deveria fazer a newsletter e, por fim, mas não no fim, porque no Centro os investigadores gostam de comunicar / contar o que fazem, em diferentes contextos e fora: Colóquios, Congressos, Mesas Redondas, Aulas Abertas, Arqueologia em Construção, etc.; faltava, de facto, uma mais escorreita comunicação com um exterior abstracto, para lá dos círculos académicos e científicos.
No Boletim nº 38, de abril de 2020, confinados por decisão superior, decorrente da pandemia do SarsCov2, publicou-se o primeiro Editorial, um espaço de reflexão e apresentação que, de certo modo, fora já encetado no número anterior. Ali se inaugurou também a primeira “peça do mês”, uma nova rubrica, pensada sobretudo para o público estudantil que nos lê. A extensa variedade já publicada constitui eloquente exemplo da diversidade temática da investigação que se faz na UNIARQ.
Publicado o número 100 da newsletter, há que começar a preparar o próximo, uma vez que este não é nem princípio nem fim, somente um breve instante de celebração.
Foi em março de 2017 que se iniciou esta publicação mensal, dividida então em quatro blocos - Notícias, Investigação na UNIARQ, Bolsas e outros apoios à investigação, Agenda (numa primeira fase, aberta ao registo de múltiplas iniciativas, depois, circunscrita às actividades do Centro e dos seus membros) -, contudo, somente no Boletim nº 9, de novembro de 2017, entrou a rubrica dedicada aos investigadores visitantes, um apontamento pertinente para dar a conhecer as interacções da Uniarq com outras entidades.
No Boletim nº 37, de março de 2020, celebrando o terceiro aniversário da newsletter, pela primeira vez foram explicitamente referidas as razões da sua publicação, ainda que estas estivessem desde sempre identificadas e assumidas, a saber: porque o Centro tem a responsabilidade que advém da sua condição de instituição pública, por isso se deveria fazer a newsletter e, por fim, mas não no fim, porque no Centro os investigadores gostam de comunicar / contar o que fazem, em diferentes contextos e fora: Colóquios, Congressos, Mesas Redondas, Aulas Abertas, Arqueologia em Construção, etc.; faltava, de facto, uma mais escorreita comunicação com um exterior abstracto, para lá dos círculos académicos e científicos.
No Boletim nº 38, de abril de 2020, confinados por decisão superior, decorrente da pandemia do SarsCov2, publicou-se o primeiro Editorial, um espaço de reflexão e apresentação que, de certo modo, fora já encetado no número anterior. Ali se inaugurou também a primeira “peça do mês”, uma nova rubrica, pensada sobretudo para o público estudantil que nos lê. A extensa variedade já publicada constitui eloquente exemplo da diversidade temática da investigação que se faz na UNIARQ.
Publicado o número 100 da newsletter, há que começar a preparar o próximo, uma vez que este não é nem princípio nem fim, somente um breve instante de celebração.
Catarina Viegas (Professora Associada e Subdirectora da FLUL)
Venham mais 100!

Atingimos o #100 da UNIARQ Digital, que nos leva a celebrar tudo o que nos trouxe até aqui, mas também nos obriga a reflectir sobre o futuro.
Folheando as edições anteriores encontramos o essencial da UNIARQ: investigação e construção do conhecimento desde a pré-história à antiguidade tardia, passando pela proto-história e o período romano. Mais recentemente também com abertura a outras cronologias mais recentes e outros territórios. Outro aspecto constante corresponde à utilização de abordagens transdisciplinares com forte peso das arqueociências e de metodologias inovadoras.
Devemos entender que a UNIARQ é algo único e não existe outra unidade de investigação no País, dedicada à Arqueologia, com a intensidade da nossa investigação, nem uma Newsletter com esta periodicidade e em que se dá a conhecer as actividades em curso. Além da investigação, a forte preocupação com a divulgação e comunicação de ciência estão sempre presentes, assim como a crença de que a valorização do património arqueológico tem necessariamente um forte impacto na sociedade e particularmente no desenvolvimento das comunidades locais.
Tudo isto só é possível graças ao trabalho de todos: estudantes, professores e investigadores. Ainda falta muito para cumprir a missão da UNIARQ, mas aqui estamos como parte de uma cadeia para assegurar que no futuro haverá ainda muitas mais Newsletters.
Para começar, venham mais 100!
Folheando as edições anteriores encontramos o essencial da UNIARQ: investigação e construção do conhecimento desde a pré-história à antiguidade tardia, passando pela proto-história e o período romano. Mais recentemente também com abertura a outras cronologias mais recentes e outros territórios. Outro aspecto constante corresponde à utilização de abordagens transdisciplinares com forte peso das arqueociências e de metodologias inovadoras.
Devemos entender que a UNIARQ é algo único e não existe outra unidade de investigação no País, dedicada à Arqueologia, com a intensidade da nossa investigação, nem uma Newsletter com esta periodicidade e em que se dá a conhecer as actividades em curso. Além da investigação, a forte preocupação com a divulgação e comunicação de ciência estão sempre presentes, assim como a crença de que a valorização do património arqueológico tem necessariamente um forte impacto na sociedade e particularmente no desenvolvimento das comunidades locais.
Tudo isto só é possível graças ao trabalho de todos: estudantes, professores e investigadores. Ainda falta muito para cumprir a missão da UNIARQ, mas aqui estamos como parte de uma cadeia para assegurar que no futuro haverá ainda muitas mais Newsletters.
Para começar, venham mais 100!
Ana Catarina Sousa (Vice-directora da Património Cultural, I.P. e Coordenadora da UNIARQ DIGITAL entre 2016 e 2019)
E ASSIM COMEÇOU. 100 números e 9 anos de UNIARQ DIGITAL
Comunicar ciência é uma tarefa exigente. Divulgar a atividade de um Centro de Investigação também.
Em finais de 2016, após ter sido eleita como responsável das edições da UNIARQ, o Professor Carlos Fabião desafiou-nos para pensarmos um modelo para uma primeira publicação periódica de divulgação da atividade da UNIARQ. O processo de reflexão demorou alguns meses – de Novembro de 2016 a Março de 2017. Durante este período de preparação foram muitas as dúvidas: designação da publicação, periodicidade, rúbricas. Estando numa Faculdade de Letras, fugimos do anglicismo “newsletter” e por isso optou-se pela “UNIARQ Digital – Boletim” e assim se mantém cem números depois, já com diferentes direções da UNIARQ e da equipa responsável pelo Boletim. |
Escrita e produzida com uma equipa reduzida, pensamos que seria prudente uma periodicidade mensal que permitisse o cumprimento das datas de lançamento do boletim, o que se tem verificado escrupulosamente no início de cada mês, graças à colaboração de muitos, mas sobretudo pela persistência de André Pereira.
Finalmente, as rubricas. Inicialmente pensámos que seria interessante não apenas a atividade da UNIARQ mas também incluir um repositório da atividade arqueológica nacional e internacional. Desta forma dividimos o Boletim numa parte interna- Noticias e Investigação na UNIARQ - e uma parte geral da atividade arqueológica - oportunidades de financiamento (Bolsas, Projectos e Apoio à Investigação) e Agenda (Congressos, Colóquios e Conferências em Portugal, Exposições, Actividades de Divulgação, Formação). Esta organização apenas durou cinco números, optando-se por concentrar exclusivamente nas atividades da UNIARQ e dos seus investigadores, modalidade que segue até hoje, com importantes contributos mais recentes, como a inclusão de um editorial, inaugurado em plena pandemia (Abril de 2020) ou a intermitente (e pertinente) peça do mês.
Participei ativamente na construção da UNIARQ Digital do nº 1 (2017) ao nº 33 (2019). Mas porque é importante ampliar as vozes e as perspetivas, abandonei a equipa fixa, procurando sempre colaborar através da escrita de artigos e do envio de informações.
Como balanço de 100 números publicados, a UNIARQ Digital converteu-se num meio de comunicação que reflete a diversidade teórica e de práticas dos seus investigadores, com divulgação interna e externa. Mas a “centenária” UNIARQ Digital transformou-se também na crónica deste Centro de Investigação, congregando as múltiplas notícias mensais que vão sendo dadas a conhecer pelas redes sociais.
Finalmente, as rubricas. Inicialmente pensámos que seria interessante não apenas a atividade da UNIARQ mas também incluir um repositório da atividade arqueológica nacional e internacional. Desta forma dividimos o Boletim numa parte interna- Noticias e Investigação na UNIARQ - e uma parte geral da atividade arqueológica - oportunidades de financiamento (Bolsas, Projectos e Apoio à Investigação) e Agenda (Congressos, Colóquios e Conferências em Portugal, Exposições, Actividades de Divulgação, Formação). Esta organização apenas durou cinco números, optando-se por concentrar exclusivamente nas atividades da UNIARQ e dos seus investigadores, modalidade que segue até hoje, com importantes contributos mais recentes, como a inclusão de um editorial, inaugurado em plena pandemia (Abril de 2020) ou a intermitente (e pertinente) peça do mês.
Participei ativamente na construção da UNIARQ Digital do nº 1 (2017) ao nº 33 (2019). Mas porque é importante ampliar as vozes e as perspetivas, abandonei a equipa fixa, procurando sempre colaborar através da escrita de artigos e do envio de informações.
Como balanço de 100 números publicados, a UNIARQ Digital converteu-se num meio de comunicação que reflete a diversidade teórica e de práticas dos seus investigadores, com divulgação interna e externa. Mas a “centenária” UNIARQ Digital transformou-se também na crónica deste Centro de Investigação, congregando as múltiplas notícias mensais que vão sendo dadas a conhecer pelas redes sociais.
António Carvalho (Director do Museu Nacional de Arqueologia e Investigador da UNIARQ desde 1990)

O Museu Nacional de Arqueologia é um parceiro estratégico da UNIARQ e vice-versa.
Esta relação é herdeira de figuras partilhadas, desde 1911, entre a Faculdade de Letras e o MNA.
Actualmente, e desde que em 1979, o MNA e a Faculdade de Letras seguiram distintos caminhos, os diferentes protagonistas que, desde então, tem liderado ambas as instituições têm sabido recriar com imaginação e autonomia um relacionamento próximo.
No MNA, por exemplo, existem hoje técnicos afiliados da UNIARQ, docentes convidados na Faculdade, bolseiros FCT de diferentes programas orientados por docentes de Arqueologia da Faculdade de Letras, investigadores da UNIARQ, que também colaboram em outros projectos do Museu. E ideias e projectos colaborativos para o futuro não faltam a todos.
Esta relação é herdeira de figuras partilhadas, desde 1911, entre a Faculdade de Letras e o MNA.
Actualmente, e desde que em 1979, o MNA e a Faculdade de Letras seguiram distintos caminhos, os diferentes protagonistas que, desde então, tem liderado ambas as instituições têm sabido recriar com imaginação e autonomia um relacionamento próximo.
No MNA, por exemplo, existem hoje técnicos afiliados da UNIARQ, docentes convidados na Faculdade, bolseiros FCT de diferentes programas orientados por docentes de Arqueologia da Faculdade de Letras, investigadores da UNIARQ, que também colaboram em outros projectos do Museu. E ideias e projectos colaborativos para o futuro não faltam a todos.
Quando se vai ao arquivo da UNIARQ consultar o histórico dos boletins https://www.uniarq.net/arquivouniarqdigital.html, a que recorro algumas vezes, percebe-se a imensa vitalidade da parceria estratégica entre o MNA e a UNIARQ nas pessoas, nos projectos, nos sítios arqueológicos e nos bens arqueológicos destacados.
Das muitas colaborações realizadas ao longo do ciclo de 8 anos, e 100 boletins, há um período que me apraz destacar pela disponibilidade colaborativa que demonstrou toda a comunidade da UNIARQ, e muitas outras entidades, para com o MNA, encarado nesse desafio como um representante da Arqueologia portuguesa.
Vivíamos a Pandemia de COVID-19, e em 2020 aceitei o desafio de colegas espanhóis para organizar em Portugal, reprogramando, a exposição "Idolos. Miradas Milenarias" que se tornou a partir de 9 de Abril de 2021, no MNA, em "Ídolos. Olhares Milenares" onde investigadores da UNIARQ, os sítios que escavaram e os objectos que exumaram tiveram especial destaque. Na UNIARQ, todos, sem excepção, responderam positivamente à chamada para colaborar, de diferentes formas, e garantiram o reconhecido sucesso desta exposição e das possibilidades de colaboração que nos trouxe a todos. Desde 2021 que sabemos que executamos um projecto especial, provavelmente o projecto profissional da vida de muitos dos envolvidos: a remodelação integral do Museu Nacional de Arqueologia e a sua reprogramação expositiva no quadro do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR). O MNA vai, estou certo, continuar a contar com a comunidade UNIARQ, assim como de toda a comunidade arqueológica nacional para se concretizar um sonho colectivo e um bem maior. |
NOTÍCIAS
Lançamento do Volume XXVII da Colecção Estudos & Memórias
No passado dia 19 de maio foi lançado o 27.º volume da colecção Estudos & Memórias, com a apresentação da mais recente investigação de José Cardim Ribeiro, intitulada Da Civitas de Felicitas Iulia Olisipo e seu ager e da prática epigráfica, cuja apresentação esteve a cargo de Carlos Fabião.
A obra, publicada em parceria pela UNIARQ – Centro de Arqueologia e pelo Centro de Estudos Clássicos, debruça-se sobre a epigrafia da cidade romana de Lisboa e seu território envolvente, constituindo uma importante síntese sobre o tema. A sessão de lançamento contou com a presença de Catarina Viegas (Subdiretora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), Hélia Silva (Coordenadora do Gabinete de Estudos Olisiponenses), António Marques (Coordenador do Centro de Arqueologia de Lisboa), Mariana Diniz (Diretora da Uniarq) e Catarina Gaspar (Centro de Estudos Clássicos). O volume encontra-se disponível em versão impressa e também em formato digital, com acesso aberto, através do Repositório da Universidade de Lisboa: doi.org/10.51427/10400.5/98974 |
Elisa de Sousa
Maio, mês de provas académicas
É com enorme satisfação que a UNIARQ partilha os recentes sucessos académicos dos seus jovens investigadores.
Durante o passado mês de maio, dois membros do nosso centro obtiveram o grau de doutor pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, ambos distinguidos com a nota máxima: distinção e louvor por unanimidade. O Doutor Luís Gomes apresentou a sua tese intitulada Do Aurignacense ao Gravettense no Sul da Península Ibérica: Continuidade, mudança e variabilidade regional dos sistemas tecnológicos, e a Doutora Ana Olaio defendeu a dissertação sobre A foz do rio Tejo durante o 1º milénio a.n.e. – uma leitura através do povoado da Quinta do Almaraz (Almada, Portugal). Ambos os trabalhos contribuem de forma muito significativa para o conhecimento das dinâmicas culturais pré e proto-históricas das regiões analisadas. Adicionalmente, o Dr. Rafael Lima concluiu com sucesso as provas intermédias do seu projeto de doutoramento, Cultura material, práticas e gestos dos últimos caçadores-recolectores do vale do Sado, demonstrando o potencial da sua investigação em curso. A UNIARQ felicita os novos e futuros doutores, desejando-lhes os maiores êxitos na sua carreira académica e científica, que esperamos venha a continuar a ser desenvolvida no seio da nossa instituição. |
Elisa de Sousa
Albert Ammerman, Valentín Villaverde Bonilla e Ignacio Martín Lerma na FLUL a convite da UNIARQ
Ao longo do mês de Maio, aconteceram, no espaço da Faculdade de Letras de Lisboa, um conjunto de conferências, abertas a todos os interessados, proferidas por Investigadores que no âmbito de estâncias curtas na UNIARQ, desenvolvidas no quadro das redes em que se inscreve o Centro de Arqueologia, aqui apresentam os resultados de projectos de investigação em curso, permitindo assim aos estudantes de Arqueologia da Faculdade de Letras e aos Investigadores da UNIARQ um permanente contacto com o estado da arte em diferentes domínios e temáticas. Foi um privilégio ouvir Albert Ammerman (Istituto Veneto dei Scienze, Lettere ed Arti), sobre "Returning to Giacomo Boni and the origins of the Forum in Rome", Valentín Villaverde Bonilla (Professor Emérito da Universidade de València) sobre «La Colección de Arte Mueble de la Cova de Parpalló» e Ignacio Martín Lerma (Professor da Universidade de Murcia) sobre «Cueva del Arco: una ventana al Paleolítico del Sureste Peninsular», como foi um privilégio discutir perguntas, metodologias e quadros explicativos com estes Investigadores, a quem, vivamente, agradecemos.
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Mariana Diniz
IV Jornadas de Arqueologia da FLUL - um dia de partilha e reflexão

As IV Jornadas de Arqueologia da FLUL decorreram no passado dia 23 de maio, ao longo de todo o dia, no Anfiteatro III. O evento contou com a presença de investigadoras convidadas e com a apresentação de projetos em curso por estudantes do Mestrado em Arqueologia.
Como habitual, a manhã começou com a participação de uma investigadora externa. Desta vez, tivemos o prazer de receber Catarina Furtado, antiga aluna da FLUL, que partilhou a sua experiência na área da arqueologia empresarial. Com mais de 10 anos de trabalho na empresa ERA Arqueologia, Catarina apresentou os principais desafios enfrentados ao longo da sua carreira, ilustrando o seu percurso com diversos casos de estudo em contexto de arqueologia industrial. As suas reflexões sobre a complexa gestão das relações entre equipas de escavação, donos de obra e outros intervenientes revelaram uma perspetiva inovadora, prática e muito realista, que deu origem a uma discussão bastante rica sobre as especificidades da arqueologia em ambiente empresarial.
Seguiu-se a apresentação da Dra. Roxana Curca, investigadora da Faculdade de História da Universidade de Lasi, na Roménia. A investigadora apresentou o seu novo projeto intitulado "Oriental Latinity: An Integrated Perspective (Moesia Superior, Moesia Inferior, Dacia, 1st–3rd Centuries AD)", no qual propõe uma abordagem integrada à presença romana nas províncias balcânicas orientais durante o Alto Império.
Como habitual, a manhã começou com a participação de uma investigadora externa. Desta vez, tivemos o prazer de receber Catarina Furtado, antiga aluna da FLUL, que partilhou a sua experiência na área da arqueologia empresarial. Com mais de 10 anos de trabalho na empresa ERA Arqueologia, Catarina apresentou os principais desafios enfrentados ao longo da sua carreira, ilustrando o seu percurso com diversos casos de estudo em contexto de arqueologia industrial. As suas reflexões sobre a complexa gestão das relações entre equipas de escavação, donos de obra e outros intervenientes revelaram uma perspetiva inovadora, prática e muito realista, que deu origem a uma discussão bastante rica sobre as especificidades da arqueologia em ambiente empresarial.
Seguiu-se a apresentação da Dra. Roxana Curca, investigadora da Faculdade de História da Universidade de Lasi, na Roménia. A investigadora apresentou o seu novo projeto intitulado "Oriental Latinity: An Integrated Perspective (Moesia Superior, Moesia Inferior, Dacia, 1st–3rd Centuries AD)", no qual propõe uma abordagem integrada à presença romana nas províncias balcânicas orientais durante o Alto Império.

Durante a tarde, o foco passou para os projetos em desenvolvimento pelos estudantes do Mestrado em Arqueologia da FLUL, mostrando a diversidade temática e cronológica da investigação em curso:
- Rui do Rosário apresentou o seu estudo sobre as indústrias macrolíticas do povoado fortificado do Zambujal (Torres Vedras), oferecendo novas leituras sobre a funcionalidade e contexto destes materiais.
- Rita Loureiro propôs uma abordagem inovadora ao estudo da cor e da forma dos elementos pétreos de adorno encontrados no vale do Tejo, datados do 4.º e 3.º milénios a.C., refletindo sobre a importância estética e simbólica destes objetos.
- Ana Beatriz Avelar partilhou os primeiros resultados da sua investigação sobre o uso do marfim durante o Calcolítico na Península Ibérica, um tema com grande potencial para compreender redes de circulação e dinâmicas sociais.
- Por fim, Daniela de Sousa apresentou um trabalho que nos transportou para um contexto geográfico menos comum nas jornadas, explorando as dinâmicas de interação da cultura Liangzhu na Pré-história da China, sublinhando a importância de perspectivas globais em Arqueologia.
Cleia Detry
Arqueologia computacional da UNIARQ apresentada em Atenas
A CAA International Conference é evento anual reúne os últimos avanços da investigação em arqueologia computacional.
Este ano, a 52ª edição realizou-se na Universidade da Ática Ocidental, em Atenas, entre os dias 5 e 9 de maio, com o tema Digital Horizons: Embracing heritage in an evolving world. A UNIARQ fez-se representar neste importante encontro científico através de três investigadores que nele partilharam os seus projectos:
É importante salientar que, em algumas discussões informais com colegas portugueses e espanhóis, foi avançada a ideia de criar um capítulo regional ibérico do CAA que integre todos os colegas que realizam investigação neste domínio. Manter-vos-emos informados sobre a evolução desta iniciativa. Stay tuned! |
Daniel Sánchez-Gómez, Miguel Almeida e Mónica Corga
Torres Novas acolhe Field TechDay 2025
Depois do povoado calcolítico de Vila Nova de São Pedro em 2023 e da estação arqueológica da Pedra de Ouro em 2024, como tem sido habitual, no mês de maio de 2025 realizou-se mais uma reunião de investigadores da UNIARQ e alunos da FLUL, fora de portas, com o sentido de partilhar experiências sobre a utilização de equipamentos de campo, auxiliares à prática arqueológica.
Este ano, no dia 15, o cenário escolhido foi em Torres Novas, nas grutas do Sistema Cársico associado à nascente do Rio Almonda e na Villa Romana de Cardílio, tendo como anfitriões os investigadores integrados da UNIARQ e funcionários da autarquia Filipa Rodrigues e Victor Filipe. |
Com o apoio indispensável da Câmara Municipal de Torres Novas, que facultou transporte a partir e com regresso a Lisboa, o dia iniciou-se a partir da nascente do Rio Almonda, subindo o arrife até à Gruta do Pinheiro, passando pela Gruta do Aderno e Brecha das Lascas, onde Filipa Rodrigues explicou aos visitantes as características das cavidades e toda a história de investigação associada. Na Gruta do Pinheiro, Daniel van Calker demonstrou, através da utilização de IPad com LidarScan e de iluminação potente, as potencialidades do registo 3D na configuração da cavidade e no perfil estratigráfico exposto. De volta à nascente, descendo o arrife, houve ainda tempo de entrar na Gruta da Aroeira e visitar o local onde foi identificado o famoso "Crânio Aroeira 3".
O grupo dirigiu-se depois para o Núcleo de Arqueologia de Torres Novas, localizado na Cerca da Vila, onde foi recebido com amabilidade pela vereadora Elvira Sequeira, e visitou a exposição de longa duração "Um rio, um território, uma história humana" e a exposição de curta duração "Arqueologia do Almonda: uma janela sobre meio milhão de anos de história".
A parte da tarde foi dedicada à experimentação de vários equipamentos na Villa Cardílio, onde Victor Filipe dirige campanhas de escavação. Após a explicação sobre o sítio arqueológico e a sua importância por parte do responsável, o grupo assistiu a uma formação básica e breve sobre o funcionamento da estação total, através das explicações de Mónica Corga. De seguida, Daniel van Calker abordou as potencialidades e o rigor do aparelho de GPS diferencial para a georreferenciação precisa. Houve ainda tempo para uma curta demonstração do funcionamento de drone para captação de imagens e vídeos, por parte de André Pereira.
Ainda que de forma pouco aprofundada, o evento Field TechDay faz parte do esforço em curso na UNIARQ para promover uma aprendizagem contínua de novas tecnologias aplicadas à arqueologia de campo, para investigadores e alunos.
Ainda que de forma pouco aprofundada, o evento Field TechDay faz parte do esforço em curso na UNIARQ para promover uma aprendizagem contínua de novas tecnologias aplicadas à arqueologia de campo, para investigadores e alunos.
André Pereira
IV Simpósio Internacional de estudos sobre História, Memória e Arqueologia na Antiguidade (13 a 15 de maio de 2025)
Coube a Carlos Fabião a conferência de abertura do IV Simpósio Internacional de Estudos sobre História, Memória e Arqueologia na Antiguidade, no dia 13 de maio, uma intervenção dedicada ao tema do estudo das cidades romanas, partindo da comparação de duas realidades distintas: Felicitas Iulia Olisipo, uma cidade que nunca deixou de o ser e jaz sob Lisboa, e Ammaia, S. Salvador da Aramenha (Marvão), um sítio arqueológico sem construções modernas sobrepostas, para reflectir sobre os constrangimentos e estratégias de abordagem ao conhecimento destes dois lugares tão diversos entre si.
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Carlos Fabião
INVESTIGAÇÃO NA UNIARQ
CAMPANHAS DE VERÃO
Iniciam-se, em Junho, as campanhas de investigação de campo e de laboratório dos investigadores da UNIARQ, que se prolongarão até ao mês de Setembro.
CAMPO
1. Penascosa (Vila Nova de Foz Côa). Paleolítico. Projecto CÔA3P: Paleogeografia, Paleoclimatologia e Paletnologia do Côa e territórios envolventes. Thierry Aubry e Miguel Almeida
2. Olga Grande 4 (Vila Nova de Foz Côa). Paleolítico. Projecto CÔA3P: Paleogeografia, Paleoclimatologia e Paletnologia do Côa e territórios envolventes. Thierry Aubry e Miguel Almeida
3. Gruta do Aderno (Torres Novas). Paleolítico Inferior. Projecto Arqueologia e evolução dos primeiros humanos na fachada atlântica da Península Ibérica (ARQEVO 2). Henrique Matias, John Willman e João Zilhão
4. Villa Cardílio (Torres Novas). Romano. Projecto Villa Cardílio: a romanização da bacia hidrográfica do Almonda. Victor Filipe
5. Cidade Romana de Ammaia (Marvão). Romano e Antiguidade Tardia. Projecto CRA Ludi. Anfiteatro da cidade romana de Ammaia. Carlos Fabião, Amílcar Guerra e Catarina Viegas
6. Povoado de Vila Nova de São Pedro (Azambuja). Calcolítico. Projecto Vila Nova de São Pedro, de novo no 3º milénio - VNSP3000. Mariana Diniz e César Neves
7. Bacia de Rio Maior (Vila Nova de São Pedro). Projecto MOBlades - Proveniência da matéria-prima das lâminas como indicador da mobilidade humana ao longo do Calcolítico do SW da Península Ibérica. Patrícia Jordão
8. Alto da Vigia (Sintra). Romano e Medieval Islâmico. Projecto Alto da Vigia: Santuário Romano Astral e Ribat de Alconchel. Alexandre Gonçalves;
13. Castelo Velho de Safara (Moura). Calcolítico, Idade do Ferro, Romano Republicano. Projecto FOMEGA II. Mariana Nabais, Margarida Figueiredo e Rui Monge Soares
14. Ciudad de Vascos (Toledo, Espanha). Andalusi (Ss. IX-XI). Projecto Intervenciones arqueológicas en Ciudad de Vascos (2025). Jorge de Juan Ares
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LABORATÓRIO
3. Gruta do Aderno (Torres Novas). Paleolítico Inferior. Projecto Arqueologia e evolução dos primeiros humanos na fachada atlântica da Península Ibérica (ARQEVO 2). Henrique Matias, John Willman e João Zilhão
4. Villa Cardílio (Torres Novas). Romano. Projecto Villa Cardílio: a romanização da bacia hidrográfica do Almonda. Victor Filipe
5. Cidade Romana de Ammaia (Marvão). Romano e Antiguidade Tardia. Projecto CRA Ludi. Anfiteatro da cidade romana de Ammaia. Carlos Fabião, Amílcar Guerra e Catarina Viegas
6. Povoado de Vila Nova de São Pedro (Azambuja). Calcolítico. Projecto Vila Nova de São Pedro, de novo no 3º milénio - VNSP3000. Mariana Diniz e César Neves
7. Bacia de Rio Maior (Vila Nova de São Pedro). Projecto MOBlades - Proveniência da matéria-prima das lâminas como indicador da mobilidade humana ao longo do Calcolítico do SW da Península Ibérica. Patrícia Jordão
8. Alto da Vigia (Sintra). Romano e Medieval Islâmico. Projecto Alto da Vigia: Santuário Romano Astral e Ribat de Alconchel. Alexandre Gonçalves;
9. Laboratório de Processos Costeiros / FCUL. Últimos 500 anos. Projecto ECOFREEDOM - Ecologia da liberdade: Materialidades da escravidão e Pós-Emancipação no Mundo Atlântico. Ana Costa
10. Laboratório de inventário e catalogação de Capambonge Velho / FLUL. Idade da Pedra Inferior e Média. Projecto ARQMEM. João Pedro Cunha-Ribeiro e Paula Nascimento
11. Laboratório Casal Leitão / LARC. Mesolítico Antigo. Projecto Estruturas mesolíticas de Casal Leitão. Ana Cristina Araújo
12. Laboratório Abrigo do Lagar Velho / LARC. Paleolítico Superior. Projecto Testemunho Pendurado do Abrigo do Lagar Velho. Ana Cristina Araújo
14. Ciudad de Vascos (Toledo, Espanha). Andalusi (Ss. IX-XI). Projecto Intervenciones arqueológicas en Ciudad de Vascos (2025). Jorge de Juan Ares
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INVESTIGADOR VISITANTE NA UNIARQ
Roxana-Gabriela Curca (Universidade de Iasi, Roménia)
Esteve na UNIARQ a Professora Roxana-Gabriela Curca, da Universidade de Iasi, Roménia, no âmbito do já longo processo de colaboração interinstitucional das áreas de História Antiga e Arqueologia das Universidades de Lisboa e Iasi.
Na ocasião, houve oportunidade para apresentar, no âmbito das IV Jornadas de Arqueologia, uma exposição sobre o seu projecto de investigação Oriental Latinity: an integrated perspective (Moesia Superior, Moesia Inferior, 1-3 centuries AD), dedicada ao estudo das manifestações epigráficas multilingue desta região das margens do Mar Negro. |
Carlos Fabião
FINANCIAMENTO COMPETITIVO
Projeto PALAEO.WEST.IBERIA aprovado pela FCT
Temos o prazer de anunciar que o projeto “PALAEO.WEST.IBERIA – Padrões de Subsistência e Respostas Adaptativas de Homens Modernos, Neandertais e Pré-Neandertais na Fachada Atlântica da Península Ibérica” foi recentemente financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) no âmbito do concurso de Projetos de IC&DT em Todos os Domínios Científicos.
Sob coordenação de Mariana Nabais e acolhido pelo UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, este projeto irá investigar, com base em escavações arqueológicas e análises laboratoriais avançadas, como diferentes populações humanas enfrentaram desafios ambientais e adaptativos em Portugal central durante o Paleolítico. A equipa irá trabalhar sobre sítios arqueológicos de referência na rede cársica do Almonda e no vale do Nabão — como a Gruta do Aderno, a Gruta da Oliveira, a Gruta do Caldeirão e o Abrigo da Senhora das Lapas — e aplicará uma abordagem multidisciplinar que integra zooarqueologia, antropologia biológica, análise de materiais líticos, estudos isotópicos, morfometria geométrica e microCT. PALAEO.WEST.IBERIA pretende compreender melhor as transições entre o Paleolítico Inferior, Médio e Superior, aprofundando o conhecimento sobre a Evolução Humana na fachada atlântica da Península Ibérica. O projeto inclui uma forte componente de divulgação científica e envolvimento com a comunidade, com iniciativas dirigidas a escolas, museus, autoridades locais e ao público em geral. |
Este financiamento representa um reconhecimento do mérito científico da equipa UNIARQ e seus colaboradores – com destaque para a associação PaleoAlmonda –, além do seu importante contributo para a valorização do património arqueológico nacional.
Mariana Nabais
Epi-Women: The female presence in Paleo-European epigraphic cultures
O estudo da epigrafia relacionada com mulheres em línguas e escritas paleoeuropeias é o objecto do projecto emergente Epi-Women, financiado durante um ano pela Maison des Sciences Humaines de Bordeaux (MSHB), no âmbito do seu programa de mobilidade internacional. A iniciativa conta com a participação de Javier Herrera Rando, da UNIARQ, em colaboração com a professora Coline Ruiz Darasse (Université Bordeaux Montaigne).
O principal objectivo do Epi-Women é realizar uma primeira catalogação tão abrangente quanto possível, incluindo duas categorias de epígrafes. Em primeiro lugar, textos em línguas e escritas paleoeuropeias (isto é, de origem pré-romana, mas frequentemente coexistentes com o latim) que contenham antropónimos femininos. Em segundo lugar, textos paleoeuropeus em objectos cujo uso se associa ao universo feminino, como instrumentos têxteis ou espelhos. Trata-se de uma iniciativa pioneira, na medida em que procura oferecer uma primeira visão de conjunto sistemática sobre esta questão complexa, que implica lidar com um conjunto alargado e heterogéneo de materiais. Pretende-se lançar alguma luz sobre questões como a representação epigráfica, a alfabetização e o uso da escrita em contextos femininos, bem como o papel das mulheres perante as transformações culturais decorrentes da romanização. Trata-se, em todo o caso, da continuação de uma linha de investigação emergente do UNIARQ sobre epigrafia, escrita e mulher no Mediterrâneo Antigo, como demonstra o congresso Women and Writing in the Roman West, realizado em Novembro passado. Entre as actividades previstas contam-se duas estadias na MSHB, a preparação de colaborações científicas com a Universidade de Bordéus-Montaigne e a realização de um workshop sobre o tema. De acordo com o estipulado na convocatória, Epi-Women deverá servir também de plataforma para a candidatura a uma ERC-Starting Grant dedicada à mulher e à escrita no Mediterrâneo Antigo. |
Javier Herrera Rando
PEÇA DO MÊS
Areias do vale do Sado
Proveniência: Vale do Rio Sado, Ribeira da Carrasqueira, Arez
Cronologia: Fotografias A e B – amostra representativa da fração grosseira dos sedimentos depositados entre 8850 e 7450 cal BP. Fotografia C – amostra representativa da fração grosseira do sedimento depositado entre 7450 e 7040 cal BP. Fotografia D – amostra representativa dos sedimentos depositados entre 7040 - 6530 cal BP. Fotografias E e F – amostra representativa da fração grosseira dos sedimentos depositados durante os últimos 4900 anos. Direcção dos trabalhos: Mariana Diniz (FLUL | UNIARQ) e Pablo Arias (Universidade de Cantábria) Descrição: Sedimento da dimensão das areias (fração superior a 63 mm) recolhido em sondagem longa na Ribeira da Carrasqueira, tributário do Rio Sado, junto a Arez, observadas à vista desarmada (Fotografias A, C, E e F) e à lupa binocular (Fotografias B e D). © José Vicente | Agência Calipo. Fotografia A – Grãos de quartzo (maioritariamente hialino), heterométricos, de dimensão fina a média, com presença de conchas e fragmentos de concha de bivalves e macro restos vegetais, observados à vista desarmada. Amostra recolhida a 857 cm abaixo do nível médio do mar. Fotografia B – Carapaças de foraminíferos (parte das quais piritizadas) entre os grãos de quartzo hialino similares aos representados na Fotografia A, observadas à lupa binocular. Amostra recolhida a 777 cm abaixo do nível médio do mar. Fotografia C – Macro restos vegetais piritizados e raros grãos de quartzo hialino, observados à vista desarmada. Amostra recolhida a 677 cm abaixo do nível médio do mar. |
Fotografia D – Macro restos vegetais piritizados, agregados de pirite e raros grãos de quartzo hialino observados à lupa binocular. Amostra recolhida a 277 cm abaixo do nível médio do mar.
Fotografias E e F – Grãos de quartzo, heterométricos a muito heterométricos, alguns com a superfície revestida por óxidos de ferro, observados à vista desarmada. Amostras recolhidas a 168 e 275 cm acima do nível médio do mar.
Figura 1 – LOG interpretativo da sondagem Arez3, com indicação do local de proveniência das amostras representadas nas diversas fotografias.
Fotografias E e F – Grãos de quartzo, heterométricos a muito heterométricos, alguns com a superfície revestida por óxidos de ferro, observados à vista desarmada. Amostras recolhidas a 168 e 275 cm acima do nível médio do mar.
Figura 1 – LOG interpretativo da sondagem Arez3, com indicação do local de proveniência das amostras representadas nas diversas fotografias.
Comentário: A caracterização da fração grosseira de um sedimento é um elemento importante na interpretação do seu ambiente de deposição.
Na sondagem Arez3, realizada junto à foz da Ribeira da Carrasqueira, tributária do Rio Sado, em Arez (Alcácer do Sal), foi descrita a fração grosseira do sedimento em diversas profundidades. Esta caracterização contribuiu para interpretar as condições ambientais em que se depositaram os sedimentos e para compreender como evoluiu a paisagem ao longo de 8500 anos no Vale do Sado. A presença de conchas e fragmentos de concha de gastrópodes e bivalves, assim como a presença de foraminíferos de ambientes estuarinos a marinhos nas amostras mais profundas da sondagem (entre os 1060 e os 666 cm abaixo do nível médio do mar) indicam influência marinha nesta área do Vale do Sado (ca. 50 km a montante da foz) entre os 8550 e 7450 anos. A precipitação de pirite, na forma de agregados ou como revestimento dos macro restos vegetais e dos foraminíferos, indica condições anóxicas, favoráveis à preservação dos materiais orgânicos. A baixa presença de partículas da dimensão das areias e a sua composição, predominantemente macro restos vegetais piritizados, particularmente entre os 440 cm e os 107 cm abaixo do nível médio do mar, sugerem sedimentação em ambiente de baixa energia. Estas seriam as condições ambientais nesta área da Ribeira da Carrasqueira entre os 7450 e 6530 anos. A ocorrência de grãos de quartzo com revestimento de óxidos de ferro nas unidades de topo da sondagem (últimos 4900 anos) aponta para um ambiente oxidante. Além disso, a presença de grãos de quartzo mais heterométricos e sub-angulosos sugere um aumento da influência fluvial do transporte de sedimentos para a foz da ribeira. Local de depósito: Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Departamento de Geologia e IDL, Instituto Dom Luiz |
Bibliografia:
Costa AM, Freitas MC, Jimenéz-González MA, Jiménez-Morillo NT, Dias CB, Val-Péon C, Reicherter K, Fatela F, Araújo AC, Gabriel S, Leira M, Diniz M, Arias P (2022). A multidisciplinary approach to characterise the Early-Middle Holocene palaeoenvironmental evolution of the Sado Valley of Portugal: Implications for late Mesolithic human communities. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology 598, 111015. https://doi.org/10.1016/j.palaeo.2022.111015.
Costa AM, Freitas MC, Jimenéz-González MA, Jiménez-Morillo NT, Dias CB, Val-Péon C, Reicherter K, Fatela F, Araújo AC, Gabriel S, Leira M, Diniz M, Arias P (2022). A multidisciplinary approach to characterise the Early-Middle Holocene palaeoenvironmental evolution of the Sado Valley of Portugal: Implications for late Mesolithic human communities. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology 598, 111015. https://doi.org/10.1016/j.palaeo.2022.111015.
Ana Costa
AGENDA
XVII Doctoral Workshop in Archaeology
Archaeologies of Colonialism: past and present 3 a 6 de junho | Madrid Mais informação AQUI |
III Jornadas Internacionais de Arqueologia
Coisas de Deleite e Fruição Arqueologia dos Prazeres 5 a 8 de junho Cine-Teatro S. João, Palmela Mais informação AQUI |
I Congreso Internacional de Arqueología Digital y gestión del Patrimonio
25 a 27 de junho Universidad de Cádiz Mais informação AQUI |
London Heritages 2025
Critical Questions Contemporary Practice 25 a 27 de junho Universidade de Greenwich Mais informação AQUI |
Participações em Congressos, Colóquios e Conferências
Podcast "Let's Rock - Um podcast da Idade da Pedra"
«Bifaces, Migrações e o Acheulense da Península Ibérica» Entrevista a Carlos Ferreira 2 de maio | Online 52nd CAA International Conference "Digital Horizons: Embracing heritage in an evolving world"
Participação de Daniel Sánchez-Gómez, Luis Luis, Miguel Almeida, Mónica Corga e Thierry Aubry 5 a 9 de maio | Atenas (Grécia) I Encontro Ibérico Arqueologia do Género
Participação de Catarina Costeira, Cristina Gameiro, Elsa Luís, Francisco B. Gomes, Mariana Diniz, Mónica Corga e Sara Simões 12 e 13 de maio | Faculdade de Letras da Universidade do Porto IV Simpósio Internacional de Estudos sobre História, Memória e Arqueologia na Antiguidade
«Felicitas Iulia Olisipo (Lisboa), e Ammaia (S. Salvador da Aramenha, Marvão): duas cidades romanas, dois destinos diferentes» Conferência de abertura de Carlos Fabião 13 de maio | Online 23rd Archéologie & Cobelets Conference "Sea People, Land People. Lifestyles and Networks in Bell Beaker Europe"
Participação de Ana Catarina Sousa, André Texugo, Catarina Costeira, Cátia Delicado, Daniel van Calker e João Luis Cardoso 18 a 21 de maio | Vannes - Carnac, França |
Lançamento do volume 27 da Colecção "Estudos&Memórias"
Apresentação por Carlos Fabião 19 de maio | Faculdade de Letras de Lisboa DIG 2025: Developing International Geoarchaeology
«Micromorphology of the Pleistocene and Holocene sediments from Leba Cave (Angola)» Comunicação de Daniela de Matos 21 a 25 de maio | Tübingen, Alemanha 2nd International Conference on the Emergence of the Neolithic in Europe
Participação de Filipa Rodrigues, João Zilhão, Maurizio Zambaldi e Nelson J. Almeida 22 a 25 de maio | Zadar, Croácia Encontros de Pré-História do Alentejo
Participação de Linda Melo, Nelson J. Almeida e Samuel Melro 24 de maio | Auditório do Museu do Cante, Serpa Conversa com Sócios e Amigos do Centro de Arqueologia de Almada
«Arqueologias Contemporâneas do Mundo Digital» Conferência de Daniel Carvalho 24 de maio | Online (Zoom) II International Workshop MULTIPALEOIBERIA "Population dynamics and cultural adaptations of the last Neandertals and first Modern Humans in inland Iberia: recent advances and new prospects in 2025"
Participação de Cristina Gameiro, João Zilhão, Miguel Almeida e Thierry Aubry 27 a 29 de maio | Alcalá de Henares, Espanha |
Publicações em Acesso Aberto no Repositório da UL
FABIÃO, C., DINIZ, M., CARVALHO, A. F., SILVA, F. P., & VALERA, A. C. (Eds.). (2024). De Gibraltar aos Pirenéus – Megalitismo, Vida e Morte na Fachada Atlântica Peninsular Arqueologia, Património e Turismo. In memoriam João Carlos de Senna-Martinez. Lisboa: UNIARQ/FLUL.
hdl.handle.net/10400.5/95883 |
CARDIM-RIBEIRO, J. (2025) – Da Ciuitas de Felicitas Iulia Olisipo e seu ager e da prática epigráfica. estudos & memórias 27. Lisboa: UNIARQ/CEC/FL‑UL. 192 p.
hdl.handle.net/10400.5/98974 |
Provas Académicas
Tese de Mestrado "Scarlat Lambrino em Portugal: um contributo para a história da arqueologia em Portugal"
por Fábio Rúben Morgado Rodrigues Martinho
20 de junho | 14h30 | Online (Zoom)
por Fábio Rúben Morgado Rodrigues Martinho
20 de junho | 14h30 | Online (Zoom)
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